Yellow

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Tem uma multidão agitada abaixo de mim. Parece que esperam que eu faça algo, não entendo. De repente meu corpo está por todo o lugar e percebo que estou na água, mergulhando e quase me afogando. Um par de mãos me segura com firmeza e calor. E então vejo Steve perto o suficiente para notar as gotículas de água pingando de seus longos cílios.

Sinto seu hálito quente em minha pele e tudo começa a girar quando ele me beija.



Acordei sem fôlego e sentando-me na cama no mesmo segundo. Foi tudo um sonho. Gotículas de suor escorriam em minha testa e meu coração batia rápido demais. Aquilo nunca havia acontecido antes. A surrealidade era assustadora.

Olhei ao redor e não reconheci o lugar. As coisas ainda giravam um pouco, mas minha cabeça não doía e isso era bom. Fiquei de pé e resolvi sair do quarto, talvez assim reconhecesse o lugar que já suspeitava ser. Andei por um corredor estreito e pequeno e cheguei até a sala do piano brilhante.

Era a casa de Steve.

Eu dormi na casa dele de novo, bêbada, e agora acordei de um sonho onde ele me beijava enquanto estávamos dentro de uma piscina. Lembrei-me da camiseta larga e do pequeno short que vestia. E também do banho frio e de Carmen falando comigo. Pensar que a camiseta que eu vestia era de Steve me fez estremecer. Mas logo fui distraída ao ouvir vozes e segui o som até chegar a cozinha me sentindo constrangida vestida naqueles trajes.

Senti meu rosto queimar e podia apostar que fiquei vermelha como um tomate quando Steve e Carmen me olharam parada na entrada da cozinha. Ele rapidamente voltou ao que estava fazendo, provavelmente tomando café, e Carmen sorriu e falou comigo:

- Bom dia, querida.

- Bom dia. - forcei um sorriso. Apontei para minhas roupas e ela riu chacoalhando os ombros de leve.

- Suas roupas já estão limpas e secas. Deixei ao pé da cama, achei que seria fácil achá-las.

- Eu nem vi. Obrigada, Carmen. - disfarcei e apontei para trás enquanto corri fazendo o caminho até o mesmo quarto onde eu estava.

Entrei e fechei a porta, me apoiando nela por alguns minutos. Olhei para a cama e lá estavam minhas roupas perfeitamente dobradas uma sobre a outra. Notei que não havia sapatos, mas eu sequer me lembrava do que calçava na noite anterior. Mesmo assim, me troquei rapidamente e parei na porta pensando no que faria em seguida. Eu ainda me sentia completamente envergonhada, e o maldito sonho deixava tudo muito pior.

Fiz um coque alto com um nó do próprio cabelo e criei coragem para sair do quarto de novo. Fui mais uma vez até a cozinha e agora Carmen estava sozinha.

- Sente-se melhor? - eu ainda estava um pouco distraída quando me perguntou. Na verdade, aliviada por não ter que ver Steve de novo. Pelo menos por enquanto.

- Sim, obrigada. - pigarreei e entrei na cozinha, aproximando-me da bancada e do banquinho metálico com estofado branco de couro e me sentei. - E Steve?

- Está no quarto dele. Aceita uma xícara de café? Imagino que depois de ontem esteja com um pouco de sede. - ela sorriu e ajeitou a trança longa e escura.

Corei de vergonha pela segunda vez no dia.

- Aceito um café, obrigada. Eu estava muito mal ontem, não é? - perguntei com receio da resposta.

- Acho que sim. - ela serviu o café numa xícara branca e apontou o açúcar e esperou que eu afirmasse com a cabeça para colocar um pouco. - Estava deitada no chão da entrada quando te vi.

O AcordoOnde as histórias ganham vida. Descobre agora