Capítulo 26

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- Mãe? - Perguntei.

- Oi filho - Ela disse me abraçando.

- Entra - Abri passagem e depois fechei a porta - Como subiu?

- Ah, Dona Ana estava chegando de viagem, com tanta bagagem que me ofereci pra ajudar, mas ela não quis - Minha mãe explicou.

- Ah entendi, gente velha é meio turrona - Falei ela sorriu - Como vão as coisas?

- As coisas vão bem - A negra disse - Ela parou de implicar com você?

- Sim, um doce agora, mas tem tempos que não há vejo - Comentei sentando no sofá.

- Ela devia estar de viagem, com aquele tanto de mala, se veio de avião deve ter pago excesso de bagagem com toda certeza - Ri - Que bom que ela não implicou mais com você, com o Edu ela também ficou mais calma? E do novo namorado, ela pega no pé?

- Mãe - Falei e parei pra pensar. Minha mãe disse aquilo apenas pra que eu soubesse que ela já estava sabendo do Tomás - Sabe que estou namorando?

- Sabia que era o Eduardo, mas tem um tempo que seu irmão e seu pai me falaram, e bem, você não faz questão de esconder isso em suas redes sociais - Ela ponderou.

- Estamos namorando desde dezembro mãe, só mudei o status do relacionamento semanas depois, e sim, estou namorando o Tomás - Falei.

- Não sabe ficar solteiro ou com a mesma pessoa Filipe? É por isso que as pessoas dizem que os gays são fáceis e tem uma vida sexual desvairada - Ela disse e fiz cara de ofendido.

- As pessoas falam dos gays porque não tem mais o que fazer, uma roupa pra lavar, um curso pra aprender algo ou uma televisão pra assistir, eu namorei o Eduardo e éramos muito felizes, nosso namoro acabou por conta de uma fatalidade, fiquei seis meses solteiro até Tomás me pedir em namoro, sou livre, posso sair com quem eu quiser, e agora tem seis meses que estamos namorando, se tiver algo contra sinto muito mãe, você vive sua vida sem me pedir palpite, estou fazendo o mesmo - Falei tentando não ser grosso.

- Nisso devo concordar - Ela pensou - Ele te faz feliz?

- Mas do que eu achava que faria ou que dava pra ser - Falei e sorri.

- Que bom, aproveita, pouquíssimas vezes me senti assim - Minha mãe completou, estava vestindo um terninho bege com uma camisa preta por baixo, nos pés salto de bico fino e cor escura - Ele trabalha? Estuda? É de boa família?

- A família dele é ótima, pessoas muito boas, eu, meu pai e Rodrigo passamos o ano novo lá - Ainda bem que eu podia dizer pra minha mãe que Tomás trabalhava e estudava, se não ela criticaria muito! - Ele ta fazendo teatro lá na escola de arte e trabalhamos juntos na empresa.

E nas horas vagas é meu gogoboy!

- Olha que legal, quando se formarem vão se apresentar na casa de festa de vocês? Montar um espetáculo circense? - Ela disse e riu - Que foi?

- Não teria problema nenhum se fosse isso, mas temos outros planos mãe, Tomás quer ser diretor de teatro e eu pretendo ser bailarino em alguma companhia - Falei.

- Vocês não sabem mais brincar? Sei disso meu filho, e como vão os ballets? Adorei aquele que você dirigiu, muito bem pensando - A de cabelo escovado disse sorrindo.

- Que bom que gostou! - Fiquei feliz - Deu trabalho mas o Tomás e os meninos me ajudaram com ensaios e direção, ah mãe, agora eu apresentei, temos reunião essa semana, avaliação e aí ficaremos sabendo os próximos passos.

DE AMIGO PARA NAMORADO - SurpresasWhere stories live. Discover now