Quarenta: Golpe

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A minha ideia principal era conseguir conversar com uma das pessoas que eu mais confiava naquele castelo e que eu sabia que podia contar com ela, Rosie. Contudo, Henry me alertou sobre os perigos que eu correria indo até o castelo.

— Eu tenho um contato que poderia servir como nosso pombo correio — Jack se manifestou.

— Quem? — Henry quis saber.

— Um amigo que trabalha na cozinha real. Ele provavelmente estará na Vila do Norte amanhã, fazendo compras na feira. — ele informou.

— Não vão deixar ele chegar perto da minha dama de companhia — suspirei, mas minha mente foi rápida em bolar uma ideia — a não ser que ele entregue a carta para uma das serventes mais próxima da família real — sorrio, pensando em Marta.

— Não será muito arriscado? — Henry pergunta, temendo pela nossa segurança.

O entendo. Se descobrirem, estaremos todos mortos ao amanhecer.

— Foi esta minha criada que me ajudou a fugir do castelo — eu explico o motivo por confiar nela também — mas ainda temos um problema maior — eles me encaram — para falar com o seu contato, teríamos que ir até a vila do Norte que está infestada de guardas.

— Não necessariamente. Eu posso ir em seu nome. — Jack se candidata e logo acrescenta — Se a senhorita permitir, é claro.

— É uma boa ideia. Ninguém sabe do envolvimento do Jack conosco. — Henry incentiva a ideia.

— Você tem certeza, Jack? Estarás se colocando em perigo — o aviso.

— Não será a primeira vez — ele sorri e eu assinto.

Então, escrevi a carta que seria entregue para Rosie, contando apenas o necessário. Eu não coloquei nenhuma informação que poderia nos colocar em risco, caso caísse nas mãos erradas. Disse o quanto estava com saudades, mas confusa por estar sendo caçada. Pedi informações sobre as coisas no castelo e também a disse que poderia confiar na minha criada.

— Diga a ele que peça a criada Marta, em meu nome, para entregar urgentemente e cautelosamente a dama Rosie — entreguei a carta finalizada para Jack.

— Não irei desaponta-la, Alteza — ele me garantiu.

— Eu sei que não — sorri.

— Eu te agradeço, Jack, do fundo do meu coração. Estaríamos perdidos, se não fosse por você — Henry o abraçou.

— É isso o que amigos fazem, eles cuidam uns dos outros — o velho sorriu, pegando suas coisas e saindo da taberna. Ele partiria agora durante a noite para chegar na Vila do Norte pela manhã.

— Que Deus nos ajude — eu disse, observando da janela Jack partir com seu cavalo.

(...)

Tivemos que ficar esperando por notícias durante cinco dias. Nesse meio tempo, eu ocupei minha cabeça cuidando do Henry que ficou melhor dos ferimentos.

— Você está bem? — Henry perguntou quando me viu viajar em meus pensamentos encarando o nada.

— Estou com medo — confessei pela primeira vez em voz alta, o fazendo vir até mim e me abraçar.

— Você pode conversar comigo — ele sussurrou.

— Eu sei — suspirei — É confuso entender como eu passei de noiva para desabrigada e fugitiva dentro de algumas semanas — segurei o colar em meu pescoço e Henry segurou o meu queixo para que eu olhasse em seus olhos.

— Mas ainda sim, você continua a mesma pessoa. Uma pessoa corajosa e determinada. Uma mulher inteligente e forte o bastante para passar por todas essas coisas de cabeça erguida. — ele sorriu sem mostrar os dentes — eu não sei o que está acontecendo no palácio, mas seja lá o que for, eu passarei por tudo isso com você. Eu estarei ao seu lado, Bela, pode ter certeza disto. — ele me assegurou.

Ficamos nos encarando por longos segundos até que ele decidiu acabar com a distância entre nossos rostos. Quando sua boca estava perto o bastante da minha para eu sentir sua respiração, alguém entrou na taberna, nos fazendo nos afastar de imediato.

— Eu não queria atrapalhar. Posso voltar outra hora, se quiserem. — o velho Jack disse com um sorriso sacana no rosto.

— Jack! — gritei e o abracei, tentando esconder a minha vergonha — e então? Deu tudo certo? Por que demorou tanto? — o puxei para sentar em uma mesa, o fazendo esquecer da cena anterior. Henry passou a mão em seu cabelo escuro, desconcertado pelo que acabara de acontecer.

— Eu tive que esperar pela resposta de sua dama de companhia — ele explicou.

— E a obteve? — perguntei com esperanças. Ele sorriu, tirando de dentro de sua camisa uma carta. Eu, praticamente, a arranquei de suas mãos e a abri.

"Querida Princesa Anabela,

Fico feliz e aliviada em saber que estás bem, apesar de tudo que tem lhe acontecido. Devo admitir ter ficado surpresa por sua carta ter chego até os meus aposentos, visto que o castelo está passando por uma mudança brusca interna. Como pedistes, irei te contar o que tem acontecido em sua antiga casa:
Depois de sua partida, tivemos um momento de tensão com o rei da França que ameaçou desistir da aliança e começar uma guerra de imediato. Entretanto, o nosso Rei conseguiu segurar as rédeas mesmo estando abalado com a tua ausência. Um novo acordo foi selado e tua irmã, a Princesa Dulce, é quem ficou em teu lugar como futura esposa e rainha da nossa nação.
Apesar de parecer que tudo tinha entrado nos eixos novamente, teu pai adoeceu. Ele está tão fraco que não levanta da cama e nem sai dos seus aposentos há dias. O problema é que nenhum curandeiro consegue dizer exatamente o que está causando isto. A rainha, que deveria estar no lugar do rei para tomar as decisões necessárias sobre o nosso país, passou esse posto para o rei da França visto que este se candidatou para o serviço. Não culpe sua mãe, ela ficou igualmente abalada com a sua partida e está destruída com a doença repentina do teu pai.
O Rei Luís, por outro lado, parece bastante confortável com o rumo que as coisas estão tomando. Ele é quem tem gerenciado tudo em nome dos seus pais. Quando me dissesses que Louis organizara uma busca por tua cabeça em nome do teu pai, isso confirmou as minhas suspeitas de que o Rei Luís está tramando algo. Ele faz visitas diárias ao teu pai para se certificar de como a doença está progredindo, também demitiu vários funcionários e mudou os guardas do nosso palácio pelos os dele, e vive pregando aos duques que o fato de seu pai estar doente é por culpa tua, Anabela. Ele tem formado alianças com vários nobres e tem fortalecido suas políticas em nossa administração, espalhando o terror e o medo entre nossos servos. O mais estranho disto tudo é a pressa que ele tem em casar o príncipe Benjamin com a tua irmã, ele mudou a data do casamento para o primeiro dia do mês que vem.
Bom, espero ter te ajudado e esclarecido a nossa situação. Imploro para que tenhas cuidado com as pessoas ao teu redor, não se pode mais confiar em ninguém com o Rei Luís Simmons no poder.
Com amor e saudades, Dama Rosie."

— E então? — Henry perguntou curioso.

— Estamos sofrendo um golpe — eu afirmei.

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Perdoem a demora pra postar e não desistam de mim!

Eu prometo tentar postar com mais frequência agora que entrei de férias.

Comentem muito e não esqueçam de favoritar antes de sair. 💛💛

AgainstTempat cerita menjadi hidup. Temukan sekarang