twenty six

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Marie Stark.

Durante todas as minhas sessões com o psicólogo focamos na maneira em que lidamos com as adversidades que aparecem ao decorrer da nossa vida. Em como deixamos o que nos fez mal para trás e seguimos nossa vida. Entendi tudo isso mas não segui de forma alguma, e quando fui desbloquear meus bens ainda tive apoio para piorar ainda mais as coisas.

- Stark, você sabe que como um membro efetivo do Conselho do hospital em que trabalhava tinha um contrato assinado certo?

Eu estava apreensiva, dependendo do que ele fosse me dizer eu teria muita dor de cabeça para lidar, como se eu já não tivesse. Mas seria o dobro, pois tudo da qual eu estou envolvida envolve inúmeras burocracias, leis e juramentos. E devido ao meu histórico, no final eu sempre levava a pior. Era só esperar.

- Certo, tínhamos inúmeras obrigações a cumprir.

- Você se lembra do 15° parágrafo da 3° cláusula?- Ao ver minha expressão óbvia, deu um sorriso.- Era o que eu esperava, deixe-me refrescar sua memória.

- "Dada a grande importância e relevância dos respectivos membros do Conselho Médico do Hospital Manhattan Harvey e todo o bem vindo de seus atos para com os pacientes, pessoas envolvidas no serviço e gestão do Hospital temos como forma de demonstrar nossa gratidão e honra para com os mesmos com os seguintes cuidados especiais: Escolta em momentos de adversidades, pagamento de dívidas trabalhistas e previdenciários de segurança ou resgate particular em casos de desaparecimentos. Seja por sequestros, desastres naturais ou outros. É de total responsabilidade do Hospital Manhattan Harvey fazer com que estes sejam devidamente cumpridos como parte do contrato."

Todas aquelas palavras mexeram tanto comigo que eu perdi os sentidos, não ouvi direito, senti o sangue fervilhar e aos poucos perdi o tato, as pontas dos meus dedos pareciam ter caído. Eles poderiam ter ido atrás de mim? Eu poderia ter sido encontrada? Eu não precisaria ter passado por tudo aquilo...

Minha respiração começou ficar desregulada enquanto eu sentia lágrimas escorerrem do meu rosto. Eu fui deixada pra morrer porque quiseram.

- Não acredito nisso...

- Eu sinto muito, Stark. Mas não podia deixar que essa informação não chegasse até você.- Entregou um papel em minhas mãos que tremiam.- Você pode entrar com uma ação contra o Hospital Manhattan Harvey por negligência, e pela venda do seu cargo no Conselho sem prévio aviso ou ocorrido na justiça.

- Latifa Wayne. Ela comprou o meu cargo no Conselho.

- Ela também seria envolvida no processo.

- Eu quero processá-los.

- Assine aqui, então. E pela noite você terá processado ao Hospital e Latifa Wayne por negligência.- Assim eu o fiz.

Liguei logo depois para o meu psicólogo. Nenhuma das sessões tinham sido traumáticas a ponto de eu não conseguir falar sobre elas, exceto a que falamos sobre Let. Essa me destruiu e até hoje não consigo falar sobre isso, provavelmente porque nunca mais verei seu rosto, e seu corpo sucumbiu em frente aos meus olhos. Conversando com ele, disse que tinha processado o Hospital e Latifa Wayne. Ele ficou surpreso e não disse nada por uns segundos, até acho que ele me xingou mentalmente.

Aposto que ele pensou 'tantas terapias jogadas fora...'. Mas naquele momento eu estava cega de ódio e revolta. Como eles puderam fazer isso? Médicos que fizeram um juramento de salvar vidas a todo custo, sem acepção de pessoa alguma, deixaram um dos seus para morrer. Que justiça havia nisso?

Logo depois me perguntou qual era a diferença entre justiça e vingança. Entendi o que ele quis dizer, no fundo eu queria justiça pelo o que o Hospital fez comigo, mas Latifa... não tinha nada com isso. Com ela eu queria vingança e eu me envergonhava por isso, mas estava tão tomada pela revolta que a deixei me consumir e Dr. Chambers disse que mesmo fazendo isso eu estava progredindo no tratamento. Mas queria que eu fosse lá para resolvermos isso de uma maneira madura e racional.

tsunamiWhere stories live. Discover now