eighteen

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Marie Stark.

Ainda perdida em uma floresta no meio do oceano.
Mas não por muito tempo...

Passou-se algumas semanas desde que encontramos o rio e desde então Chris tem estado tenso e preocupado, pensei que ao encontrar a nossa fonte de sobrevivência nesse lugar teríamos paz, mas tudo a qual eu consigo perceber são os ombros tensos de Chris, sua respiração pesada e um Chris de poucas palavras.

Nesse tempo que estamos aqui, agora eu o compreendo e o entendo sobre um dos seus maiores medos: perder as pessoas da qual ele se importa. Eu dependo dele pra sobreviver, e ele de mim. De certa forma criamos essa ligação, o que no fundo, lá nas camadas mais profundas do meu ser me apavora, estar ligada a alguém, depender de alguém. Eu era ligada e dependia dos meus pais, e eles morreram. Chris também morreu, mas eu consegui trazê-lo de volta, mas se houver qualquer outra coisa suspeito de que ele sobreviva...

O cansaço que emana dele é o mesmo de quando eu o encontrei aqui na ilha, de quando eu queria salvá-lo e ele pediu para que eu o deixasse morrer, as vezes acho que ele está prestes a desistir como quando na primeira vez.

Quando eu o perguntei sobre essa preocupação enquanto ele parecia um vigia olhando atentamente para todos os lados houve uma resposta inesperada, porém muito esperta.

- Todas as grande civilizações foram criadas ao redor de grandes rios, Marie. O que a faz pensar que somos os primeiros a estar aqui?

Quero acreditar que ele esteja errado. Quando chegamos aqui passamos pela pior parte da floresta, quando era fechada, mal podíamos passar entre as árvores e não tínhamos comida alguma, e ainda tinha o frio. O frio sempre vai ser a lembrança mais viva, o frio que me matava por dentro.

Chris era um homem inteligente, sabia o que falava sempre que se tratava de sobrevivência. No decorrer dos dias acho que não é uma paranóia dele em achar que podemos não estar sozinhos... só que não irei falar nada, não tenho certeza e não quero deixá-lo ainda mais preocupado.

Suas mãos tocaram as minhas e olhei para o seu rosto, tinha olheiras fundas em volta de seus olhos e seu tom de pele variava entre um bronzeado e uma vermelhidão pelo sol que agora nós tínhamos em excesso, o sorriso dele sempre foi vivo mesmo que seus olhos dissessem ao contrário e seus cabelos que agora estavam grandes sempre caiam em sua testa por estarem sem cortar.

Toquei neles e os coloquei para trás e vi ele fechar os olhos com o meu toque.

- Você precisa descansar.- Minha fala era arrastada, tentando convencer o loiro a minha frente.

- Eu sei, mas não consigo. Simplesmente essa intuição me diz que não posso vacilar aqui.- Diz cansado, suas mãos brincando com as minhas (que insistia a tirá-las do cabelo dele), apenas apreciando o toque um do outro.

- Bem você leva a sério suas intuições não é?!- Digo ao passar mais uma vez minha mãos por seus cabelos, afastando as minhas mãos das dele.

- Não sou uma pessoa mística, mas na maioria das vezes acredito.

- Uma característica bem de cirurgião não acha?!- Sorrio, se ele fosse um cirurgião provavelmente iríamos ter disputado por algum prêmio, ele poderia até não ter um talento em especial pra ser um cirurgião brilhante, mas ele sempre se esforça em ajudar as pessoas, e isso faz dele um bom concorrente.

tsunamiWhere stories live. Discover now