Quarenta e sete: Punição.

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Encarei cada pessoa que estava presente na sala do trono.

Minha mãe chorava discretamente, ainda mantendo a postura de rainha-mãe, e Rosie, ao seu lado, tinha um sorriso orgulhoso no rosto. A corte inglesa, por outro lado, me encarava com olhos predatórios, aguardando a minha primeira anunciação como Rainha da Inglaterra.

Então, quando meus olhos encontraram os de Henry que tinham um brilho de felicidade genuína pela minha conquista, eu soube o que deveria anunciar.

Me levantei com precisão, fazendo todos criarem expectativas.

— Para a minha primeira anunciação, eu quero chamar a minha frente: Henry Rogers — eu disse em alto e bom tom, fazendo todo mundo dar atenção para o garoto que me encarou confuso. Mesmo assim, ele fez o que mandei e se pôs em minha frente. — Ajoelhe-se — eu mandei séria e estendi a mão para um dos guardas que me entregou a minha espada — É com muito prazer e satisfação que nomeio Henry Rogers o novo chefe da guarda real e o meu braço direito — eu anunciei e todos fizeram expressões assustadas — se ele quiser, é claro — eu acrescentei e sorri para ele que estava pálido.

— Será uma honra, Majestade — ele, surpreso, se curvou com um sorriso.

— Então, eu o declaro novo chefe da guarda real — eu pousei a espada em seu ombro esquerdo — e o braço direito de sua rainha — eu pousei a espada em seu ombro direito e a tirei de lá — Seja bem-vindo à corte, Senhor Rogers — eu o cumprimentei e as pessoas aplaudiram.

— Senhora? — um homem chamou e eu me virei para encará-lo — Se me permite dizer, eu sou...— ele tratou de se corrigir — eu era o chefe da guarda real. E não é certo, muito menos sábio, colocar um homem camponês despreparado em meu cargo. — ele comentou, demostrando sua irritação.

O que levou as pessoas a começarem a murmurar em concordância. Fiz um sinal com a mão e todos se calaram em respeito.

— Henry pode não ter sangue nobre e ser pobre, mas fez muito pelo seu país e  por sua rainha, portanto, ele está mais do que preparado para o cargo! — eu comecei a dizer — além disso, agora será assim. Vocês querem um cargo importante na corte? Façam por onde merecer. Não dou a mínima se você é filho de alguém importante ou se tem mil propriedades. A partir de hoje, todos os cargos da corte estarão disponíveis para quem mostrar real serventia — todos se assustaram novamente — estamos entendidos? — olhei para o homem que me abordou.

— Sim, Vossa Majestade — ele disse com a voz mansa e recuou alguns passos de cabeça baixa.

(...)

Segui para o último andar do palácio com a minha família e o Henry atrás de mim. Quando pisei no extenso corredor que brilhava por causa das cerâmicas e dos artefatos banhados a ouro, os criados trataram de abrir as portas que davam passagem para uma sacada gigantesca, que era usada para discursos e coisas abertas ao público. Dois guardas reais tocaram cornetas para anunciar a minha presença.

Então, assim que me aproximei do parapeito, o povo inglês, que me aguardava ansioso, gritou e comemorou em alegria. Eu acenei levemente com a mão direita e com um sorriso sincero, porém nervoso, no rosto. As bandeiras da Inglaterra estavam estendidas por todas as janelas do palácio, dando um ar de nacionalidade a situação.

— Meu povo! — eu chamei e aos poucos todos se calaram — Hoje, trarei a vocês a justiça pelas vidas que perdemos na batalha! Trarei a vocês a justiça por terem tentando roubar o nosso lar! — eu praticamente gritei para que todos me escutassem com perfeição e eles levantaram seus braços em comemoração — que entrem os culpados! — eu mandei aos guardas.

Pela porta, passou a família real francesa e seus nobres, onde todos tinham seus pulsos presos à uma pesada corrente de ferro que ia até os seus pés.

— Rainha Katherine — eu a encarei — Príncipe Benjamim — os cumprimentei com um acenar de cabeça e a rainha cuspiu no chão em desrespeito — quanta classe! — eu debochei.

