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—Não é o fim do mundo, Harley. -As mãos da garota repousavam sobre minhas costas, num gesto lento de carinho, como se quisesse me confortar. Poderia dizer que ela sabe, sem nem mesmo ter tocado no assunto.   —Olhe só para mim. Acha que eu desejava ter essa vida? -Neguei de imediato, era visível que ela deseja muito mais do que a boate poderia lhe oferecer. Não lhe julgando, até porque é livre para ser o que quiser, mas não me passou muita confiança. —Harley, beba um pouco de água, vai te fazer bem.

Uma coisa eu tinha certeza, água não é um remédio e, devido às minhas últimas experiências, esperei atenciosamente pelo gesto de se virar da garota e deixei o líquido correr pelo chão. De tão sujo e escuro, ninguém notaria.

—Eu não mereço esse nome! -Disse me recordando do assunto anterior e, a não ser que meu "nome" corra muito pelas bocas presentes ali, não teria como ela saber qual é o meu nome. Se ela realmente quisesse drogar-me, melhor fugir surtir efeito sobre a droga. Num impulso bati o copo, mesmo me segurando para no fazer muito forte e quebrar o copo. Tive sua atenção voltada para mim, com um singelo sorriso no rosto, um sorriso de quem cumpriu o que lhe fora passado.

Talvez eu só esteja paranóica, assombrada com tantas perversões sofridas nos últimos dias. Poderia ser uma cena clichê, em um bar, mas estou sentada em um canto, esperando um fim. Logo o restante do dia acabaria e, quem sabe, eu me veja livre. O fim por vezes poderia parecer algo ruim, para mim é o significado de recomeço. Não tira-me o medo de qual será o meu, no entanto, sou embalada pela esperança de uma segunda chance.

—Alysson, ficar aí não te ajudará em nada. -Meu corpo foi puxado e nem mesmo lutei contra, não poderia ser pior. —Princesa, você não está sozinha, você só precisa chegar lá e pegar suas coisas de volta.

Segurei a vontade de dizer "simples assim". Nas palavras de incentivo de Pathrick, é como se eu fosse pegar balas em um lugar onde não há seguranças, patrulhamento, ou qualquer tipo de empecilho. O dizer dele torna tudo tão fácil, quando na verdade beira o impossível.

É visível que eu não tenho habilidades, capacidade para esse tipo de vida. Se não fosse por Jason, aqui eu não estaria. Ele praticamente fez tudo sozinho, literalmente fui um peso morto. Me pergunto o porquê de tanto esforço, para no fim causar algo que me faça sair.

—Eu não sei como fazer isso e também não quero fazer, eu não sei o que fazer e queria fazer qualquer outra coisa que não fosse fazer isso que tenho que fazer... -O daria parabéns se conseguisse entender minhas palavras, nem mesmo eu seria capaz de decifrar o meu objeto. Seria no mínimo mostrar-lhe que estou a beira do despero, andando numa corda bamba em meio ao precipício.

—Você drogou ela, Karen! -Constatou o que poderia ser o óbvio, caso eu tivesse ingerido a bebida. O desespero de Pathrick parecia ultrapassar o meu, como se algo de errado houvesse acabado de acontecer, quando na verdade eu tinha certeza de que não poderia haver mais nada de errado. —Você quer foder com a vida dela?!

Seria somente mais uma na fila.

—Não precisamos dela na equipe. -A... Qual era o nome dela? Késsia! Ela, diferente de Pathrick permanecia calma, transbordando amor e paz.

Pathrick, deveria ser tão calmo quanto ela.

—Não é você quem decide isso! -A garota foi empurrada por Pathrick até ter seu corpo esmagado pelo dele, indo de encontro a parede.

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