Quarenta e quatro: Morte.

752 117 29
                                    

Segui pelo corredor que ligava a igreja ao palácio, sentindo meu coração pulsar fortemente. Eu podia ver daqui a batalha acontecendo no campo, eram centenas de homens e cadáveres.

Ao pisar dentro do castelo, a sensação de familiaridade me atingiu. Tudo estava do mesmo jeito que eu me lembrava, mas também estava silencioso, o que não era típico da minha casa. O maldito do rei Luís estava fazendo um jogo comigo, ele queria que eu fosse atrás dele enquanto ele se escondia, como um predador e sua presa.

Caminhei rapidamente entre os corredores, fazendo minha primeira parada na cozinha que abrigava a maioria dos empregados que me olharam apavorados.

— Onde? — eu perguntei a direção que o rei havia seguido e todos eles apontaram para o mesmo local — quando eu sair daqui, se tranquem e permaneçam escondidos até escutarem o soar da trombeta — eu ordenei em um sussurro e eles assentiram.

A trombeta era tocada em uma guerra quando o líder de um dos lados morria ou se rendia, e fazia com que todos os guerreiros parassem de lutar em vão, pois um lado já tinha a vitória.

— Boa sorte, Alteza — um criado desejou e eu sorri para ele, seguindo para fora dali.

A minha próxima parada foi na sala do trono, onde encontrei um rastro de sangue que me levou até o grande salão. Ao abrir as portas do local, fui surpreendida por uma lança metalizada jogada em minha direção que, graças ao meu reflexo, não atingiu nada além do meu braço, deixando nele um corte.

— Bem-vinda de volta ao lar, princesa — o rei Luís me cumprimentou debochadamente.

Ele estava no centro do salão de festa, onde realizamos nossos bailes.

— Desista agora, Luís, e eu terei misericórdia de você — eu disse enquanto descia os pequenos degraus ao seu encontro.

— Um Rei nunca desiste — ele disse entredentes e eu parei somente à alguns passos dele.

— Então vamos acabar logo com isso — eu pedi, rodando a espada na minha mão para a posicionar de uma forma melhor e me preparei.

Sem delongas, ele gritou e avançou em minha direção. Ele me atacou com a sua espada e eu me defendi usando a minha. O som dos metais se chocando ecoava por todo o local e fazia companhia aos gritos dos soldados que lutavam do lado de fora. O braço que havia sido arranhado era justamente o que eu segurava a espada e isso dava um pouco de vantagem para ele. Eu precisava igualar a luta e por isso fiz um corte em uma das suas pernas.

O meu golpe fez o rei gargalhar. Uma gargalhada cruel que estava carregada de ódio.

— Sabe, Anabela, você é forte. Não tanto quanto eu, é claro, mas mais forte do que o idiota do seu pai. Quer dizer, aquele papo pacifista dele sobre fazer alianças e juntar os países, só mostrou o quão fraco ele é. Não é atoa que ele está em cima de uma cama, morrendo. — sua provocação surtiu efeito, pois me fez partir para cima dele com mais raiva do que antes.

— Não. Fala. Do. Meu. Pai. — eu disse pausadamente a medida que tentava lhe acertar com a minha espada a qualquer custo.

A minha raiva me fez parar de pensar na hora de golpear e o Rei Luís se aproveitou disso, pois em um golpe que eu dei de maneira errada, ele conseguiu me desarmar.

Então, eu tentei me aproximar dele para lhe desarmar também, exatamente como eu tinha feito com um dos guardas. Mas quando cheguei perto o suficiente para conseguir lhe acertar em cheio, ele fez um corte na parte lateral e inferior do meu tronco. Sem tempo para sentir a dor, eu me joguei sobre ele e abracei a sua cintura, o fazendo cair para trás e derrubar a espada longe.

— O meu pai é um homem honrável! — eu disse com convicção quando consegui me manter por cima dele e acertei seu rosto com socos. Porém, ele conseguiu me derrubar e nós dois rolamos pelo chão, até que ele conseguiu me imobilizar e ficar por cima.

— Um homem tão honrável que criou uma família desestruturada: uma esposa que não sabe comandar um reino sozinha, uma filha que não lidou com as responsabilidades de ser uma futura rainha, outra filha idiota que se casou com o primeiro homem que lhe deu atenção e uma terceira filha que não serve para nada — debochou com um sorriso nos lábios.

— Não fale da minha família, seu desgraçado! — eu praticamente rosnei e tentei me soltar, mas ele me prendeu com mais força.

— Anabela, para que toda essa raiva? Você nem tem capacidade pra assumir uma coroa, então eu estarei assumindo esse fardo por você — ele disse cínico.

— Eu vou matar você! — eu o garanti e ele gargalhou de novo.

— Não, não vai, porque sou eu quem vai matar você — ele disse e puxou do cós da calça uma faca — você prefere uma morte rápida ou lenta?

— Me responde você — eu disse com um sorriso e sua expressão se tornou confusa. Enquanto ele fazia sua ameaça e se distraía com sua faca, eu consegui alcançar uma das espadas com as pontas do dedo e a tinha em minhas mãos. Quando ele notou isso, eu atravessei o metal na sua barriga sem dar tempo dele reagir. Ele arregalou os olhos e eu tirei a espada de dentro dele. O chutei no meio das pernas para que ele saísse de cima de mim e ele caiu ao meu lado, arfando de dor. Me levantei e precisei pressionar com a mão livre no meu quadril que sangrava.

— Olhe bem para o meu rosto, seu miserável, porque será a última coisa que você verá antes que a futura rainha da Inglaterra tire a sua vida! — eu disse e levantei a espada. Ele cuspiu em minha direção em sinal de desrespeito. — Espero que você queime no inferno — foi a última coisa que lhe disse antes de acertar a espada no seu coração.

(...)

Caminhei de volta pelos corredores, sentindo as feridas arderem. Quando finalmente cheguei nos portões do palácio, eu os empurrei com o último resquício de força que tinha dentro de mim. O soldado quando me viu, tocou a trombeta, fazendo todos os outros pararem de lutar e olharem em minha direção.

— França! — eu gritei em alto e bom tom — Eis aqui o seu rei — eu levantei, com um sorriso triunfante, a cabeça do Rei Luís que eu havia recém-decapitado.

Então, todos os soldados e camponeses se ajoelharam e baixaram suas cabeças em respeito à mim.

Um deles se levantou e gritou:

— Viva a futura rainha da Inglaterra!

— Viva! — todos os outros gritaram, lhe acompanhando.

***********************************
Anabela, pisa menos! Eu te imploro!

Então, talvez o próximo capítulo demore mais um pouco porque estamos na reta final, por isso, tenham paciência comigo, ok?

Ops! Esta imagem não segue nossas diretrizes de conteúdo. Para continuar a publicação, tente removê-la ou carregar outra.

Então, talvez o próximo capítulo demore mais um pouco porque estamos na reta final, por isso, tenham paciência comigo, ok?

Enquanto o novo capítulo não chega, vocês podem ler a nova história que eu estou postando que se chama Ninka Baker e Os Recrutas.

AgainstOnde histórias criam vida. Descubra agora