— Você matou o meu marido! — ela disse entredentes com a raiva transbordando por seus olhos.

— O rei Luís teve o que mereceu — eu disse cortante e fria — mas não se preocupe, se vocês saírem daqui vivos, eu mando a cabeça decapitada de seu ente querido para o seu país — sorri com sua expressão de horror e me virei para o público que assistia tudo sem entender muito bem por não conseguirem escutar a nossa conversa — As vidas destas pessoas estão nas mãos de vocês. Então me diga, Inglaterra, como devo puni-los por seus crimes? — perguntei ao povo que começou a sugerir diversas formas de punição. A que eu mais escutava era a morte por decapitação. Outros sugeriram a fogueira, empalhamento ou o balcão da tortura - onde as vítimas tinham seus braços e suas pernas puxadas até soltarem de seus corpos -. Com isso, percebi que eles queriam que a França sofresse como seus parentes, que foram para a guerra, sofreram.

Então, em minha mente houve uma retrospectiva de tudo o que passei. Desde o momento em que fugi do castelo, passando fome até quando fui estuprada por homens sujos. Eu sofri muito e durante muito tempo, sendo assim, a morte seria algo bom demais para eles. E o príncipe Benjamim, por mais que tenha sua parcela de culpa, não compactuou com os planos dos pais. E foi pensando assim que tomei a minha decisão.

Levantei a minha mão direita e o povo se calou novamente. Virei-me para as pessoas que me olhavam apavoradas e irritadas.

— Vocês não fazem ideia da metade das coisas que me fizeram passar ao deixarem aquele maníaco no poder — eu disse com rancor — Vocês são tão culpados quanto ele, mas não vão morrer — eu os tranquilizei — Por tudo o que a Inglaterra passou durante o golpe, eu sentencio a França a uma dívida que durará por cinco gerações depois da minha! — eu anunciei ao povo — Terão que nos dar metade de tudo o que produzirem e de todas as suas exportações. Terão que pagar uma multa anual em barras de ouro. Terão que dar um terço de suas terras. Seus aliados são meus aliados agora e estarão sempre disponíveis para ajudar qualquer dificuldade que a Inglaterra enfrentar. — eu decretei — Está bom para vocês, Inglaterra? — eu perguntei ao povo que gritou novamente e comemorou — Príncipe Benjamim, quando retornares para sua terra, espero que mantenha o nosso acordo e que possamos ter uma relação pacífica. Não hesitarei em invadir o seu país, como seu pai invadiu o meu, caso você quebre o nosso tratado — o ameacei — estamos entendidos?

— Sim, Vossa Alteza — ele abaixou sua cabeça em respeito.

— Ótimo! — eu me virei novamente para o público — A partir de hoje, a Inglaterra desconhecerá a palavra fome e miséria. Enquanto eu estiver no poder, garantirei que o meu povo esteja a salvo e em segurança. Visando isto, eu declaro que todas mulheres de meu reino, se quiserem, também poderão entrar para o exército. E, o mais importante, sintam-se a vontade para vestirem o que quiserem. — dito isso, eu arranquei a saia de meu vestido, revelando a calça de couro que eu usava por baixo. Os nobres atrás de mim quase desmaiaram com a minha astúcia, assim como alguns homens. — Não se intimidem, rapazes, somos todos iguais! — eu brinquei e os cumprimentei usando a minha coroa, como um cavalheiro com seu chapéu. O público gargalhou, assim como mamãe, Jade, Rosie e Henry.

— Vida longa a Rainha Anabela! — um homem alto e barbudo gritou no meio da multidão, que o acompanhou.

— VIVA! — eles gritaram e eu sorri.

Agora eu sabia, esse é o meu lugar.

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Eu tô aaaaaaaa com essa capa (a propósito, vocês gostaram?) e com esse capítulo.

Tem leitora que não sabia que a Bela era ruiva e eu tô gritando, porque o cabelo dela é castanho puxado pro ruivo.

Vai ter Rainha Anabela feminista  e justa sim!

Crianças, se preparem, porque provavelmente este é o PENÚLTIMO CAPÍTULO, o que significa que estamos bem perto do fim.

Comentem muito e favoritem! ❤️

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