Vinte três: Rio Na Estrada

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Acordo cedo pela manhã.

Fiquei satisfeita ao constatar que eu não precisaria me arriscar tanto para pegar comida na horta, pois vi uma garotinha carregar uma bandeja com pães quentes, recém-saídos do forno.
A segui com cautela, quando ela pôs a bandeja em uma mesa e saiu para buscar o restante da comida, corri até o local e enchi meu vestido com o alimento. Voltei a me esconder antes que fosse pega por alguém.

— Onde está os pães, Amélia? — escuto uma voz grave, porém doce, perguntar a garota.

— Eu juro que os pus na mesa, Henry — escuto a menina, Amélia, responder confusa.

— Peça para mamãe fazer mais, o nosso senhor já está a caminho, regressando de sua caçada — ele apressa a garota.

Os passos ficam distantes e eu espero por alguns segundos. Me certifico de que não há mais ninguém por ali e saio do meu esconderijo, correndo de volta para a árvore em que estou hospedada.

— Olhe, Tempestade, hoje temos pão! — sorrio animada enquanto parto a comida ao meio. Como uma parte e guardo a outra metade para mais tarde. Assim, eu não precisaria voltar a fazenda.

— Um banho me cairia bem, não acha? — pergunto a égua que relincha.

Eu estou imunda e isto está me deixando desconfortável comigo mesma. Não há como tomar banho. Posso buscar água durante a noite, mas teria que fazer duas viagens e isso seria perigosamente arriscado.
Penso por alguns instantes e minha mente me leva ao caminho que trilhei até aqui, eu recordo ter visto um rio perto da estrada.

— O Rio estava a oeste quando caminhamos para o sul, porque foi onde o sol se pôs. Então, estará ao leste se formos em direção ao norte. — faço um pequeno mapa no chão e tento traçar uma rota — Não se preocupe, Tempestade, iremos voltar para cá — converso com ela enquanto ponho sua cela.

(...)

Não demoramos tanto para achar o rio quanto demoramos para achar o caminho que nos levava à ele.

— Vamos logo com isso, já vai escurecer — prendo as rédeas de tempestade em um tronco caído ao chão. Dou um giro em torno de mim mesma para verificar se era seguro me despir ao ar livre, mas ao constatar que estava sozinha, não demorei para tirar todo aquele tecido.

Joguei minha roupa sobre Tempestade e mergulhei rápido no rio. A água gelada fez todo o meu corpo se arrepiar. O que me esquenta são os pequenos raios solares que passam através das nuvens cinzentas. Lembro-me instantaneamente do colar que mamãe me deu e levo minha mão ao pingente.

Me perco em pensamentos, o que será que pensam de mim? Será que estão preocupados ou agora me odeiam demais para isso?

*****
Estão gostando? Se vocês fossem a Anabela, viveriam assim ou voltariam para o castelo?

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