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Dois meses depois

Samantha

Eu me sentia linda, meu reflexo no espelho estava magnífico, parecia mesmo uma estrela da música bem sucedida. Mas aquela era só minha estreia no leilão anual apresentado e patrocinado por Robert Larsen Smith, presidente da gravadora com a qual eu tinha um contrato de dois anos, a LS Records.

Tanta coisa havia acontecido nos últimos dois meses, consegui uma nota boa o suficiente na prova e agora estava matriculada no curso de Arte e Entretenimento, que começaria no próximo ano. No dia seguinte à prova eu já estava no estúdio, na sede da gravadora, em Manhattan. Passei incontáveis dias com várias pessoas, a maioria delas muito legal, algumas não tanto. A indústria estava realmente cheia de sanguessugas, mas, felizmente, nenhum deles passava tempo demais comigo.

Era difícil passar por tudo isso sozinha, minha mãe e meu irmão não conseguiriam vir até Nova York mesmo com a viagem paga pela LS. Jack havia começado num novo emprego e eles podiam ser um pouco orgulhosos como eu. Os dois viriam em breve, eu sabia disso e era o bastante para confortar meu coração. E Cindy gravaria a minha apresentação e assim eles poderiam me assistir depois.

Cindy se tornara uma das pessoas mais próximas de mim nas últimas semanas, ela foi contratada para ser minha maquiadora na noite da apresentação, mas nos conhecemos bem antes, no dia da entrevista que dei ao canal oficial da gravadora. Ela era engraçada e sincera, me lembrava Wendy. As duas se dariam muito bem.

Minha colega de quarto, por sua vez, estava feliz da vida agora que seus pais aceitavam seu namoro. Ela e Josh foram passar um final de semana na casa dos pais dele e tudo ia bem para os dois, estavam cintilantes e apaixonados. E quando tentava mencionar Steve eu mudava de assunto e ela, felizmente, entendia. Não tive que me esquivar muito desse assunto com ela, pois raramente estava no dormitório. Eu só voltava para dormir. Jordan Carson, relações públicas da LS Records, que conversou muito comigo, me aconselhou a ficar em um hotel próximo ao estúdio, mas eu não fugiria do combinado, que era manter minha rotina de estudante e conciliar tudo com as gravações e a música.

Minha maior felicidade era ficar cansada o suficiente para apenas chegar, tomar um banho e dormir. E depois acordar e partir para o estúdio de novo. Tudo era apaixonante. E eu mal podia esperar para estar sobre o palco.

Toda a equipe trabalhou muito para me preparar para a grande noite, e em todos esses dias eu não me encontrei de novo com o presidente. A última vez que nos vimos foi na reunião que assinei o contrato. Eu me sentia mal por isso, sabia do tanto de coisa que ele fazia por mim em nome de outras pessoas, mas eu sempre descobria que era ele.

E me sentia ainda pior ao pensar no filho dele.

Meses se passaram e eu não havia parado de pensar em Steve. E agora morria de medo de nunca mais conseguir parar de pensar nele.



Steven

Meu coração palpitava, eu estava prestes a ver Samantha depois de um tempo tão longo que eu tinha até medo de contar. Meu pai insistiu para que eu fosse ao leilão anual e eu, que sempre recusei nos outros anos, não poderia recusar dessa vez. Não quando sabia que essa seria a minha chance de vê-la de novo.

E por mais que eu imaginasse que ela, provavelmente, não queria me ver ali, na sua grande estreia, não pude evitar. Afinal, eu era seu fã número um e sempre seria. Estando perto dela ou não.

Meu pai estava agora sobre o palco, já com os instrumentos e músicos preparados. Ele começou a falar sorrindo, todo orgulhoso, do grande nome que estava por vir e que alguns já conheciam, e que os outros teriam dificuldade em esquecer. Ele tinha tanta confiança nela e um orgulho imenso de quem era que eu senti o coração apertar. Senti inveja dele, pois seu plano havia dado certo e estava no caminho para atingir seu pleno sucesso, enquanto o meu plano, que na verdade nem era um, havia ido pelos ares e me levado junto.

O AcordoOnde as histórias ganham vida. Descobre agora