Samantha e Steven

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Eu me sentia ridículo e envergonhado. As dores haviam passado, mas a palidez de Samantha e o jeito com que seus olhos corriam por mim como se checando se eu estava mesmo bem me incomodavam. Era óbvio que estava preocupada comigo e eu me sentia um completo idiota por tê-la feito passar por esse papelão.

E o pior de tudo era não poder falar. Eu estava mais uma vez com o maldito respirador, mas tudo por culpa exclusivamente minha. Fiquei tão desesperado em contar a verdade que me sufocava e deixei tudo me anestesiar. E então minha cicatriz abriu com todo o esforço que fiz para respirar fundo incontáveis vezes e controlar a respiração o tempo todo. Terminei afogado em dor e sangrando.

Não era difícil aproveitar a onda de calma livre de dores e o calor confortável que recebia só com o olhar de Samantha e com sua mão agarrada a minha. Ela acabou cedendo ao cansaço e se sentou na cadeira, e quando acordei no meio da noite vi que ainda estava lá, dormindo.

Meu desejo era poder acelerar o tempo para o dia em que eu já estivesse curado só para não precisar mais me desgrudar dela. Envolvê-la num abraço apertado e ouvi-la cantar pertinho do meu ouvido antes de nos perdermos entre beijos.

Quando acordei pela segunda vez ela já não estava mais ao meu lado. A enfermeira veio depois e então o médico. Não pude deixar de me desesperar imaginando que meu pai já soubesse da minha estadia no hospital, mas o doutor disse que não havia avisado, já que eu estava acompanhado da minha namorada.

Eu queria rir daquilo. O fato de ele entender que Samantha era minha namorada sem nenhum de nós dois ter dito isso era fantástico. Quando fiquei sozinho no quarto de novo imaginei quando ela voltaria e quando poderíamos conversar sobre isso.

*

Três semanas e as férias de verão começariam. Eu mal podia esperar. Meus planos eram incontáveis, mas dependiam dos dela. Samantha estaria estupidamente ocupada, eu podia ter certeza. Depois de conversar com Andrew Morton, produtor executivo da LS Records, era quase possível afirmar que eles iriam trabalhar com ela durante todo o verão. E de alguma forma eu sabia que ela aceitaria.

Eu estava nas nuvens desde o dia que verdade sobre o que sentia por ela veio à tona, e que descobrimos sobre a festa. Sobre eu ter sido o garoto que ela beijou e ela ter sido a garota com quem sonhei conhecer. Tudo parecia certo agora.

Exceto uma coisa.

Eu ainda não havia contado toda a verdade, e meu pai estava prestes a voltar à cidade. Em três dias ele estaria em casa e a primeira reunião em sua agenda era provavelmente com Samantha. Eu precisava contar a ela que era ele quem mandava em tudo. Mas droga, tudo estava tão bom agora, como eu seria capaz de correr o risco de ser vítima de seu extremo orgulho?

Passamos dias incríveis desde a final do NY Talent. Tudo se encaixava perfeitamente entre nós dois, era inacreditável. E eu não me prendia mais no ceticismo, só aproveitava como tudo era tão bom. Passei longas horas no dormitório dela, já que Wendy passava muito tempo fora, com Josh, e às vezes estudando, como eu e Samantha deveríamos fazer. Mas por que estudar se podíamos aproveitar a companhia um do outro? Eu começava a imaginar se havia me tornado um cara insuportável que se transforma completamente quando começa a namorar. Pois é, agora era oficial. Samantha e Steven. Bem, Steve.

Pensar demais no futuro poderia me enlouquecer, então era melhor desfrutar dos momentos melosos e engraçados que eu passava ao lado dela. Era impressionante como estávamos conversando sobre qualquer assunto aleatório e de repente rindo como loucos, e então nos beijando como se fosse a primeira e última vez, e então ela parava enquanto estava sobre mim e começava a cantar com a voz mais sexy de todas e acho que era quase sempre nesse ponto que eu me perdia.

O AcordoOnde as histórias ganham vida. Descobre agora