thirty four

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Pedi para Chris voltar para casa, ele estava muito cansado e talvez Sebastian só acordasse amanhã e com muito esforço ele foi. Não podia negar que eu mesma estava cansada e queria dormir, mas fui até o quarto onde Sebastian estava.

Fiquei olhando ele dormindo por alguns momentos e pensando que esse poderia ser de verdade o único amigo que Chris possa ter. Puxei a cadeira e fiquei em frente a cama dele igual muitos médicos fazem aqui no hospital, esperam o paciente acordar para se certificar de que esteja tudo bem mas o meu cansaço era foi tanto que acabei dormindo em frente o paciente que eu devia vigiar.

Tive o mesmo pesadelo que me assombrava, Chris no chão sem batimentos cardíacos, apenas o mais puro silêncio em seu peito e nem os meus gritos pareciam abalar o silêncio assombroso. Com o pequeno susto do pesadelo abri os olhos ainda atordoada e coloquei a mão no peito sentindo meus batimentos cardíacos, vi que Sebastian tinha acordado e me deu um pequeno sorriso solidário.

Sem se mexer ele articulou algumas palavras sussurradas mas depois conseguiu falar normalmente.

- Estou morrendo de sede... você pode me dar um pouco d'água?- Pediu e me levantei para buscar.

- Tome devagar.- Ele tomava a água com canudo. Bebeu um gole e deitou a cabeça no travesseiro e eu o observei para falar sobre a situação dele.

- Chris também tem pesadelos assim, sabe?- Fechou os olhos e ainda parecia cansado.- Ele não conta mas um dia quando fui o ajudar na casa dele, os pesadelos também o assolavam. Vocês deviam conversar sobre isso, Marie.

Dei um pequeno sorriso e verifiquei a saturação dele pelos equipamentos.

- Bem, já que você já me conhece vamos pular as apresentações. Podemos ir para o baita susto que você deu no seu amigo?

Ele riu um pouco e abriu os olhos.

- Eu sempre sou o amigo que atravessa sem olhar para os lados.- Tentou rir e colocou a mão do braço que não estava quebrado no peito.- Que raios aconteceu comigo?

-Raios não, carros. Você sofreu um acidente grave e fez com que o seu ventrículo direito rompesse e eu ter que abrir seu peito e ficar com a mão no seu coração até que a cardiologista pudesse te atender. Que tal olhar para os lados agora?

- Cardiologista, é?

- E ortopedista de brinde, você fraturou dois lugares do braço.

- Vou começar a prestar atenção, mas a cardiologista era a Coraline?

Não pude evitar a expressão confusa em meu rosto, tinha acabado de falar que ele quase morreu e Sebastian só queria saber de Coraline.

- Sim, a Dra. Harvey te atendeu. Vocês se conhecem?- Não pude deixar de querer saber a versão dele.

Com os olhos fechados ele sorriu preguiçosamente e respondeu apenas.- Vagarosamente.

E eu não acreditei nem um pouco mas fiquei calada.

- Chris esteve aqui o tempo todo mas pedi para que ele fosse pra casa descansar um pouco mas ainda são 04:00, provavelmente ele vem antes do serviço. Você tem algum familiar que eu possa ligar?

- Meus pais e eu somos da Romênia, Dra. Stark, provavelmente não vamos querer atrapalhar eles lá, certo?- Disse com calma e certeza.- E só você mesmo pra mandar em Chris, aquele cara é cabeça dura.

- Ou eu poderia fazer com que ele saísse do hospital sendo suspenso de novo.

- Eu pagaria para ver isso.- Sebastian proferiu.- Meu peito está doendo Dra. Stark, sera que você poderia trazer a cardiologista para mim?

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