Capítulo 41

1.1K 87 260
                                    


Naquele primeiro mês tínhamos aprendido muitas coisas, os bebês nos davam sinais que ninguém precisava nos dizer, agora nós os conhecíamos, quando Miguel me encarava muito concentradamente estava fazendo coco ou quando o rosto deles estava muito avermelhado era calor, nossa cidade era muito quente, às vezes tínhamos que recorrer ao ar-condicionado, mas evitamos bastante e eles bebiam muita água, mas isso não era um problema.

Já sabíamos que tínhamos que colocar pra arrotar, às vezes eles choravam porque estavam com sono e queriam que os colocássemos pra dormir, e tinha um choro que era alto e curto, parecia um grito, aquele era o choro de atenção, tínhamos que conversar com eles. Os meninos se saiam muito bem e tinham particularidades com os filhos.

- Filipe, olha isso - Edu me gritou - Liz estava chorando com lágrimas, apareceram.

- Que linda - Eu que fiquei emocionado - Mas porque ela ta chorando?

- Irritada com a televisão - Disse e desligou, aquilo acontecia às vezes, eles amavam som do chuveiro, da máquina de lavar, da geladeira abrindo, do ar condicionado ligando, mas odiavam o da descarga, do trânsito, de salto alto batendo no chão e principalmente da televisão - Vem cá filha - Ele disse pegando nossa bebezinha no colo, e colando a bochecha na dela, era mágico, qualquer choro que ela tivesse parava ou amenizava, lindo!

Tomás também tinha aquilo com Miguel, o menino se abria de um jeito que só acontecia quando o pai o segurava no colo, parecia um pavão abrindo as penas, sorria, ficava encantado, quase fazia o mesmo com Val, Beth e Tio Carlos. Alguns pais dizem que quando tem gêmeos a atenção acaba indo mais pra um do que pro outro, mas isso quase nunca acontecia, Miguel me ignorava a maioria do tempo e só queria saber do Tomás, mas tinha situações que só eu o acalmava, já Liz gostava que eu cuidasse dela, banho, comida, trocar a roupa, mas gostava de brincar com Edu.


*


Esse foi o meu mágico primeiro mês, saí com meus colegas, fomos ver um ballet contemporâneo que tinha estreado no Theatro Municipal, Edu também foi no jogo do time dele com o pai, perguntou se podia levar nossa filha, eu quase o matei, ele disse que estava brincando, Val e Petro também estavam levando Tomás pra passear, conseguiram arrastar o bonitão pra casa de campo.

Os padrinhos eram incríveis, até Caio, mesmo de longe, todos os dias ele ligava pros afilhados que pareciam reconhecer sua voz, ficavam olhando com cuidado a tela do celular. No dia quatro de agosto fizemos uma festinha de um mês pra eles, foi muito divertido, mas os aniversariantes mesmo ficaram bem pouco, a casa estava cheia, eles gostavam, mas também se irritavam, ainda mais com muita gente os pegando.

E eles ainda dormiam muito, o que pra nós era entediante. No dia seguinte da festa tivemos a primeira consulta dos dois, de manhã a Liz e de tarde o Miguel, fizeram pesagem, estavam crescendo muito bem, não tinha nenhuma vacina pra tomar, só no próximo mês, e a questão do ouvido do Miguel estava perfeita, era realmente apenas uma friagem. Tanto na consulta com Alex, como Silvana, os dois passaram mais tempo pedindo do parto, da gestação e de nós do que falando sobre o primeiro mês, ficamos feliz por estar tudo bem, eles nos elogiaram e falaram pra termos paciência nesse próximo mês. Eu não sabia que ia precisar de tanta!


*


Eu surtei, em quinze dias eu simplesmente surtei! No dia seguinte às consultas começou nossa rotina, e precisou de duas semanas pra eu querer ajuda até do papa caso ele pudesse. É que os meninos ficavam com eles durante o dia, Tomás de manhã, Edu de tarde, Beth, Vó Rosa, Tio Carlos e Val sempre estavam por lá, mas a à noite eu chegava, Edu ia pra casa de festa, eu já tinha ensaiado o dia todo, dado aula, feito exercício, chegava em casa e os bebês estavam lá, mamadeira, fralda, lavar roupa, comida.

DE AMIGO PARA NAMORADO - SurpresasWo Geschichten leben. Entdecke jetzt