Acordo com os galos cantando logo cedo. Levanto da cama sentindo todos os meus ossos reclamarem da posição e na cama em que dormi. Olho ao redor para ter certeza de que tudo isto não havia passado de um sonho.
Ajeito a cama, apesar de não ter muito o que arrumar. Pego a minha trouxa e saio do quarto, sentindo minha barriga reclamar pela fome. Vejo que nem mesmo o velho de ontem à noite estava acordado. Logo presumo que o mesmo não se preocupava com o bem-estar de seus hóspedes.
Reviro os olhos e saio dali, pegando Tempestade para rondar pela vila. Eu precisava achar alguma feira ou passaria fome, visto que dei a última maçã ontem para Tempestade.
Vejo uma mulher carregar pedaços de madeira para por sua barraca de pé.
— Bom dia, precisa de ajuda? — sorrio para mulher que me encara com uma sobrancelha arqueada. Ela parece tentar descobrir minhas intenções.
— Não, obrigada — resmunga. Tiro meu sorriso do rosto e a observo voltar ao trabalho. Ela tenta segurar dois tecidos para cobrir onde ficaria, mas acaba por escorregar em um deles e fazer toda a sua estrutura cair.
— Deixe-me te ajudar — tento novamente e ela assente derrotada.
— Estou logo avisando de que não tenho como lhe dar comida de graça — resmunga estendendo o tecido para mim que o apoio em uma das madeiras. Seguro a madeira central da estrutura para que ela ponha duas pedras em sua volta como apoio.
— Eu não iria pedir sua comida de graça — limpo minhas mãos dando palmadas na barra da saia.
— Então, o que quer? — pergunta ajeitando os alimentos sobre a enorme tábua de madeira.
— Comida, mas...— pego de minha trouxa duas moedas — eu irei pagar por ela — concluo e ela sorri. Pego cereais e a pago.
— Leve estas frutas como agradecimento de minha parte. Afinal, ninguém irá comprá-las mesmo. A senhorita tem sorte de ter dinheiro, muito de nós não o vemos há um bom tempo. — me dá algumas maçãs e cerejas em um pano. Sorrio como agradecimento e os junto com os cereais dentro da trouxa.
— Adeus — aceno para ela que sorri. Puxo Tempestade por suas rédeas. Tiro uma maçã de dentro da trouxa e dou para que o animal coma. Para mim, pego um pouco de cereal e encho a minha boca. Não é como os do castelo, mas não é tão ruim.
Andamos por alguns minutos, até passarmos por um beco e sermos surpreendidas por dois homens.
Eles sorriem maldosamente.— Droga — xingo baixo e tento dar a volta com Tempestade, mas um homem está atrás de nós. Nos empatando de sair dali.
— Vai à algum lugar, querida? — ele pergunta mascando algo. Olho para os outros dois homens e percebo suas intenções.
— Por favor, me deixem ir. Meu pai está doente e...— um deles me interrompe com um tapa. O mesmo foi forte o bastante para me desequilibrar e me fazer cair de joelhos. Repreendo a vontade de chorar.
— O que temos aqui? — o outro pergunta para si mesmo enquanto abre a minha trouxa. Ele tira de lá as moedas e toda a minha comida.
— Não é todo dia que temos uma pessoa rica na cidade — o outro debocha.
— A Adeline adoraria ter mais uma garota para o seu bordel — o primeiro analisa.
— Levem tudo que quiserem, mas não me machuquem — peço entre lágrimas. Eu não conseguia as segurar.
— Vamos embora, a guarda real está na vila — um quarto homem aparece e os avisa. Os mesmos parecem ter escutado o nome do demônio, pois saem correndo no mesmo instante.
Não tenho uma reação muito diferente da deles. Eu sabia que depois de ter sido assaltada e ter tido a experiência traumática dentro daquela pensão, eu deveria desistir. Acontece que não vou. Eu não quero voltar para o palácio e ter que assumir compromissos para poder usar uma coroa. Eu não quero entrar no caminho do romance da minha irmã. Eu não quero e eu não vou.
Enxugo as lágrimas com as mangas de meu vestido e me levanto o mais rápido que consigo. Vejo que deixaram cair uma moeda, então a pego. Monto na Tempestade e trato de sair o mais rápido possível dessa vila.
*****
Estou tentando escrever capítulos maiores e continuar na programação de postar um capítulo à cada três dias.
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Against
Fantasy➸ Sinopse: Durante o século XV nas terras europeias, o reino inglês se destacou entre os outros quando uma pequena garota causou uma rebelião por causa da coroa. Anabela Williams, prestes a completar seus dezoito anos, decidiu que não queria s...