Capítulo 8

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Como na última semana de setembro a escola estava em prova, as olimpíadas foram adiadas para a primeira semana de outubro. Todos estavam animados, era sempre assim, parece que aquele tal espírito esportivo ficava pairando sobre a escola e tudo ficava mais legal.

Eu estava exausto, tivemos pouquíssimo tempo pra organizar tudo, mas valeu a pena, naquele ano a direção tinha convidado ex-alunos que eram ótimos em certas modalidades e eles fizeram a abertura falando de suas experiências, contando como eram as olimpíadas escolares na época deles e tudo mais.

Eu estava morto, porque no domingo tive que ir descarregar o caminhão, não demorou muito, umas duas horas e meia, já fiquei com um dinheiro a mais, eu ainda tinha grana do dia que trabalhei no casamento, não estava esbanjando, nem tinha dinheiro pra isso, o pouco que recebi deixei guardado, podia precisar a qualquer hora.

- Melhor time de queimado do mundo – Um aluno do primeiro ano gritou pra mim quando terminamos a partida.

- Obrigado meu bem – Falei piscando pro garoto e saí rindo com o time.

- Olha ele, paquerando o guri do primeiro ano? – Caio disse super animado.

- Para Caio, falei só pra agradar ele – Brinquei – Fico lembrando de quando eu era do primeiro ano e via um menino do terceiro achava eles uns deuses.

- Hoje o deus é você bebê – Ritinha falou estalando os dedos.

- Parabéns time, ganhamos mais uma! – Falei pulando.

Fui pra escola de Arte feliz da vida, ser do time de queimado era maravilhoso, treinávamos bem pouco, na verdade só treinávamos na educação física, era uma coisa que mesmo muito triste eu não abria mão de fazer, primeiro que adorava vestir aquele short curto e a camiseta e sempre me sentia melhor depois do jogo.

Nas aulas de ballet estava indo tudo bem, as professoras de dança, principalmente ballet sempre foram conhecidas por seu jeito duro e áspero, até grossas ás vezes, sempre soube que elas faziam isso pro nosso bem, assim como as mães, nunca me incomodei, Tia Lena percebia isso em mim e acho que por isso ela era um pouco mais exigente.

Terminamos a aula, na sala da frente estava o pessoal do profissional ensaiando, era comum outros bailarinos ficarem na sala assistindo, eu não fazia muito isso, pois sabia que deixava os que estavam ensaiando nervosos, mas saí bem na hora que o grupo de meninos estava ensaiando o que parecia ser a coreografia dos rapazes da aldeia do ballet Dom Quixote.

Sapatilha bege, calça até os joelhos bem folgadinha e sem camisa, apenas com o colete, me escorei na porta que estava aberta e fiquei olhando eles dançarem. Um mais lindo que o outro, conforme dançavam suas barrigas mostravam definições perfeitas, fora os sorrisos e os outros músculos do corpo que pareciam brilhar com o suor que escorria, reparei que minha boca estava seca e eu não conseguia parar de olhar.

- Não sei como você aguenta, ela chama o seu nome umas quinze vezes por aula, hoje foram onze – Vitório disse baixinho.

- Que susto Vitório, nossa – Falei pondo a mão no peito, ele apenas me olhou – Ah eu não ligo, ela sabe que eu não me importo – Falei indo em direção a escada pra chegar no térreo e ir pro vestiário.

- Ta tudo bem Filipe? – Ele perguntou quando chegamos no banheiro.

- Sim ta sim – Falei ainda meio confuso.

- Ah sim, entendi – Disse pegando sua mochila.

- Tchau até mais – Acenei pra ele e saí do vestiário, tinha vestido a calça jeans e a camisa por cima da roupa debaixo mesmo.

DE AMIGO PARA NAMORADO - SurpresasWhere stories live. Discover now