DE AMIGO PARA NAMORADO - Surpresas

Capítulo 19

- Não vou – Falei quando Tomás me abraçou.

- Qual o problema? Hotel, viagem, a gente curtindo Salvador, vai ser maravilhoso Filipe, melhor carnaval – Disse me beijando.

- Não, eu quero ficar com você, mas aqui, você já gasta muito comigo Tomás, essa viagem faltando uma semana pro carnaval pro lugar que deve ser o mais procurado do Brasil nessa época vai custar uma fortuna – Retruquei.

- Eu pago uma fortuna pra ser feliz com você – Falou com os olhos brilhando.

Que lindo!

- Não precisa, vamos evitar despesas pros seus pais – Me preocupei.

- Nos meses que eu fiquei sozinho não gastei com nada, eles não se importam, sabem que estou feliz, vamos Lipe, por favor amorzinho – Me apertou e eu ri – Hein – Fez cócegas em mim – Eu e você em Salvador – Me apertava e eu ria – Circuito Barra-Ondina, conhecer o Farol da Barra – Nos abraçamos – Imagina a gente pulando enquanto Ivete, Brown, Olodum e Chiclete com Banana cantam.

- Seria ótimo, mas vamos deixar mais pra frente, eu gosto de ficar no seu quarto ou no meu, curtindo você, nós dois – Devolvi e me dei conta que estava excitado.

- Tudo bem, não quero ser ditador – Sorriu – Mas me diz – Apertou minha bunda – Esse pau duro aí – Falou no pé do meu ouvido – Bora transar gostoso?

Transar gostoso...

- Quando não é gostoso? – Perguntei e sorrimos.

Uma hora depois eu e o loiro estávamos na cozinha devorando os pães de queijo que ele tinha feito no dia anterior, ficamos mortos de fome depois de toda energia que gastamos no sexo, eu comia e olhava pra ele, pensando o quanto aquele safado era gostoso e sabia me dar prazer.

*

Mas logo o fim de semana acabou e voltei á minha realidade, doze horas de ballet, tinha um mês que eu estava naquela rotina, meu corpo começava a se acostumar, cada dia era um desafio novo, eu estava na turma do primeiro ano, quase sempre dividiam os mais avançados dos babys, eram assim que os que estavam há mais tempo nos chamavam.

- Eu quero ver leveza, suavidade, graciosidade, como uma pena no palco – Prof. Berto dizia enquanto valsava com a gente – Braço perna volta, isso Gisele, muito bom Filipe, continuem, quando dançarem Dom Quixote terão que finalizar o primeiro ato com quase quatro minutos de valse.

Gilberto era maravilhoso, um pai, ensinava tudo de um jeito maravilhoso, o homem tinha uma imensa experiência e a cada aula com ele eu me sentia melhor, me inspirava nele quando me alongava, é ótimo ter alguém pra olhar e dizer: Quero ser assim.

No meio da semana vinha à aula de Tia Lena que era sempre agitada e intensa, eu já estava acostumado com seu jeito duro e exigente, mas era muito divertido, pois a professora era muito experiente, tinha mais de quarenta anos de ballet, dançou em inúmeros lugares, pena que naquele tempo não tinha celular pra gravar.

Minha bomba era o fim da semana, eu entrava na sala tremendo da cabeça aos pés, não sabia o que Jairo iria querer, ele usava camisa de botões, calça e tênis, eu ficava atento a cada passo que o homem passava, não queria errar nada, olhei pra barra e vi que eu estava tremendo, dentro de mim me deu uma vontade enorme de chorar e correr, mas me segurei, em algum lugar da minha mente pensei no Tomás.

Enquanto o homem corrigia os outros alunos eu pensava no meu namorado e sorria, vinha todo tipo de lembrança, nós dois no cinema, no quarto dele, andando de carro, nossos sexos, meu sorriso era enorme, o professor parou do meu lado e ficou cuidando cada passo que eu fazia, depois de um tempo começou a falar e eu continuava pensando no Tomás.