twenty five

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Chris Evans.

O dia havia começado como todos os outros. O despertador tocou me lembrando de tomar meus remédios e eram tantos que as vezes eu achava que sairia drogado de casa. Mas não dava em nada, e isso não me impediria de ir para mais um dia lidar com todas as minhas responsabilidades.

Depois de tomar todos eles me olhei no espelho e vi a cara da derrota, que estava bem bonita por sinal. Me lembro de quando voltei pra casa e me olhei no espelho, eu estava com a barba bem grande, e o cabelo também. Aquela era a aparência do Chris que teve momentos incríveis com uma mulher tão perfeita que ele as vezes não acreditava que ela era real, e também a aparência do homem que destruiu essa mesma mulher. Não me esqueceria disso, e me odiaria pelo mesmo motivo. Por isso manti tudo isso, apenas de uma forma culta.

Eu estava morando sozinho, em um novo apartamento. Era mais próximo da empresa e então ficaria mais fácil para ir até lá, também não queria ficar na casa da minha mãe e mostrar pra ela que o filho dela não está atendendo as expectativas, de novo. Isso significa fugir, de certa forma, mas é o que eu mais faço, fuja dos seus problemas até eles estarem longes demais para te alcançar. Ouvi o barulho de chaves dentro de casa. Ou talvez eles estejam na sua casa.

Latifa tinha chegado. Fui tomar meu banho pra enfrentar mais uma discussão matinal, o que toda pessoa deseja pra começar o seu dia. Minha mente me fez lembrar de Marie, se é que eu algum dia esqueci. Era cedo, será que ela já tinha tomado café ou ter feito algo? Gostaria muito de saber mas depois do que fiz a ela, a melhor coisa que eu posso fazer é não atrapalhar a vida dela ou ser um estorvo, mais do que já sou. Ela sempre foi muito independente e segura de si. Nunca precisou de mim. Por mais que ontem quando ela apareceu na empresa tive lutar ao máximo para não fazer ela ficar e dizer que a queria do meu lado, todos os dias da minha vida.

Ao ver o quanto eu a tinha machucado e traumatizado tive que me segurar, nem mesmo Marie como traumatologista parecia não conseguir lidar com o que tinha acontecido consigo mesma. E eu fui o babaca que fez isso. Se existe justiça divina eu estou passando por ela, e pagando por tudo. Meu pai morreu, fui presenteado por ataques de pânico, uma vida instável e triste, e claro, minhas relações com familiares e amigos incrivelmente abaladas. A única coisa que eu peço para essa justiça é que, por favor não me deixe morrer, minha mãe não aguentaria perder mais alguém.

Mas em relação a ter todos esses contratempos eu aceito, fiz por merecer. É só eu não ir atrás de Marie para não trazer mais mal a ela, que só merece felicidade em sua vida. Marie não pode se curar com quem a machucou. Me contentava em ter a imagem dela em minha mente, tão linda quanto uma deusa e duvido que haja mulher mais bonita que ela.

- Como você está hoje?

Com o olhar que eu dei a ela foi o suficiente, eu estava um lixo e ela entendeu. Nossa amizade de anos nos fez conseguir saber sobre o outro sem usar palavras.

- É uma pena.- Saiu do quarto enquanto eu, só de toalha, procurava um terno.- Nós precisamos resolver isso hoje mesmo.

- Mas essa situação já não está resolvida?- Escolhi um terno mais elegante para o dia de hoje, teria uma reunião importante. Já sentia o estômago remoer só de imaginar.

- Está resolvida pra você! Para mim não, eu que estou recebendo várias mensagens durante o dia sendo cobrada e vendo coisas cafonas de casamento durante o trabalho.- A voz dela estava mais aguda que o normal, ela odiava ser interrompida enquanto trabalhava. Igual a Marie. As duas juntas dariam uma combinação bem explosiva.

- Falando em trabalho, você tem visto Marie? Ela está bem?

Quando soube que Latifa estava trabalhando no mesmo hospital que Marie trabalhava antes de ir para o Cruzeiro Paradise, pensei que não tinha como a situação ser pior. Mas por outro lado, teria notícias sobre ela. Não gostava de saber os mínimos detalhes da situação, ou qualquer outra coisa. O que me importava era se Marie estava bem, e Latifa sempre dizia que sim.

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