twenty two

935 80 38
                                    

Chris Evans.

Eu não conseguia pensar direito, era como se tudo ao meu redor girasse e aos poucos a minha mente fosse pifando. Um momento da qual eu realmente sentia tudo se desligar. O pensamento principal tinha nome, sobrenome e uma expressão de desconsolo que eu nunca me perdoaria por ter sido o motivo de ter colocado ali.

- Eu preciso que você preste atenção. Você não pode chegar em casa sem saber o que aconteceu enquanto esteve fora.- Colocou os cabelos negros para trás e olhou para mim com pesar.

- Olhe Latifa, eu sei que meu pai provavelmente surtou pela minha viagem e me chamou de irresponsável mesmo quando soube do Tsunami.

Ela olhava pra mim analisando meus movimentos, as vezes ela parecia conseguir decifrar tudo sobre mim, talvez sobre todos. Latifa era implacável com isso. Bastava passar alguns segundos olhando de forma cuidadosa e séria, ela conseguia saber exatamente o que se passava.

- Não é isso. E você devia tentar compreender seu pai, toda aquela insistência sobre você começar a administrar a empresa da família tinha um bom motivo.

- O objetivo era me deixar louco.

- Não seja egoísta Chris, não olhe só para o seu umbigo. Seu pai estava doente, muito doente e não tinha outra pessoa pra cuidar da empresa! Sua mãe não sabe nada sobre isso e seu irmão era jovem demais. A responsabilidade tinha que cair sobre você, teria que haver um sacrifício.

Um aperto tomou o meu peito. Sacrifício, a forma da qual ela falava, como se já não fosse mais. Já não mais existisse...

- Seu pai ficou doente enquanto você trabalhava com a sua amada profissão de "guia selvagem", mas ignorou por muito tempo, ignorou igual as dores da qual ele sentia e tomava antibióticos para dor com intuito de as fazer passar. Até ir ao médico e descobrir que tinha câncer e que infelizmente estava em um estágio avançado.- O tom de voz dela tinha se tornado áspero, como se lembrar causasse revolta a ela.

- Então ele não aceitou nenhum tratamento pois isso faria a família se preocupar e sofrer com algo que não tinha mais conserto. O câncer de fígado já tinha se espalhado para os outros órgãos. Ele decidiu salvar o que não era parte física dele, salvar o mais importante.

Segurei a própria cabeça como se não pudesse suportar as palavras de Latifa e fosse ter um surto, queria acreditar que era mentira, que ele estava bem. Pronto para me xingar quando eu chegasse. Aquilo não podia ser real. Não podia estar acontecendo.

- Salvar a empresa e a família. Por isso a insistência que eu largasse o meu antigo emprego, por isso um cônjuge.- Respirei fundo.- Para administrar a empresa precisa de um parceiro legal.- Ligando os pontos dessa maneira parecia até burro não ter pensado nisso antes.

- E o meu dinheiro ajudaria muito sua empresa. Sua mãe esteve com ele o tempo todo, nunca o deixou e era a única que sabia do câncer fora ele mesmo. Mas você foi teimoso por muito tempo, quase não aceitou o cargo, foi contra ele e dificultava toda a situação. Você não sabia, óbvio, mas o quadro clínico dele só piorava, e você era o menino dos olhos dele. Saber que você tinha morrido antes dele fez com que a situação só piorasse, a ponto dele falecer pouco depois e tudo ruir.

- Meu pai morreu por minha causa?

- Não, Chris. Seu pai morreu de câncer no fígado porque não o podia mais tratar. Isso o matou.- Elevou a voz e depois percebeu que estava em uma situação delicada.- A sua suposta morte foi só um infortúnio. O que foi preocupante foi o estado em que sua mãe ficou...

- Ela está bem?

- Está. Mas logo após saber da sua morte e em seguida ver o marido dela morrer foi terrível pra ela, foi uma época horrível. Ela não conseguia nem falar com Scott e tudo estava ruindo, desde a sua família até a empresa. Sebastian ficou no cargo depois de se estabilizar também, sua mãe implorou para ele.

tsunamiWhere stories live. Discover now