twelve

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Marie Stark.

Ainda em alguma ilha perdida do Pacífico.

Sua voz parecia distante até que aos poucos eu a ouvia com mais clareza.

- Marie.- Chamava num tom risonho.

Abri os olhos e vi um Chris rindo bem baixinho.

- Olá, dorminhoca- Ele tinha o lábios comprimidos como o de quem tentava segurar o riso, junto com as bochechas vermelhas que o deixava adorável.

- Ainda bem que você acordou, você dorme como uma pedra.- Sorri ao ver ele rindo.

- Ah pare, eu precisava de um descanso.- Ri me levantando e percebi que as mãos de Chris estavam delicadamente em meu braço e assim ele as tirou de mim constrangido.- Você precisou me chacoalhar para que eu acordasse?

- Sim, mais um pouquinho você iria começar a roncar.- Falou um pouco mais tranquilo, mas ele ainda queria rir.

- Me ver dormindo é tão engraçado assim?- Resmungei me sentando e arrumando o cabelo.

- Marie, você dorme com a boca levemente aberta.- Soltou a tão esperada risada que ele prendia, que ao contrário de muitas pessoas parecia um belo som para se ouvir durante a manhã.

Ele parou de rir e finalmente olhou para mim que observava com cuidado os traços dele.

- Hoje fará muito calor, temos que nos preparar para conseguir tudo o que possível para nos hidratar.

Nossa situação melhorava aos poucos mas ainda não tínhamos encontrado um rio de água potável, então eu e Chris bebiamos apenas o líquido das frutas das árvores, e o banho nós tomávamos no mar tendo que atravessar toda a mata, o que me fez decorar o caminho e não precisar que Chris me leve até a praia e esperar de costas para eu tomar banho, o que era muito constrangedor.

- Como você sabe que vai fazer calor?- Perguntei pedindo auxílio para me levantar e ele me estendeu a mão.

- Bem, eu não tenho dormido então eu vi o sol raiar e- O interrompi quando ouvi aquelas palavras e ele me levantou.

- Você não está dormindo?

- Eu...- Suspirou fundo e olhou para mim com um olhar desapontado.- Não Marie, eu não consigo. É como se eu estivesse dormindo quando estou vivendo esse pesadelo, minha família deve estar precisando de mim, as coisas devem estar indo por água abaixo...

Ele se importa e pensa tanto na família que estar perdido nesse lugar está o matando por dentro.

- Chris, não há nada da qual nós podemos fazer...- Quando nós dois tinha tempo para pensar (quase sempre) víamos que não havia esperança para nós, e que provavelmente iríamos morrer ali.- Mas nós temos que sobreviver um pelo outro, nós só temos um ao outro.

Segurei a mão dele tentando o confortar, me preocupar com a saúde dele tanto quanto física ou mental já era rotina para mim e já não era mais como médica e sim como alguém que queria protegê-lo, no fundo Chris era alguém que precisava ser protegido.

- Faremos isso juntos então.- Ele disse e eu concordei dando um pequeno sorriso e andando pela mata com ele.- Marie, eu estava pensando e percebi que formamos uma bela dupla de sobrevivência.- Disse dando uma pequena risada e olhei para ele sorrindo.

- Com certeza, desde cirurgias loucas a pontos sem experiência na perna. Somos uma dupla dinâmica de sobrevivência.- Eu falava e ele me ajudava a passar por um lamaçal a cada árvore.

- Sim, e ainda estou te ensinando a conseguir sobreviver por conta própria.- Disse ao me ver pegando um fruto que poderia nos ajudar a suportar o calor.

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