Resgate

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Meu coração bateu descompassado por alguns segundos quando a vi. Natalie estava entre as garotas da fraternidade, como sempre. Ela usava um vestido preto extremamente justo e com um decote discreto. Equilibrava-se num par de saltos e os cabelos dourados estavam esvoaçantes como uma ninfa saída do Paraíso.

De repente a voz de Samantha veio à minha cabeça como uma assombração e eu me lembrei do que ela disse: "É você quem precisa fazer a garota desviar o olhar e saber que ela fez isso porque ficou tímida na sua presença."

Era difícil fazer isso com a Natalie, ela pisava nos outros só com o olhar. Eu a adorava sem nem ter conversado mais de dois minutos com ela, mas já ter sido uma de suas vítimas só me deixava ainda mais nervoso. Contudo, como a própria caipira disse, eu era um novo Steven com uma nova atitude e isso precisava ser um ponto positivo. Eu precisava ter confiança em mim mesmo.

O lugar estava cheio de gente e a música estava bem alta. Natalie e as amigas estavam mais para o fundo e eu fui devagar até a parte mais calma, onde a música não atrapalhava tanto. Eu precisava de algo para começar a conversa, para chegar até ela, mas não poderia começar perguntando se ela vira o Sr. Jones como fiz com Samantha e a outra garota no campus.

Natalie era a prova final, não o teste de Samantha.

Andei conversando com Brad, meu melhor amigo e ímã de mulheres. Ele era mil vezes mais atrevido e inconveniente do que eu, mas apesar de tudo, eu não tentaria agir como ele. Ele fica com uma garota hoje e amanhã não lembra o nome dela, com isso, construiu uma lista gigantesca de garotas que esperam sua ligação no dia seguinte.

Eu não queria uma lista, só queria uma garota: Natalie.

Observei Natalie por meses e só agora eu estava perto de falar com ela de verdade. Meu amor platônico já havia durado tempo demais para que eu desistisse. Depois de pensar muito, fui até a enorme cozinha onde havia um grupo de garotas da GPU e falei com a que estava na ponta, minha rainha, Natalie.

- Oi, é aqui que ficam as bebidas? - perguntei a ela, que olhou para mim e depois parou um tempo me observando.

Acho que ganhei um ponto. Ou era cedo demais para pensar que a mudança de visual havia surtido efeito?

- Sim, ali. - ela apontou o bar no canto onde havia mais gente em volta.

- Ah, está tão cheio agora. - lembrei mais uma vez do que Samantha me disse:

"Fale sobre qualquer coisa".

- É verdade, mas daqui a pouco eles liberam. - ela sorriu de canto.

A mesma Natalie que me maltratou no outro dia sorriu para mim. Pode ter sido só um sorrisinho de canto, mas foi um sorriso. Avancei cinco casas no tabuleiro "Conquiste Natalie Jackson, a Rainha da NYU". Aquilo estava funcionando.

Sorri de volta e então ousei em perguntar:

- Posso pegar uma para você? - apontei suas mãos vazias.

Outra dica de Samantha, não olhar para o decote nem focar em alguma parte específica do corpo, mas notar algo que seja dentro da normalidade.

- Seria muito gentil da sua parte... - Natalie semicerrou os olhos de esmeralda brilhantes e eu entendi que ela queria saber meu nome.

"Avance mais três casas no tabuleiro, Steven"

- Steven. - me apresentei com um sorriso e estendi minha mão, sendo educado e cauteloso.

Até então tudo ia bem e eu não podia estragar tentando beijá-la no rosto e sem querer querendo beijar sua boca.

- Você é calouro, Steven? Nunca te vi por aqui. - ela perguntou e o simples fato de já estarmos ali conversando me fazia flutuar.

O AcordoOnde as histórias ganham vida. Descobre agora