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Se disseram em algum momento da vida que as pessoas teriam de passar por tantas provações, provavelmente eu havia ido ao banheiro nesta parte.

-Triny Martins

♥♥♥

Há muitas palavras que podem me definir neste momento, desastrada é uma delas. Devido ao ocorrido anteriormente, acreditei veemente que o serviço relacionado ao meu pai foi automaticamente descartado, esquecido, um breve engano meu.

—Escolhe qualquer coisa aí! -Impaciente, Montanha, mandou e voltou a guardar algumas coisas na mochila.

É oficial, me tornei uma criminosa. Neste momento estou escolhendo algo que possa me ajudar a roubar um restaurante, é, David tem um restaurante, vários deles pelo que descobri. O grande problema é que nada aqui me parece útil ou interessante.

—Uma arma, Alysson! -Está foi a vez de Pathrick perder a paciência comigo, totalmente desnecessário. —Qualquer coisa, só pega e enfia nessa merda. -Refere-se a mochila.

Precisei de somente mais vinte minutos para me decidir entre duas armas que, segundo Pathrick, não faria diferença nenhuma já que eu não sei usar. É tão difícil assim entender que se for para entrar na vida do crime, para o lado errado da força, que seja da forma correta.

—Ok, Harley. -Um sorriso involuntário surgiu em meu rosto e sumiu logo que vi a seriedade no rosto de Jason que ao seu lado, A1k, o abraçava e sorria de forma engraçada para mim.

—Você tem que ter uma máscara aí, uma arma e uma faca. -Em um aceno afirmei para Montanha ter todos os itens. —Então estamos prontos.

Todos seguiram em direção à saída e também o fiz, mas cai de cara no chão ao tropeçar em algo. Não os culpo por ter rido, foi até educado o ato de me ajudarem a levantar do chão.

—Isso pode matar alguém! -Me vi exaltada e apontando para um bastão no chão.

—É, pode sim...

Jason só confirmou enquanto andava, mas visto que eu não saíra do local, voltou e seguiu me arrastando junto do então bastão.

♥♥♥

Diante a um enorme e luxuoso restaurante, em minha cabeça analisava as minhas várias opções, só que no instante momento eu tinha algo equivalente a zero. Jason não aparentava nervosismo, nenhum deles, para ser sincera. Pouco a pouco a minha esperança deles se arrependerem foi morrendo e o tão esperado momento foi chegando.

—Alysson, você precisa ficar calma, entrar lá e fazer tudo que a gente mandar! -Assenti diante as súplicas de Pathrick. —Ok, agora nós vamos entrar.

Sem aguardar mais algum minuto, os três se encaminharam rumo a entrada do restaurante, também o fiz no automático. Pela televisão, nos filmes, em tudo, cometer crimes pareciam tão fáceis. O x da questão é que os vilões sempre são pegos ou morrem, então basicamente não somos os protagonistas desta história.

Quem seriam eles?

Minhas pernas tremeram, minha pele se arrepiou em contato com o gélido ar condicionado. Toda atenção foi voltada para nós, me lembrando o porquê de estar ali e o espanto estava evidente em cada rosto que eu analisava. A única coisa que não os permitia fazer o mesmo era a máscara que encobria meu rosto.

—Dá voz de assalto! -Jason sussurrou baixo, recebendo em seguida uma negativa da minha parte. —Ou você faz isso ou eu mesmo te entrego para polícia.

Analisei de perto a feição do garoto, ele não parecia estar blefando, só me deixando ainda mais ciente da burrada que havia feito em minha vida.

Eu não tinha opções...

—Isso é um assalto... -Imitei a frase clichê que ouvi em algum filme. Minha voz saiu atropelada e inaudível.

Senti o choro preso na minha garganta, podia jurar que se me abaixasse mais um pouco, era certeza absoluta que eu vomitaria, isso se antes eu não desmaiasse. Já conseguia sentir minha pressão cair e o ar me faltar.

—Ela não pode travar agora! -Foi o que eu escutei antes do meu corpo ser puxado para um canto. —Isso é a sua vida! Se você não conseguir, você morre... Ficou mais fácil assim para você entender? -Jason nunca me pareceu tão assustador. —Tenta mais uma vez.

As pessoas me encaravam com descrença. Já havia visto muito esse olhar durante minha vida e daria tudo para nunca mais passar por isso. Foi dessa vontade que tirei a força para tentar mais uma vez.

Não sei de onde tirei isso, mas... Quem disse que não se pode conseguir as coisas por meio do medo? Respeito é o prato principal.

—Isso é um assalto! -Convicção, determinação, firmeza. Isso é o que define essa pequena e maldita frase.

Com uma pequena frase dei início ao espanto e o sofrimento de várias pessoas, mas incrivelmente eu resolvi não me importar. Ninguém nunca se importou comigo ou com qualquer outra pessoa, aonde está escrito que eu deveria fazer o mesmo?

Uma vez ouvi que todos nós temos um lado mau dentro de si, o que fazia diferença era decidir deixá-lo te dominar ou ser bom. Também aprendi que os dois são o equilíbrio e talvez seja este o meu papel no mundo. Quando me disseram isso, eu neguei. Nunca seria capaz de fazer mal há alguém e me disseram que sempre há uma primeira vez.

Bom, acho que esta é a minha passagem livre para o inferno...

Não travei quando alguém ameaçou tentar ligar para polícia. Eu caminhei até a pessoa, não pensei, só arranquei o celular das mãos dela e o quebrei no chão. Eu me senti viva, foi muito diferente do que eu imaginei um dia.

E neste exato momento eu descobri a coisa que me traria de volta à vida. Algo para me reerguer e servi de alicerce. Eu sou a filha rejeitada, também posso ser o motivo dele odiar a tudo e vou viver cada dia da minha vida em prol disso.

Eu amo meu pai, mas... Mas essa é a minha vida.

Não vi o momento em que o segurança se aproximou de mim, mas fui rápida em deixá-lo no chão. Eu já não chorava mais. Um sorriso brincava em meu rosto e pelo olhar dos garotos sobre mim dizia que acontecia o mesmo com eles.

—Acho que você vai adorar isso... -Meu mundo caiu mais uma vez, logo tratei de reergue-lo e esticar uma das mãos para apanhá-lo. —Isso é a sua defesa. Divirta-se!

Eu não achei que Pathrick falasse sério, só se tornou tudo real quando, não um, mas dois seguranças vieram em minha direção. O bastão pesando em minha mão não me deixava muita escolha. O som firme do objeto se chocando com corpos foi ensurdecedor, de começo a pior melodia, mas depois  calmante ao ter certeza que já não havia mais perigo.

—Harley, por aqui já acabamos! -Meu corpo vibrou em espectativa. O fim só indicava que eu havia conseguido. Nada poderia me parar.

Se a sua vida fosse um livro ou um filme, qual seria o seu papel?

Depois de escrever este capítulo parei para pensar nisso...

Preparados para uma Alysson má? Kkk espero que sim!

Espero que tenham gostado!

Please, deixem seus votos e comentários se estão gostando!

Assalto Where stories live. Discover now