Capítulo 31

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- Como assim brigados? – Edu perguntou enquanto descansávamos nas cadeiras.

- Ah, eu e o Filipe tivemos algumas divergências essa semana – Tomás disse.

- Desculpa me meter, mas explica melhor, porque eu vi vocês tão bem aqui na casa de festa – Edu sorriu.

- Aqui era tudo certo, mas o problema era fora do trabalho, ciúmes, birra, guerrinha, um monte de coisas, enfim, já foi – O loiro falou e coloquei a mão na testa.

- Mas porque tu não me falou naquele dia que eu fui lá na tua casa? Ficamos conversando até sei lá que horas – Eduardo começou e eu sabia que se ele entendesse tudo a coisa não ia ficar legal.

- É que – Eu tentei falar.

- É que ele te chamou pra fazer ciúmes em mim Eduardo – Tomás olhou pro meu amigo que estava confuso – E dias depois eu chamei meu ex e fiz umas fotos com ele só pra fazer ciúmes nele – Edu olhou pra mim.

- Pera aí, vocês estavam brigando aí vocês me usaram nesse joguinho de empurra-empurra, é sério isso? – Ele parecia chateado – Quer dizer que eu tenho que ser seu amigo, mas na hora que eu sirvo pra fazer o papel de ex você me usa – Disse pra mim.

- Edu não fica chateado – Tomás tentou tranquiliza-lo.

- Os dois estão muito errados, você porque ta brigando com meu amigo – Ele disse pro Tomás – Falei pra ele que se você arranhar o coração dele eu vou fazer uma oca pros índios com teu cabelo – Meu namorado ficou surpreso e tive vontade de rir – E que palhaçada, chamar o ex pra isso, coisa mais feia, para com isso cara de angu, tem sei lá, vinte e cinco, trinta, quarenta mil anos de idade e fica nessa – E você? – Me olhou.

- Edu – Tentei argumentar.

- Nem começa, porque eu sei todas as suas respostas decoradas, tem quase dez anos que eu te conheço, que coisa mais feia Filipe, ficar brigando com teu namorado, você e eu sabemos muito bem o quão horrível isso é! E digo isso com todo respeito ao ancião que ta sentado ali – Apontou pro loiro que sorriu – Eu to bem surpreso com isso, achando que você tinha me chamado pra a gente conversar, ficar um tempo junto, e não, eu estava no meio desse joguinho – Me olhou sério.

- Edu, já nos acertamos – Tomás falou.

- Ainda bem! Não quero ver mais isso hein! Vocês têm que se dar bem né? Se é pra ta junto que seja direito – Ele disse e pegou a mochila, perguntei onde ele ia, pois iríamos voltar juntos, Tio Carlos ia nos dar carona – Vou pra casa sozinho Filipe, Tomás te leva.

Quando ele saiu eu e meu namorado nos olhamos com cara de filho que levou bronca, sabia que Edu estava chateado, mas logo ia passar, Tomás me levou pra casa. Durante a semana mal nos vimos, eu estava ficando exausto, entrando na escola de Arte sete e meia da manhã e saindo dez da noite, mas agora meu neném me levava pra casa e em algumas noites eu ficava lá.

Eu estava adorando a experiência do estágio, eu estava com a turma básica, eram os iniciantes, não os pequeninhos, esses tinham que ser instruídos por professoras com muita experiência, eu estava com os grandes, alunos de quinze a dezenove anos, mas a maioria não passava dos dezoito. Eles me achavam super profissional, o melhor bailarino, eu estava no mínimo seis turmas na frente deles, era como alguém do ensino fundamental olhado pra uma pessoa do terceiro ano.

E eles diziam que não era só na sala de aula, que me admiravam meu estilo, meu cabelo, até meu namorado, quase todo mundo sabia que eu namorava o "cara loiro bonitão" do teatro, e olha que nem ficávamos grudados na escola de Arte. Era ótimo quando eu estava parado na entrada do lugar onde eu aprendia a fazer o que mais amava e ele aparecia, parando o carro lentamente e abaixando o vidro, eu entrava no carro e nos beijávamos, e me sentindo agarrado à um príncipe num cavalo branco ele me levava pra casa.

DE AMIGO PARA NAMORADO - SurpresasWhere stories live. Discover now