Capítulo 40

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- Licença – Ouvi a voz de uma mulher, era uma técnica de enfermagem, veio trazer os bebês.

Aqueles carrinhos que eles ficavam eram lindos, parecia até filme de futuro, porque era todo transparente, tinha a rodinha no chão e no alto o cestinho onde eles ficavam. Na sequência uma enfermeira obstetra entrou, Regina, era alta, cabelo escuro avermelhado, me avisou que eles já tinham tomado as primeiras vacinas como havíamos combinado.

- Oi Filipe, parabéns – Disse parada atrás do suporte aonde estavam os bebê, olhou a prancheta que estava em suas mãos – Foi passado o óleo antibiótico para proteger os bebês de qualquer organismo nocivo que pode existir na flora vaginal da mãe, a vitamina K também foi aplicada pra prevenir hemorragia – Olhou pros gêmeos – Tadinhos, ainda não produzem suas defesas – Na colheita do sangue do calcanhar não achamos nenhuma deficiência e aqui está o resultado do fator Rh – Peguei os dois papeizinhos.

- Ela é A positivo, e ele O negativo – Falei lendo – Entendi, ta tudo certo então?

- Tudo certo, perfeitos – Ela disse – Vamos autorizar a subida dos dois acompanhantes, já solicitamos uma remessa de leite materno do banco de leite para que eles possam tomar enquanto estiverem aqui – Concordei – Se vocês não tiverem nenhuma complicação devem ter alta em no máximo quatro dias, volto daqui a pouco, e aí começamos a introdução do método canguru, tudo bem?

- Tudo sim – Sorri – Parabéns novamente, logo eu volto.

- Quanta coisa que ela disse, leite materno, jeito canguru, a negativo, célula K, e – Quando eu ia falar mais alguma coisa algo chamou minha atenção – Claro, vocês – Olhei os dois, era Miguel que mexia a cabecinha – Quem eu pego primeiro? – Vou pegar você, já que saiu primeiro, minha filha – A abracei e Miguel parecia sentir que a irmã não estava ali, soltou um chorinho, parecia que estava incomodado – Ta, já entendi – Troquei – Foi a vez dela fazer a mesma cara de desconforto – E agora?

Eu não me sentia tão seguro pra ficar com os dois no colo, ia deixar eles caírem. Tive uma ideia, levantei uma das barras laterais da cama, fiquei do outro lado e coloquei eles deitado de frente pra mim, de barriguinha pra cima, fiquei entre eles, de barriga pra baixo, só meu tronco estava no colchão, meus pés tocavam o chão.

- Vocês são as coisas mais linda do mundo, eu achei que iam ta chorando ou acordado, mas não tão – Dormiam tranquilamente, quase três quilos cada um, os dois com quase cinquenta centímetros – Como são vermelhinhos, inchados né? Eu devia chamar você de Gisele e você de Dom Quixote, pronto, filhos de bailarino com nomes de ballet – Falei e ri – Que idiota o pai de vocês é né? – Falei passando a mão neles com calma – Miguel e Liz, vocês são perfeitos, aliás, falando nisso, vamos conferir.

Não sabia se deveria, mas precisava saber se estava tudo certo. Sim, vinte dedos, duas orelhas, nariz direitinho, os olhinhos às vezes abriam, língua, pinto, vagina, tudo lá, e eles tinham um cheiro tão de recém-nascido, foi aí que eu me dei conta, Miguel abriu os olhinhos e me olhou por alguns segundos e pude ver: azuis ou verde, como os da mãe, e que nem o Tomás! Eram tão lindos, eu me senti como se tivesse ganhado dois brinquedos, porque era isso que pareciam, dois bonequinhos, mas eles ficavam o tempo todo de olho fechado, mal abriam, isso me dava agonia, não via a hora de estarem conversando comigo, pedindo coisas, falando palavras, meus olhos molharam na hora.

- Hoje é o aniversário de vocês sabia! Parabéns pra vocês – Eu sussurrava.

Peguei minha filha no colo, ela nem sabia o que estava acontecendo, tão pequena, tão dependente de mim, quando a peguei no colo lembrei do Eduardo, foi involuntário, dei risada, olhei pro meu filho e vi que senti o mesmo, lembrei do Tomás. Liz, tão linda! A cheirei, apertei levemente contra o meu corpo, incrível como podia ser minha! Eu era pai daquela coisinha!

DE AMIGO PARA NAMORADO - SurpresasWhere stories live. Discover now