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Vê-lo a minha frente altera todos os meus sentidos, me faz querer aceitar o errado para que tenha logo um fim.

—Para não dizer que sou injusto, dou-lhe o até a outra semana e nada mais. Te darei proteção, pode pedir por mais se quiser também. -Se ao menos compreendessem que eu não quero nada.

°°°

Descobri ser menos de um mês a minha estadia aqui, em desespero procurei em um classificados de emprego, mas não encontrei nada para uma garota da minha idade.

Fiquei feliz quando vi que tive um retorno, quase chorei quando soube do que se tratava. Prometiam ótimos ganhos, um trabalho noturno, até moradia, ao fim disseram com clareza, uma oportunidade para se aventurar na vida de garotas de programa.

Doeu em mim pensar que esta é uma das possibilidades. Nada mais me apareceu, nada que não seja desse tipo. Foram umas cinco ligações recebidas, todas voltadas para esse intuito, a madre teria um surto se me visse submersa em um mundo de pecados.

Pequei ao me deixar ser beijada duas vezes por pessoas que eu não conhecia.

—Aly, está chorando? -Adam ainda de longe consegue me ver e caminha até mim. —O que aconteceu? -Algo me diz que lá no fundo, ele sabe.

—Não, Dam, só quero voltar para casa.

—Mas você não tem casa. -Analisa em voz alta só depois me olhando com pena. Repúdio isso, não quero esse olhar direcionado a mim.

—Ainda não! -Passo uma firmeza que não tenho.

—Certo, nos vemos por aí! -E ele sai.

Adam não se parece em nada com o menino que me recebeu todo feliz no primeiro dia. Menos ainda com o garoto que me protegeu. Seria tudo uma farsa? Ele está estranho, como se estivesse doente. Olhos vermelhos, assim como o nariz, boca seca e uma aparência cansada com uma mistura de despreocupado.

Algo me diz que talvez eu já tenha visto isso em algum filme ou noticiário antes, mas não me vem nada na cabeça. Ele não é o primeiro que eu vejo assim desde que coloquei meus pés aqui, dentre muitos, Leonard e Jason são dois deles.

(...)

O intervalo passou rápido, sem forças de vontade não voltei as aulas. Não tenho cabeça para isso e já reparei que aqui não há castigos, um bom benefícios. Meus pés brincam dentro da água gelada da piscina, não há muitos alunos aqui, é contável o número de pessoas.

Não sei explicar o que aconteceu, não tive reação até sentir a água encobrir meu corpo, passei a me debater no susto, tentando me acalmar aos poucos.

—A princesinha está se afogando! -Joane grita em meio aos risos, ignoro. —Vai morrer aí!

Resolvo que já é hora de sair, obrigado dona Jenna por me obrigar a frequentar as aulas de natação. Saio com tamanha facilidade quanto o sorriso de Joane some. Aproveito a brecha e me aproximo sorrateiramente, num impulso a empurro, levando junto suas amigas que andam com elas de braços dados.

Mais um item para minha lista de pecados. Este valeu à pena.

—Sabia que nesse coraçãozinho existia um pouquinho de maldades. -Pathrick me abraça ignora o fato de eu estar molhada. —Tão pequena, parece um chaveirinhozinho.

—Essa palavra não existe! -Declaro e ele sorri em deboche.

—Quem liga? -Sou puxada por ele até atrás da escola, não entendi até ver Adam numa roda de quatro garotos.

—O que está acontecendo? -Adam recebe um soco, tomo o impulso de me levantar, mas Pathrick me seguro. —Me solta!

—Vai enfrentá-los sozinha? -Transparece sua raiva, ainda assim me solto dele e vou até a roda de garotos.

—Adam! -Corro até ele e o puxo para mim, ele já está bem machucado, se assusta quando percebe que sou eu ali.

—Alysson, sai daqui, por favor. -Com a voz falha, súplica.

Olho em volta procurando por algo para me auxiliar. No chão há o que parece um pedaço de ferro quebrado, isso iria os machucar. Um pouco longe há um cabo de madeira, só preciso alcançar ele.

Saio e vou até ele, os garotos me ignoram, ainda zombam de Adam que, sua protetora havia ido embora. Pego com agilidade o pedacinho de madeira, não é tão pesado quanto eu esperava, mas irá servir.

—Solta ele! -Peço, primeiro devemos usar da educação, mas outra vez fazem como se eu não fosse nada ali, nem olham para mim. —Bom, foi vocês quem pediram.

Dou uma rasteira no maior deles, ele cai com muita facilidade, me dando espaço para tentar chegar até os outros. Antes que um deles me alcance, o acerto com a medeira, vendo-o cair sentado.
Aponto a madeira para os outros dois e acerto de longe o menor deles, este prefere correr dali, deixando por último um garoto de olhos puxados.

Verifico como está os outros dois, mas estes, como o outro, desistiram muito fácil.

—Duvido que tenha tanta coragem sem isso nas mãos. -Declara e eu solto o pedaço de madeira. —Agora você está fodida.

Ele vem para cima de mim e desvio o acertando um soco pelas costas. Não lhe dou tempo para reagir, o forço a cair no chão em meio a socos. Me desestabilizo quando ele consegue me acertar no rosto, mas já no chão subo por cima dele lhe dando uma sequência de socos, sei que mais tarde isso vai doer mais em mim, mas não consigo considerar parar agora.

Senti me puxarem, ainda assim consegui chutar-lhe duas vezes com um sorriso estampado no rosto. Num canto, Adam me olha como se eu fosse um bicho de sete cabeças. Pathrick me solta e me olha desacreditado.

—Acho bom isso não sair daqui, está entendido, Najhi? -Pergunta Pathrick. Então é este o nome do garoto...

—Acha que vou sair me vangloriando por ter apanhado de uma garota. -Quase sem voz, responde em deboche.

—Acho ótimo porquê ela vai ser nossa arma secreta. -O olho desentendida. —Você briga igual homem, princesa!

—Dam! -Puxo Adam para mim e o aperto. —Me explica o que está acontecendo? Por favor!

A Alysson é uma caixinha de surpresa. Para alguns pode parecer covardia, mas a Alysson não é o tipo de garota que se encolhe perante um homem numa briga. É uma questão de igualdade, ela não quer ser só mais uma mulher a mercê dos homens do mundo, menos ainda ser melhor que eles, só quer respeito e dará o mesmo.

Espero que tenham gostado, até o próximo capítulo!

Assalto Where stories live. Discover now