Capítulo 42

1.7K 73 378
                                    

- Cinco, seis, sete i oito, olha o braço, dois, três, quatro, atenção à cabeça, sete i oito – Tia Lena falava enquanto eu dançava. O espetáculo estrearia em dois meses, e eu tinha que está perfeito, eu estava muito bom, mas não perfeito!

- Filipe!!! – Todos falaram quando eu caí e rolei por cima da mesa e cadeira do cenário além de atropelar duas meninas.

A minha cabeça doía tanto! Eu queria gritar com o Jardel, mas não podia afirmar que tinha sido ele, porém eu jurava que tinha sentido seu pé! Acho que colocou de propósito pra que eu caísse, às vezes aconteciam coisas muito cruéis no meio do ballet, algumas pessoas usavam os meios mais baixos pra conseguir o que queriam. Mas não posso negar que o dia tinha sido de muito ensaio e o chão tinha gotas de suor.

- Não, eu não vou pra lugar nenhum! – Falei determinado.

- Filipe meu filho, você caiu bem feio, rolou por cima das pessoas, das coisas – Tia Nêssa dizia preocupada.

- Não vou, ta doendo porque foi recente, mas vai passar – Sorri pra elas.

- Tia, a minha mãe tá aqui na frente me esperando, posso pedir pra ela dar uma olhada – Uma das bailarinas falou.

- Ótimo, chama ela sim querida – Nossa professora falou. A mãe da menina era fisioterapeuta.

Disse que estava inchado e provavelmente eu tive uma luxação no joelho, e que meus músculos da perna estavam estressados e inchados. Ela disse tudo o que eu tinha que fazer, mas me recomendou procurar um clínico geral ou um ortopedista, disse alguns remédios que eu poderia comprar pra aliviar as dores, e que eu teria que fazer uso de faixa imobilizadora.

- Você tem certeza, amigo? – Vitório me perguntou enquanto eu esperava Tio Carlos chegar.

- Não, isso que é o pior! – Bufei prendendo meu cabelo.

- Se for a gente vai deixar a Jardel careca, aquela gay maldita vai receber um belo corretivo – Nicinho disse se empolgando.

- Eu não sei gente, pode ter sido o suor, e eu também senti minha perna falhar, fui executar o movimento e simplesmente não consegui concluir – Falei.

- Ah isso é muito comum com os bailarinos, às vezes o tendão trava ou o músculo enrijece – Rafael falou passando a mão pelo cabelo.

- Sim – Falei abaixando a cabeça, estava doendo um pouco, na hora da queda doeu mais, mas logo passou.

Eles ficaram me olhando com uma carinha de pena, eu sabia o que estavam pensando, mas eu não acreditaria naquilo, nem os deixaria acreditar! Segundo a mãe da Roberta, em vinte dias aquilo teria passado e eu ia me empenhar ao máximo que pudesse!

- Ei, não fiquem assim, eu vou dançar no fim do ano – Olhei pra eles – Ta ouvindo Vitório?! – Ele estava de cabeça baixo, me olhou.

- Promete? – Pediu.

- Claro! Nós vamos dançar juntos, você vai ver! Vai ser lindo! – Falei e eles sorriram.

Nem preciso dizer que em casa foi a maior euforia por conta do que tinha acontecido, Tomás, Edu, Tia Kate, Vó Rosa, Tio Carlos, Beth, todos eles em cima de mim, preocupados, mas eu estava bem. Logo meu tio foi na rua comprar as coisas que eu precisava tomar.

*

Naquele semana teria o aniversário do Edu, ele ia fazer uma festinha em casa, como as que fazíamos antigamente quando éramos adolescentes, seria em dois dias. O pessoal da escola de artes falou pra eu só voltar segunda-feira, mesmo assim só se me sentisse bem, Petro falou com um amigo dele que era médico e o homem recomendou que eu ficasse parado por no mínimo duas semanas.

DE AMIGO PARA NAMORADO - SurpresasWhere stories live. Discover now