Capítulo - 27

558 62 3
                                    

Raike e Nívia estavam dentro de um ônibus. O veículo parou em um ponto e eles desceram do carro que partiu logo após. Ambos começaram a andar em uma calçada durante alguns minutos. O rapaz usava uma blusa branca que possuía mangas compridas. As calças dele eram pretas. Nívia usava um vestido verde longo. Os cabelos dela estavam soltos. Ambos chegaram ao cinema.

Ambos se aproximaram de uma bilheteria e mostraram os ingressos ao atendente. Em seguida, o casal entrou na sala de cinema onde havia uma enorme tela. Os dois se sentaram lado a lado. Depois de alguns minutos, o filme começou a ser exibido na tela. Nesse momento, Nívia encostou sua cabeça no ombro esquerdo de Raike. O rapaz pôs o braço dele em volta das costas de Nívia.

Após duas horas, o filme terminou. Nesse momento, as pessoas começaram a se retirar da sala.

Raike e Nívia saíram do prédio. Eles começaram a andar por uma rua. Em um momento, ela falou, rindo:

— Esse dia foi tão emocionante.

— Estou feliz por estar com você agora.

— Eu não havia encontrado minha alma gêmea antes, pois você ainda não estava aqui. Esperei por ti durante a maior parte da minha vida. Antes, eu sempre pensei que minha vida não tinha emoção. Mas você me livrou da monotonia.

— Nívia, eu preciso te dizer algo muito sério sobre minha sociedade.

Nívia parou de sorrir, olhou para o jovem extraterrestre e disse:

— Diga. Quero saber.

— Vamos conversar na praça que fica perto daqui. Quero te explicar algumas coisas.

— Está bem.

Eles chegaram à praça e se sentaram no banco. Ele disse:

— Nívia, você se lembra que eu falei que minha sociedade seguia leis assim como a tua?

— Sim. Eu lembro.

— Há uma lei que proíbe casamentos e outros tipos de vínculos entre virkonianos e humanos. Se alguém da minha espécie quebrar essa lei, ele será executado imediatamente pela polícia virkoniana. Eu não posso me casar com uma humana e nem fazer amizades com terráqueos.

— Por que instituíram essa lei?

— Eles dizem que é para evitar que os humanos saibam sobre a existência do meu povo. Os líderes virkonianos temem que os humanos aprendam a usar a tecnologia da minha civilização durante a convivência entre as duas espécies e o homo sapiens se torne uma ameaça aos vikonianos.

— Eu entendo.

— Se os policiais virkonianos descobrirem que você é minha namorada, eles vão me matar imediatamente.

— Então, nós não podemos ficar juntos. Você vai me deixar justamente agora que nós nos apaixonamos?

— Eu vou encontrar um modo de ficar perto de ti mesmo que eu tenha que fugir com você para outro planeta. Tudo vai ficar bem.

— Sabe, Raike. Eu pensei você era um semideus quando lhe vi pela primeira vez. Depois daquele dia, eu pesquisei sobre os semideuses da mitologia grega. Eu queria obter respostar para o que eu havia visto. Encontrei vários livros sobre esse assunto em uma biblioteca da cidade, porém eu li um a publicação que afirmava que os deuses do passado podiam ser extraterrestres que eram vistos como seres divinos pelos povos da antiguidade. Há relatos antigos sobre homens que brilhavam, o que sugere que os nativos viram algum ser que usava roupas prateadas. Segundo o livro, algumas lendas sobre anjos e deuses podem ser baseadas em fatos verídicos sobre interação entre ETs e humanos.

— Uma vez, um virkoniano me disse que ele esteve em uma aldeia indígena no interior do Brasil. Segundo ele, os nativos se curvaram diante dele e trouxeram oferendas quando o encontraram. Os índios pensaram que ele era uma espécie de deus. Isso aconteceu há 140 anos.

— Encontrei vários relatos antigos sobre gigantes que eram nascidos da união entre as filhas dos homens e os deuses da antiguidade. Os semideuses da mitologia grega eram também metade humanos e metade divinos. Encontrei algo em comum nessas lendas: houve um momento em que os deuses foram proibidos de ter filhos com as humanas. Se os deuses da antiguidade eram extraterrestres, então isso faz sentido. Esse detalhe sobre as lendas sobre deuses está relacionado com a lei virkoniana da qual você falou.

— Há milênios atrás, os seres da minha civilização podiam andar na Terra diante da vista dos humanos e interagiam com os terráqueos da mesma forma que estou fazendo com você agora. Naquela época, os virkonianos faziam experiências de reprodução com as mulheres terráqueas abertamente. Eles não se escondiam dos humanos. Mas, um dia, os líderes virkonianos começaram a ver a espécie humana como uma ameaça. Chegou um tempo em que os líderes virkonianos decidiram instaurar essa lei que proíbe uniões e vínculos de amizade entre os seres humanos e os virkonianos. Os terráqueos não podiam mais saber da existência da minha civilização.

— Eu entendo o temor dos líderes do teu povo. O medo deles em relação aos humanos tinha fundamento.

— Os vikonianos não tem um passado limpo. Minha espécie explorou os recursos naturais de vários planetas até a exaustão para alcançar um alto grau de desenvolvimento. Quando os vikonianos queriam um determinado planeta, eles dizimavam a população local para se apossar dos recursos naturais.

Os dois ficaram em silêncio em seguida.

Mundos distantesWhere stories live. Discover now