twenty nine

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Marie Stark.

Depois de alguns minutos tentando acalmar minha respiração após essa reunião horrível, liguei para Coraline e a mesma veio rapidamente me ajudar enquanto eu estava quase desmaiando. Uma nova aquisição do stress pós-traumático; desmaiar de nervoso. Apesar das constantes terapias eu ainda lutava frente à frente comigo mesma, enfrentando todas as barreiras possíveis e agradecendo ao meu psicólogo por ter me liberado apenas para tarefas administrativas e básicas da minha área. Entrar em uma cirurgia agora, por mais que eu esteja morrendo de saudades, desencadearia muitos problemas.

Ao me ver claramente pálida, suando frio e falando que estava prestes a desmaiar, Coraline sem pensar logo questionou:

- Você está grávida?- E com o meu olhar logo despertou.- Não, claro que não. Desculpe.

- Se eu estivesse já teriam tido sinais, já voltei faz um bom tempo. E claro, se eu pudesse.

Coraline tinha desviado o olhar, e me colocou sentada enquanto eu tentava respirar fundo e me concentrar. Já estava ficando profissional em lidar com crises e os sintomas, desde que não fossem tão fortes.

- Você vai precisar tomar algum remédio ou consegue controlar?

- Consigo controlar. Estou assim porque amanhã volto a trabalhar, acabei de receber a mensagem.

- Sob a supervisão de Latifa.

- Isso.- Concordei.

- Tem razão estar assim, eu também entraria em pânico.- Sorriu desafiadora.- E depois entraria em guerra com ela.

- Considerando o histórico dela com guerras, acho que você estaria em desvantagem.- Ri amargamente. Mas Coraline ainda me olhava controlando a crise, já era uma situação típica nossa, ela estando ali para mim quando eu preciso.

- Quem largaria Marrocos, sendo a manda-chuva de lá para comprar um cargo aqui em Manhattan?

- Alguém que na época tinha um noivo que morava aqui em Manhattan?- Perguntei obviamente.- Um noivo que não tivesse sido atingido por um Tsunami, claro.

Tínhamos rido da situação depois disso, ela teria um plantão nessa madrugada mas passaria em sua casa antes para tomar um banho. Enquanto me levava para casa deixei meus pensamentos me levarem a Chris. Sentia tanta falta dele que as vezes chorava, e depois chorava de raiva por toda a situação. Ao chegar em casa, Klaus, meu lobo de estimação, estava esperando.

- Eu não consigo entender. Por que um lobo? E muito menos consigo acreditar que passei todo aquele tempo que você estava fora com ele, eu estava louca mesmo.

- Ah, pare.- Disse sorrindo e passando a mão na cabeça dele.- No fundo você gosta dele, e ele de você.

- É um lobo!- Exasperada ela agitou as mãos e tinha ido embora, enquanto eu ria afagando a cabeça da minha única companhia da noite.

Terça feira, 03:07 AM.  Primeiro dia de trabalho de Marie, depois do Tsunami.

Sinto que todo dia eu mato um leão, as vezes eu quero que o leão me mate. Tinha chegado no hospital sem saber como agir. Quem eu procuraria? Meu supervisor chefe que eu pedi que fosse demitido ou a chefe do meu departamento da qual discuti ontem dizendo que tiraria o cargo dela?

- Está melhor?

Coraline tinha aparecido com a expressão cansada, parecendo mais tensa que o normal. O cabelo dela estava preso pela touca de cirurgia e ela já estava com uniforme. Tinha tantas saudades de poder me vestir assim, fazer uma cirurgia e poder realizá-la em boas condições e não em um conhecido da qual eu tenha muita afeição.

tsunamiWhere stories live. Discover now