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Se eu estava prestes a ter um enfarte, Jason parecia fazer voto de silêncio.

—Jason, você está me preocupando! -Isso já estava evidente. O garoto, quase um homem, a cada segundo parecia mais vermelho e apertava tanto o volante que os nós de seus dedos também acompanhavam uma tonalidade estranha.

—Alysson, cala essa boca. -Não um pedido, veio como um aviso, quem sabe uma ameaça. Diante tudo que passei e presenciei em uma só noite, não seria agora que eu deixaria de me impor.

—Não. Jason... -Se eu pudesse contar os segundos, me perderia neles. Foi rápida a forma em que parou o carro e avançou para cima de mim. Esperei por tudo, qualquer coisa, mas tudo que senti foi sua respiração bater em minha boca. —Não sei o que acha que... -Tomou meus lábios, mesmo sobre protestos meus. De forma ágil tentei me afastar e tudo que obtive foi meu corpo pressionado contra seu, que é umas duas vezes maior que o meu.

—Eu prefiro assim, Alysson. -Sussurrou ainda tendo os meus lábios rente aos dele. Jason sequer parecia querer ceder espaço e, segundos depois, descobri ser inútil a tentativa de barra-lo. No final das contas, era bom, apesar do desespero dele ao chegar em mim, o beijo é calmo e com um leve sabor de menta. —Eu não vou te pedir desculpas por isso e nem direi que nunca mais farei isso.

Jason somente arrumou a postura sobre o banco e voltou a tomar a estrada, de forma tão concentrada, que acreditei estar sendo ignorada. Não havia nenhum respingo de arrependimento, nem mesmo eu estou dando a devida importância que deveria dar, Jason não é o meu namorado.

—Isso está errado, você diz que não, mas é evidente que você é Katherine tem algum envolvimento. -Mesmo um cego veria, é fácil notar a cumplicidade entre eles.

—Você não entenderia se eu te explicasse, só dê tempo ao tempo.

—Tempo para o que? Não há o que se esperar, nada além de paz e liberdade pois, não sei se percebeu, isso é tudo que almejo. -Não deixaria nunca de ser, mesmo que os dois sejam coisas ilusórias, para conquistar-las a morte é o melhor caminho.

—Esquece...

Foi o que eu fiz, esqueci. Passei o restante do caminho ignorando sua presença e os olhares "disfarçados" em minha direção. Ele faz como quem não se importa, e eu já não me importo, então posso não me importar ainda mais.

O beijo dele nem foi lá muita coisa. Tyler de certo é dez vezes melhor, beijos, toques, fazia-me arder. Com Jason não senti isso... Foi um revirar no estômago e a necessidade de segurar firme em algo. Sensações literalmente diferentes!

—Alysson, esquece o Tyler, vai ser melhor assim. Ele sumiu, pode ter morrido, ter sido preso... -Segurei o choro com o restante de todo orgulho que tenho e passei a encará-lo.

O caminho inteiro até a minha casa e ele não havia me dito nada. Seus olhos entregam que ele sabe bem mais, assim como eu tenho a certeza de que ele não morreu e se foi embora é porque algo aconteceu. Foi um amor rápido, mas real e tenho convicção de que ele não me deixaria, não por vontade própria.

—Não precisa me contar mentiras. Passar bem!

Saí do carro sentindo toda brisa gelada da madrugada me atingir, nem mesmo o moletom suportava os ventos gelados cortantes. Garanti que ele estivesse longe para que o deixasse o desespero se apossar de mim.

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