DE AMIGO PARA NAMORADO - Surpresas

Capítulo 1

Diferente do Edu sempre tive boa memória, e vou continuar contando essa história pra vocês. Mal eu sabia que a vida me traria tantas surpresas, boas e ruins.

[Não se esqueçam de ler usando a playlist]

Até hoje não sei definir aquele arrepio que me percorreu pelo corpo quando ouvi sua voz, talvez foi a entonação ou então o momento que eu estava vivendo, mas de uma forma aquela voz me tocou. Ele me disse boa noite e respondi o cumprimento.

Tomás, estava vestindo uma camisa social rosada de mangas longas, calça, sapato preto e relógio no pulso, em uma das mãos segurava um casaco preto e na outra um buquê de flores amarelas, bem bonitas, o rapaz era mais alto que o Edu, branco, olhos claros, na hora não consegui ver a cor, e o cabelo tinha um tom loiro.

Tinha vindo me te entregar as flores, eu claro nem acreditei que eram pra mim, aí ele explicou, disse que ele e sua mãe, apontou uma mulher loira muito elegante que estava perto da entrada do teatro conversando com Tia Lena, adoravam ir a teatros juntos e sempre traziam dois buquês, um pra primeira bailarina e um pra quem eles acharam que foi o melhor, que naquele dia tinha sido eu.

Fiquei muito agradecido, não esperava. Aquele era um hábito bem comum de quem frequentava teatros, mas geralmente eram as bailarinas principais, chamadas de primeiras bailarinas que recebiam as flores. Logo me disse que ia me deixar descansar, sorriu, apertamos as mãos e demos um rápido abraço.

- Olha, a primeira bailarina do Ballet Imperial ganhou flores? – Nicinho falou brincando quando me viu segurando o buquê nos braços.

- E ela vem toda toda com o buquê nos braços, vai casar? – Vitório brincou comigo.

- Quem te deu isso aí? – Rafael olhava como se eu segurasse uma bomba

- Ah que nada gente, um – Pensei e a primeira palavra foi príncipe – Admirador de teatro que me deu – Falei feliz com o mimo.

- Filipe – Tia Lena me chamou de longe.

- Vou lá gente – Já fui me tremendo, Tia Lena só falava com a gente se fosse para elogios ou duras críticas, e pior, do lado dela estava ele, o homem da comissão internacional – Oi Tia.

- Parabéns, estávamos aqui comentando seu excelente desempenho na apresentação – Ela disse e meu coração veio na boca – Esse é o professor Stefan, ele ficou encantado com sua técnica, físico, expressão facial, corporal e um pouco da sua personalidade, que ele não conseguiu ver melhor por conta da sua ausência no jantar – Se fez um silêncio.

Eu ia tentar argumentar, mas ela disse que não era necessário, pois tia Nêssa explicou os motivos, o homem me cumprimentou, falou que eu seria um bailarino incrível e que se fosse de minha vontade eu tinha uma vaga no programa intensivo de verão que a escola que ele era diretor oferecia.

Fiquei bem feliz, ele não estava me dando uma vaga de emprego e sim um curso. Um programa intensivo durava entre duas e cinco semanas, eram aplicadas aulas com grandes nomes da dança e passávamos o dia inteiro tendo aulas, ensaiando e aprendendo com os melhores.

Fiquei bem agradecido com o convite e disse que iria pensar com muito carinho, querer ir eu queria, São Francisco era uma lugar lindo, tinha a maravilhosa ponte Golden Gates que sempre aparecia nos filmes e a cidade era o berço das paradas LGBT, mas não era fácil, algumas pessoas da nossa escola já tinham ido, e a viagem tinha um custo de uns seis salários mínimos, então era um sonho.

*

Fiquei no teatro ajudando a guardar as roupas, carregar o caminhão, falei pra todos que vieram me ver dançar que poderiam ir sem mim, eu não tinha hora pra sair e queria me ocupar, falei pra irem no shopping comemorar o aniversário da nossa amiga e a chegada do meu irmão, mas eles não quiseram, a maioria ia fazer coisas no dia seguinte.