Capítulo 18

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Tia Nêssa me chamou na escola de Arte, achei que era pra organizarmos as coisas, arrumar figurinos e elementos cênicos, mas não era isso, a mulher me convidou pra ser estagiário dela. Eu seria um ajudante durante as aulas, seria bom pra ela que poderia me ensinar e melhorar os níveis de suas aulas, bom pros bailarinos que conseguiriam receber mais atenção na execução dos passos e correções e seria ótimo pra mim que iria aprender com alguém muito experiente, poderia passar meu conhecimento a eles.

- Claro que sim tia, vai ser ótimo – Falei.

- Que bom, vamos usar o encontro de hoje pra fazer uns planejamentos, mas acho que vamos precisar de outros – Ela sorriu e me olhou – Espero que você aproveite muito, minha intenção é que antes de estar formado você já saiba conduzir as aulas.

- Vou me esforçar muito – Falei.

- Então querido, você irá me auxiliar com a terceira e quarta turma pré-preparatória, será puxado, você vai ter aula do profissional de oito á meio dia e de uma ás seis, ás seis já começa a aula do terceiro pré e ás sete a do quarto, se você fizer jazz, sapateado ou outra modalidade vai acabar saindo da escola ás nove da noite, preparado? – Ela perguntou.

- Quando a gente começa? – Devolvi.

Realmente, minha rotina ia ser bem pesada, iria fazer nove horas de aula no profissional, estagiar mais duas horas e ainda ter jazz no fim do dia, ia chegar em casa dez horas da noite completamente acabado, mas muito feliz.

Eu e Tia Nêssa começamos a planejar as aulas, as apostilas vinham apenas com os nomes dos passos, a música poderia ser qualquer uma, a professora gostava de usar um CD com MPB versão clássica, era ótimo fazer aula com aquelas canções, foi uma das coisas que senti falta quando Tia Lena começou a nos dar aula.

Segundo minha professora eu tinha ido muito bem, falou que no começo era complicado de entender, mas que peguei bem. Foi desafiador, ela ficou no papel de aluna e eu era o professor, tinha que ler, pensar nos passos, posição de pés, braços e toda a execução, isso em alguns segundos pra depois passar pros alunos.

Como elas faziam aquilo?

Foi muito bom, Tia Nêssa fez todos os tipos de aluno, aquele mais aplicado, o relaxado, o cansado, o que não pegou a coreografia, o confuso, ás vezes eu ria e ela dizia que eu não podia rir, pois ela estava sendo exagerada, mas ás vezes acontecia exatamente daquele jeito, falou pra eu sempre perguntar se todos entenderam e pra observar as expressões faciais, se visse muitos rostos de dúvida eu repetia mesmo que eles dissessem que tinha entendido.

Saí da escola feliz da vida, dançar era maravilhoso e a sensação de ensinar era melhor ainda, ela disse que pra comemorar aquele novo passo tinha comprado uma calça de dança pra mim, mas que as roupas que eu tinha eram boas e como eu já dançava há algum tempo tinha bastante coisa, que eu podia ir sempre com roupas diferentes e preferencialmente na parte de cima vestisse algo que mostrasse meus movimentos e a expressão corporal.

*

- Da pra ver que você ta super feliz – Tomás disse enquanto dirigia em direção ao shopping.

- Ah, foi muito bom mesmo, ela me ensinou tanta coisa em três horas, vou sentir saudades das aulas da Tia Nêssa – Falei olhando a rua.

- Ela não vai mais te dar aula? – Perguntei.

- Não, ás vezes ela faz umas colaborações com o grupo profissional, mas teremos outros professores, tem uns que me dão medo, pelo menos vou poder matar a saudade sendo estagiário dela – Falei feliz.

DE AMIGO PARA NAMORADO - SurpresasOnde as histórias ganham vida. Descobre agora