Depois da fama

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Oito meses depois

Samantha


Não sei por que pensei que não precisaria dos óculos escuros quando saísse do carro. Robert e todos da equipe me disseram que eu teria que usá-los com frequência agora, mas não acreditei. Eu era mesmo tão popular assim? Em tão pouco tempo?

Sim, era.

Quatro meses antes, quando meus vídeos no canal oficial da LS Records já eram populares, e quando minha agenda ficou cheia de entrevistas de rádio e alguns programas de pequeno alcance na TV, viajei até Mullins, finalmente. Minha mãe e meu irmão já haviam vindo até Nova York e passamos momentos perfeitos juntos. Eu e minha mãe choramos juntas até secarmos o estoque de lágrimas.

Não sei quem pediu mais desculpas, mas talvez tenha sido eu. Apesar de estar magoada e ressentida, não deveria ter falado com ela daquele jeito no dia do funeral do meu pai. Mas ela também se desculpou pelos anos de pressão sobre mim acerca da carreira de advogada. Pela primeira vez vi minha mãe de verdade por quem ela era e só isso já era motivo para chorar.

Nesse dia escrevi sobre isso e consegui transformar tudo em versos, mas guardei comigo e não mostrei a ninguém.

Ela e Jack voltaram para Mullins com uma mala inteira só de souvenirs da cidade e eu não pude rir mais daquilo. Meu irmão não queria voltar, mas disse que se mudar de Mullins agora era uma prioridade em sua vida. Isso também teve algo a ver com um cara que ele conheceu na Times Square, quando fomos apenas nós dois visitar minha parte preferida da cidade.

Estávamos tentando tirar uma foto decente e ele simplesmente não conseguia posicionar o celular corretamente. E é claro que perdi a paciência.

- Minha nossa, Jack, seu braço é torto ou o quê?

- Ah, Samantha, cala boca. Por que você não tira a foto então? - ele se afastou e revirou os olhos para mim.

Éramos assim o tempo todo.

- Cala boca você, não sou eu quem quer tirar foto de tudo o que vê. - dei de ombros e ele ficou bufando.

- Querem ajuda com a foto?

Viramos os dois de imediato e um homem alto e de cabelo raspado estava bem na nossa frente. Ele era tão estiloso que me senti como uma caipira qualquer que se impressiona com tudo, até com os moradores da cidade grande, mesmo já estando acostumada com eles.

Notei Jack embasbacado com o homem, era engraçado. Ele era alto e tinha ombros largos, mas não um porte atlético. Pelo menos não era possível ver com as roupas de frio que vestia. Seu rosto era impressionante, sua pele era de um bronzeado de quem mora na praia, seu maxilar era perfeitamente definido e uma barba fina e clara cobria seu rosto. Os olhos dele tinham uma cor amendoada que, junto com o sorriso, pareciam perfeitamente escolhidos para compor seu belo rosto.

Olha só, até eu estava embasbacada com o sujeito.

- Se conseguir consertar o braço do meu irmão, acho que ele vai conseguir tirar uma foto decente. - comentei e o moço deu risada, mas recebi um forte tapa no braço.

- Não liga pra ela, é idiota desde que nasceu. Ela caiu da cama muitas vezes, sabe?

- Meu nome é Lawrence. - ele sorriu com aqueles dentes perfeitos e estendeu a mão ao meu irmão. Eu queria rir com aquilo tudo.

- Jack Walker. - ele estendeu a mão de volta, mas chacoalhou a cabeça, desconcertado, e falou de novo: - Só uma caipira se apresenta formalmente assim, não é?

O AcordoOnde as histórias ganham vida. Descobre agora