twenty eight

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Chris Evans.

Abri os olhos com o despertador me lembrando de tomar meus remédios. Não via a hora do tratamento acabar. As crises, os pesadelos ou tudo que envolvesse a minha pessoa. Minha cabeça doía e eu ainda sentia sono por não ter dormido quase nada, sonhava com uma lança sendo enfiada em mim e os gritos de Marie me chamando. Um verdadeiro pesadelo, não muito diferente da minha realidade.

Sentia falta dela, da sua risada ou até mesmo da raiva que Marie sentia na maioria das vezes que eu estava ao seu lado, no modo como o sotaque dela aparecia quando ela ficava nervosa. Sinto falta de todo mínimo detalhe que remetia a ela, e ter feito com que ela sofresse tudo o que sofreu me faz a última pessoa digna de presenciar qualquer momento de felicidade ao lado dela.

Antes que eu pudesse levantar da cama Sebastian apareceu na porta do quarto.

- E aí, cara.- Estava com uma xícara na mão, já de terno e gravata. Revirei os olhos e peguei os comprimidos.

- Sabia que existe algo chamado privacidade, e invasão de domicílio?

- Ah qual é, antes de você voltar, esse apartamento tinha ficado para mim. É meu também.- Sorriu ironicamente.

- Preciso trocar as chaves, isso sim.- Ele e Latifa tinham acesso ao meu apartamento, mas a médica já não vinha aqui fazia um tempo.- Não me diga que você trouxe alguém aqui enquanto eu estava fora?

Sebastian fez uma expressão desentendida.

- As vezes eu penso bem no porquê de nunca ter quebrado a sua cara.- Saio do quarto. Ele sabia que no fundo eu não estava com raiva, eu teria feito o mesmo se estivesse no lugar dele. Não tínhamos o costume de levar alguém que não conhecíamos para nossa casa. A do amigo servia para isso.

- Você sabe que iria perder, Evans. Eu sempre lutei muito bem.- Estava encostado no batente da porta, tão convencido como sempre. Ele parecia o Seb de sempre, já não estava tão traumatizado com tudo que aconteceu comigo.

- Ah fique quieto. Ela era bonita pelo o menos?

Essa conversa me lembra de quando estávamos na faculdade e por causa dos nossos rostinhos bonitos fazíamos o que nos dava vontade.

- A mais bonita que eu já estivesse, para falar a verdade. De personalidade forte também.- Falou como se lembrasse da mulher.

- De personalidade forte eu entendo.- Eu estava preparando um chá enquanto olhava para a cicatriz que ainda estava sensível.

- A médica, certo?

Concordei pensando no que ela poderia estar fazendo agora. Teria que falar com ela sobre o que meu médico disse, se ela queria participar daquele prêmio mas não tenho ideia de onde a encontrar. Talvez passe no hospital hoje para falar com a amiga dela, Coraline.

- A mesma, com personalidade forte, beleza e tudo mais.

Sebastian se sentou na cadeira me avaliando, nunca tivemos segredos. As vezes ele sabia mais sobre mim que o meu único irmão, Scott.

- Quem diria, Chris apaixonado pela médica do Tsunami.- Deu uma risada nasal.

- Médica do Tsunami que me odeia, você quer dizer.- Encostei no balcão e vi que ele percebia que eu mudei, uma parte minha agora estava com Marie.

- Sobre o noivado com Latifa? Essa foi uma grande mancada.

- Eu sei, eu sei. Me arrependo todo dia, mas minha vida era tão diferente. Eu estava pronto para fazer o que meu pai queria, iria me casar com ela e ficaria cuidando da empresa.- Suspirei.- Então veio o Tsunami, Marie, e então ela me acordou para a vida.

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