fourteen

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Marie Stark

Eu não queria morrer. Depois de tudo da qual eu vivi e sobrevivi, eu não queria morrer. Minha vida não podia acabar ali, daquele jeito. Eu queria viver mais, eu não merecia um final daquele.

Tudo se passava como um silêncio enlouquecedor, eu não ouvia nada. Chris falava comigo e eu não ouvia. Eu apenas sentia. Sentia o medo me tomar por inteira, o pavor e a tristeza. Todo o filme da minha vida se passou diante dos meus olhos e eu não gostava do final, não parecia justo.

Chris me ajudou, cuidou de mim. Mas tanto eu quanto ele ficamos traumatizados com o que aconteceu, a todo momento nossa mente repetia o que vivemos nos dias passados. E isso tem nos atormentado, mais a ele do que a mim.

Alguma coisa em Chris mudou desde que ele me salvou da cobra, eu sabia que ele se preocupava comigo, mas não sabia como eu podia afetá-lo daquela maneira. Quando ele tentava cochilar durante a noite, tinha pesadelos, e eram comigo. Ele tem pesadelos com coisas ruins acontecendo comigo depois que me salvou da cobra, o que me mostra que ele ficou muito mais traumatizado que eu.

Chris não sabia lidar com aquilo que tínhamos acabado de sobreviver e estava nítido pois ele me olhava de uma maneira diferente de antes. O que me machucava, já que eu só tinha ele para conversar. Chris estava distante e isso nem ele mesmo podia negar. Nunca pensei que uma cobra fosse nos afetar tanto.

Os dias que passaram depois do acontecimento com a cobra foram quentes, mas hoje por incrível que pareça o céu estava acinzentado e pela primeira vez, acho que vai chover, é um péssimo momento para chuva.

Já era um final de tarde quase a noite, e o vento juntamente com os trovões não davam trégua. Eu sentia frio e não saía de nossa cabana improvisada e Chris para não ter que estar ao meu lado fugia e passava o dia todo fora. E só voltava quando achava que eu estava dormindo.

No fundo eu sabia que tinha algo nos afastando, uma tensão desde que ele me salvou e me abraçou. As coisas já não eram como antes, por mais que quiséssemos ficar perto um do outro não podíamos e nem ao menos tínhamos uma definição certa do porquê.

Pequenas gotas caiam em mim e tentei respirar fundo sentindo um arrepio passar pelo meu corpo. O vento soprava mais uma vez ao meu lado e tive que me encolher. Uma sensação estranha passa por e olho entre as árvores e vejo Evans parecendo exausto se sentar no chão e passar as mãos no rosto. Aquela cena me fez parar por um instante e ter a noção do quão destruído ele estava e com certeza não era só fisicamente.

Eu queria ter coragem falar com ele mas uma pequena insegurança me faz ficar imóvel. Algo como um medo ou insegurança de falar com ele como se houvesse uma tensão entre nós.

As costas dele arquearam para frente e todos os músculos se tencionavam enquanto ele parecia desabar.

Lembro de que depois que nós abraçamos ele ficou ao meu lado o tempo todo, perguntando se eu estava bem e se precisava de algo, Chris realmente me tratou como uma rainha. Mas a realidade chegou durante a noite quando ele tentou dormir e eu fingindo que dormia percebi ele inquieto, tendo pesadelos.

E desde então ele não consegue se quer olhar para o meu rosto sem ao menos tentar fugir de mim.

As gotas de chuva se intensificaram por um instante e tendo noção disso criei coragem para chamar ele, o que o de olhos azuis menos precisava agora era de um resfriado. Ao mesmo tempo que levantei ele fez o mesmo e quando me viu não disfarçou em tentar sair de perto.

- Chris, espere!- Gritei. Ele se virou com o rosto molhado junto com o corpo e os olhos aflitos.- O que está acontecendo? Essa situação está estranha demais, e eu provavelmente vou ficar louca se você não falar comigo!- Aquilo saiu como uma súplica.

Ele ia falar comigo mas eu estava prestes a explodir.

- Por que você se afastou? Tudo aquilo que aconteceu vai nos levar a loucura se nós não tentarmos resolver isso!

Ele fez uma expressão estranha, mais levada para seu habitual sarcasmo quando eu falei e eu deu um pequeno sorriso sarcástico sussurrando algo.

- Por que você se afastou?- Eu estava quase surtando, e isso também deixou ele agitado.

- Eu não sei Marie, talvez porque eu senti medo de você morrer!- Ele também gritava como se fosse óbvio, e nós dois estávamos parecendo dois histéricos.

- Mas por que tanto medo de eu morrer sendo que você consegue sobreviver sem mim?- Eu estava bem mais próxima dele mas ainda falava alto.

- Talvez eu não consiga mais sobreviver sem você, Marie!!- Ele soltou como se tivesse que liberar esse peso que estava nele.

- O que?- Perguntei sem entender.- Isso não faz sentido, o mais provável seria eu morrer sem você! Eu não sei sobreviver nessa selva, e você sabe.- Falei inconformada.

- Quer saber?! Você vai me deixar louca.- Eu falava tendo completa certeza do que eu dizia, eu estava nervosa, confusa, irritada e com a respiração pesada por ter gritado.

- Você vai ficar louca? Quem vai ficar louco sou eu, você vai me levar a loucura, Marie Stark!

Eu estava limpando o rosto enquanto a chuva caia sobre mim e ele e estava pronta pra responder ele.

- Mas eu não estou nem aí, eu vou beijar você.- Ele sussurrou mas eu pude ouvir claramente.

Quando percebi a mão dele me puxou para mais perto e as minhas foram para o rosto dele, desde o primeiro instante do toque de uma pele na outra foi como se uma descarga de eletricidade descarregasse em nós fazendo nossos lábios se tocarem pela primeira vez. Chris fez com que eu me aproximasse mais ainda e mordeu o meu lábio e soltei um um gemido baixo que o fez sorrir e nossas línguas se tocarem e se envolverem. Algo em mim tinha vontade daquilo e ele também. As costas dele bateram contra uma árvore e eu senti a textura dos lábios dele, as mãos dele em mim, a vontade de beijar ele não passava. O que nós mais tínhamos naquele momento era a vontade de continuar daquela maneira, de sentir um ao outro. Incansável. O beijo era algo selvagem e daquela maneira que estava ficando tentador não continuar. A língua dele contra a minha o calor que nós dois estávamos sentido e a chuva caindo sobre nós, uma sensação única e viciante. De uma maneira tão simples e sedutora ele colocou minhas costas contra a árvore beijou cada milímetro do meu pescoço, mordiscou e logo após passava a lingua por ali.

Chris parou por um instante tentando recuperar o fôlego e eu também.

- Isso parece errado.- Disse tentando respirar, ele teve o poder de tirar todo o meu fôlego em um único beijo e por outros no pescoço e isso era assustador.

- Sim, parece errado.- Falou de uma maneira arrastada, ao lado do meu ouvido e no mesmo momento fechei os olhos com o arrepio que senti.

- Mas eu quero continuar.- Sussurrei.

O corpo dele automaticamente se aproximou mais do meu e eu senti o calor que o corpo dele emanava. Das mãos dele segurando meu quadril com firmeza.

- O seu desejo e uma ordem.- Chris me beijou de novo apoiou seu corpo sobre o meu e senti todo o meu corpo pedir por ele. Implorar pelo seu toque, pelas mãos dele por todo o meu corpo. E como se lesse meus pensamentos ele fez isso.


♡ livi ♡

tsunamiWhere stories live. Discover now