DE AMIGO PARA NAMORADO - Surpresas

Capítulo 5

Já era a terceira vez na semana que eu estava daquele jeito. A vida tava tão sem graça, tive uma fase muito boa, depois uma muito ruim e agora as coisas estavam no meio do caminho e eu estava enjoado, não fazia nada, ia pra escola, pra escola de Arte e voltava pra casa, ás vezes tinha alguma coisa do grêmio, mas nada demais.

Era ótimo ter tempo pra ficar horas no telefone com Ritinha, ficar trocando mensagem com Caio até altas horas. Mas me faltava alguma coisa. E eu sabia bem o que era, como é que as pessoas que foram casadas conseguem ficar sozinhas depois? Depois de acostumar com os beijos, abraços, sexo e a companhia da outra pessoa.

Voltei a ter a mesma vida que tinha antes de namorar o Edu e não era ruim, o problema é que eu tinha experimentado estar com outra pessoa, ter um relacionamento, e quando ele acaba tudo faz falta, até as brigas. O problema não era estar solteiro e sim como eu fiquei sozinho, se tivesse acabado por falta de amor, briga, agressão, ou qualquer coisa ruim tudo bem, mas não foi bem assim.

Parei de pensar naquilo, não ia mudar, só quando Eduardo voltasse e quisesse ficar comigo ou se eu arrumasse um namorado novo. Levantei e fui comer, setembro era sempre igual, uns dias bem quentes, outros frios e chuva, como naquele momento, Rodrigo estava na casa de Ritinha, sempre perguntava se eu queria ir, mas achava chato, já via ela a semana toda, tinha que deixar eles namorarem.

*

- Retirê, fica cinco, seis, sete – Minha perna já estava doendo enquanto Tia Lena falava os movimentos e fazia a contagem de tempo – i oito, desceu, quinta posição. Cansados? No fim desse mês teremos o teste bimestral e na nossa banca estará Tia Nêssa e uma bailarina do grupo profissional, estão liberados.

- Obrigado – Falamos enquanto aplaudíamos, era de costume no fim das aulas de ballet os alunos aplaudirem os professores.

- Nossa eu to morto, essa mulher acaba comigo – Nicinho disse passando a mão no cabelo.

- Vai deixar o cabelo crescer amigo? – Perguntei.

- Vou sim, fazer um permanente depois, ficaremos irmãos – Falou e rimos enquanto descíamos as escadas.

- Chegaram as safadas – Vitório falou quando nos viu entrar.

- Porque saiu antes da aula terminar? – Perguntei tirando a camisa.

- Tia Nêssa queria falar do espetáculo de fim de ano – Respondeu.

- Solo! – Eu e Vinicius falamos juntos.

- Quem? – Rafael perguntou entrando no ambiente.

- Vitória – Nicinho devolveu.

- Já vou indo gente, tchau Rafa – O mais esguio falou e saiu do banheiro.

- Tchau, boa noite gente – O quase loiro sorriu – Tia Lêna é sempre assim?

- Nem fale, ela ta boazinha é bem pior quando quer – Falei.

Trocamos de roupa e logo saímos, agora eu já não chegava m casa tão tarde, a aula de Tia Lena era mais cedo, pois ela tinha muitos compromissos, então as sete já estávamos saindo da sala, logo Nicinho foi e eu fiquei conversando com Rafa.

- Lipe – Ele disse me olhando.

- Fala – O olhei.

- Longe de mim querer te pressionar, mas quero que saiba que a hora que se sentir pronto pra começar a tentar novas coisas eu estou aqui ta? – Ele disse e senti meu rosto queimar – Ta tudo bem?

- Sim – Eu sorria, que sensação estranha ter o rosto tão quente – É que eu não sei o

- Não precisa falar nada – Disse ficando na minha frente – Quando começara a sentir só haja naturalmente – Me deu um beijo na bochecha e sorriu – Fica bem – Saiu andando.