seventeen

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Tudo estava caminhando para o fim de uma fase. Todos estavam perto de encontrar a verdade, ou até respostas.

Para Chris e Marie as coisas estavam indo bem até o momento, mas em Manhattan as coisas pegavam fogo.

Latifa Wayne sempre foi destemida, e em todas as circunstâncias sempre acreditou em si mesma, e dessa vez não seria diferente. No fundo a Dra. Wayne sabia que Chris estava vivo, não queria saber quanto tempo fazia desde o tsunami, não queria saber o que os conhecidos de Chris iriam achar.

Ela já trabalhou com o exército, era amiga da instituição. Pedir um favor para a mesma era fácil, na verdade, pedir um favor para o exército do Estados Unidos era a única coisa fácil em sua vida.

Desde que se mudou definitivamente para Manhattan e conseguiu seu emprego no Manhattan Harvey, só teve problemas e dor de cabeça. Ela tinha um pequeno problema com uma médica ruiva do hospital, a ruiva a odiava. E Latifa não deixava a cardiologista a diminuir, ou seja, todos os dias elas acabavam brigando.

Ser chefe do Pronto Socorro e do trauma em Manhattan era fácil, não havia tantos acidentes desde que ela chegou. Ouviu boatos de que a última chefe do trauma do hospital tinha múltiplos traumas e acidentes todas as semanas para tratar. Com toda a calmaria Latifa apenas atendia casos clínicos que ocupavam todo seu tempo, mas quando tinha uns minutos livres fez algumas pequenas amizades com as enfermeiras e ficou sabendo um pouco mais sobre todos no hospital.

Ela sentia saudades de conversar com Sebastian, mas depois da discussão que tiveram quando disse que iria morar em Manhattan nunca mais se falaram, mas ficou sabendo que ele apareceu algumas vezes no hospital para falar com Coraline Harvey, e a ruiva o atendeu. Isso fez Latifa balançar a cabeça e soltar uma risada nasal para Eline, a enfermeira preferida de Latifa.

- Coraline não parece ser o tipo de pessoa que atende outra a não ser que o coração da pessoa esteja prestes a parar.- Foi o que disse.

Mas realmente não se importava, Coraline era amiga da médica que estava no mesmo cruzeiro que Chris estava, os dois deviam estar dividindo dores e pesares. Pelo o menos eles tinham com quem dividir tudo isso, já Latifa apenas tinha alguns momentos de lágrimas que insistiam em sair e lembrar dos momentos que teve com Chris. Ele era um bom amigo, mesmo que ele fosse seu noivo, e mesmo que no fundo Latifa achasse que ela era a única que realmente amava naquela relação. E nunca teve ninguém para conversar sobre isso.

Na guerra teve muitos amigos, muitas pessoas da qual nunca se esqueceria e as vezes se sente solitária em comparação com o que tinha, estava em guerra mas não estava sozinha.

- Dra. Wayne?- Latifa virou o rosto e olhou para a médica que a olhava.

- Diga Coraline, o que foi que o meu senso de guerra fez que está fora dos seus parâmetros de regularidade?

Ela sorriu, Coraline era uma bela combinação de cores, o cobre dos cabelos, o verde dos olhos e um sorriso tão branco quanto seu jaleco. Caminhou preguiçosamente até a mesa onde a mulher de cabelos escuros divagava sobre seu café e Latifa pode perceber que Coraline estava incomodada.

- Eu soube de algo. Algo que pode ser considerado comovente.- Apoiou as mãos nas costas da cadeira que estava a frente da Dra. Wayne.

- Se você não me disser eu não vou saber.- Latifa bebeu um gole do seu café.

- Você acha que possa ter sobreviventes dentre as pessoas que foram atingidas por aquele Tsunami enquanto estavam no Cruzeiro Paradise.- Falou tensa.

- Sim, acredito. Eu já estive na guerra, já vi muitas situações inacreditáveis onde ninguém acreditaria que teria sequer um sobrevivente.- Respirou fundo como se visse as imagens em sua cabeça.- Se uma pessoa tem que sobreviver, ela sobrevive. Não importa como.

- Mas já se passou um bom tempo, onde essas pessoas sobreviveriam? Onde elas estariam agora?

- Buscas, Coraline. Apenas buscas nos dariam essas respostas, e você tanto quanto eu sabe que a busca de três dias que foi feita não foi suficiente.

Latifa pensou em quantos familiares se sentiram sem rumos ao ouvir que seus entes queridos estão mortos com tão pouco esforço. E uma idéia que a médica pensou que tinha se apagado em sua mente reacendeu. Procurar por Chris, porque no fundo de sua alma ainda sentia que ele estava vivo por mais que ninguém achasse.

- Você faria isso?- Se Latifa a conhecesse um pouco melhor, diria que Coraline estava a ponto de um colapso.- Procuraria por alguém por mais que todos fossem contra, que te chamassem de louca?

- Penso seriamente.- Respondeu e esperava que Cora fosse rir ou algo do tipo mas viu a ruiva olhar para o lado e respirar fundo.

- Você tem meu apoio, Wayne. Se custar algo, eu quero arcar com isso.

Latifa apenas a encarou sem ao menos acreditar que Coraline Harvey que a tirava a paciência todos os dias estava querendo pagar os custos de uma procura particular sobre o oceano.

- Não precisa. O Exército dos Estados Unidos, não irá cobrar. Pelo o menos não de mim.- Amava quando podia dizer isso.

E foi isso que a levou ao que estava prestes a fazer, seus passos ecoavam pelo corredor enquanto ia de encontro a sala que iria mudar os rumos da sua vida. Ao abrir a porta da sala se deparou com Clark, seu grande amigo de batalha, que se aposentou antes dela sair de Marrocos, levemente abalada.

- Latifa, que bom te ver novamente! Senti sua falta!- Ela o abraçou para perceber que não abraçava ninguém fazia meses. E com as forças que restavam a ela, também o abraçou.

- Eu senti sua falta também Clark, senti de todos os veteranos.- Sorriu com calma.- Sinto falta de ajudar os nossos.

- Eu te entendo, Latifa. Nós sabemos o que é família quando estamos por lá, mas também sabemos que certas situações precisam de um fim.

- Eu sei mas é que... lá eu não tinha isso.- Apontou para a própria cabeça.- Era automático, não havia regras, não havia burocracias. Era apenas "salve vidas e não seja morto"

- Você está lidando com o Stress Pós-Traumático?

- Nós não viemos falar sobre isso Clark, eu preciso de sua ajuda para resgatar um amigo...

- Estarei aqui para o que precisar.

Assim Latifa desencadeou uma série de acontecimentos, sua determinação vai fazer com que a vida de todos mude drasticamente.

oioiii pessoal!!
fiquem atentos sobre essa parte do stress pós-traumático. isso vai ser MUITO abordado na fase 2. daqui 15 minutos mais um capítulo pra vocês ok?!
com amor,

livi ♡

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