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Mulheres seminuas dançando, sem pudor algum se esfregam em homens, quase uma cena explícita de sexo. Não muito diferente do que eu já esperava, mesmo assim me assustava. Não as julgo, parecem felizes, é o que tentam passar.

—Alysson. -Virei em busca de quem me chamava, não que eu não soubesse. —Isso aqui não é lugar para você, vamos lá para cima!

Concordei. Jason não muito mais velho do que eu, diria uns cinco anos no máximo. Ele é bonito, não posso negar. Cada pedacinho, no entanto, os olhos frios e o rosto sem expressão fazem o trabalho de afastar as pessoas, colocarem medo nelas. Ele me passa segurança ao ponto de me jogar de uma ponte por meio das palavras e insegurança suficiente para temer ser empurrada por ele.

Ele me faz ter pensamentos estranhos, impuros. É tóxico. É como uma droga, você sabe que ela te destrói, mas não se vê sem ela. Não percebe, mas pouco a pouco cria dependência.

—Você parece com medo. -Me vi dentro de uma sala, estávamos sozinhos. —Está arrepiada. -Perto demais para raciocinar. Em instantes me vi rente à porta, dois braços me impediam de escapar pelos lados.

Ou talvez eu não quisesse fugir.

—Não estou com medo, só não gosto de lugares escuros e fechados, aliás, este é um lugar gelado. -Disse cada palavra sem desviar o olhar, comemorei internamente quando ele se afastou, acreditou em minhas palavras. —O que estamos fazendo aqui? -Exigi saber.

—Os outros já estão chegando, você está no topo Aly, um mês e você terá um lugar aqui. -Ele ainda mantinha a mesma fé em mim, da qual eu não tinha nem dez por cento. —Teremos uma reunião com alguns colegas. -Suspirei aliviada, arrancado um sorriso dele, também ri. Este era um dia bom, sem problemas.

—Alysson... -O encarei e mais uma vez ele estava perto demais, meu coração errou uma batida, nisso os filmes não mentiram e também senti algo em mim queimar, talvez frio. Não consigo decifrar, não é ruim, mas me assusta.

A porta atrás de mim se abriu, me dei conta de estar encostada nela quando quase bejei o chão. Jason foi rápido em me segurar, tão rápido quanto Pathrick foi em rir da minha desgraça e ainda ter tirado uma foto antes de me recompor.

—Você está bem? -Kathielem se segurava para não rir, aumentando assim a minha raiva. —Eu vou pegar uma água! -Saiu e em seguida Montanha, Katharine, Katherine e algumas outras pessoas entraram na sala. Alguns deles me davam medo. Já os havia visto antes, mas desconheço os nomes.

—Essa menina é uma dos que restou? -A pergunta me pareceu uma ofensa, Jason não se importou, nem Pathrick, já Katharine riu.

—É Pietro, o nível só cai. -Katharine não poderia ser mais inconveniente. Para o meu desespero, exceto Jason, Pathrick e Kathielem que voltou com a água não haviam rido. —Daqui uns dias abrirmos vagas para crianças de zero a cinco anos.

—Ai quem sabe pelo menos neste nível você não consegue ser pelo menos metade do que ela é. -Tive que encarar Jason para ter certeza que a resposta veio mesmo dele.

Vi a menina sumir e grande número de pessoas na sala abaixarem a cabeça. O silêncio tomou a sala, a cara de Jason me fazia ter receio de respirar. Cada um presente tratou de fazer alguma coisa, analisavam papéis, no fundo alguns assistiam a videos e eu permanecia sem saber o que fazer e o por quê de estar ali.

—Hoje não, é muito em cima da hora. -Jason anunciou chamando a atenção de todos mais uma vez. —Amanhã sem falta, a gente vai lá e resolve a porra toda.

—Não, tem que ser hoje! -Katharine rebateu sem nenhum resquício de medo ou intimidação. —Não dá pra ficar mais um minuto sequer parados, estamos perdendo dinheiro e, se continuarmos assim, perderemos o território também.

—Parabéns, gênio. E qual é o seu plano? Entrar lá e fazer cada um presente nessa sala cometer auto-suicídio? -Pathrick diz, tão sério que me surpreendi.

—Não precisamos ir! -O cara que mais tarde conheci por João, rebate e se levanta como uma forma de se impor.

—Covarde! -Montanha bate na mesa e por instinto passei a ficar mais próxima da porta. A única coisa que o impedia de avançar sobre o homem era Jason e Pathrick que o seguravam com força. —É fácil mandar os outros fazer o serviço, mandá-los para morrer no seu lugar, né?! Me diz pra que você tem uma arma, você usa ela para quê? -Temi a resposta pois até mesmo eu já entendia o que Montanha insinuava.

—Vou te ensinar o que eu faço com uma arma! -Grudei na parede no instante que João deu a volta na mesa e foi para cima de Montanha. Apesar de toda coragem, não foi ele a dar o primeiro soco, na verdade ele deve estar se perguntando até agora de onde veio.

Foram passando minutos e a briga só se estendia. Não diferenciava mais se era briga de homens ou de mulheres, só sabia que precisava sair dali, no entanto, Kathielem e outra garota que a ouvi gritar o nome de Carol discutiam e davam indícios de que uma nova pancadaria estava prestes a começar.

Encolhida em um canto me mantive protegida deles, porém em um certo momento já não havia para onde correr. Nunca me imaginei fazendo algo do tipo sem motivos, mas minha sanidade mental e minha integridade física estavam em risco.
A arma em minha cintura incomodava como se quisesse me lembrar que ali estava. A tirei e apontei para cima e em segundos veio o estrondo acompanhando de alguns gritos assustados, inclusive o meu.

Kathielem me olhou de boca aberta, a expressão dela não era diferente de muitos ali. Eu também não esperaria uma atitude minha.

—Eu já posso ir embora? -Perguntei e ainda em silêncio todos me olhavam enquanto eu aguardava uma resposta. —Hum?

—Ainda não resolvemos o que viemos para resolver aqui. -Jason foi seco mesmo estando me olhando como se tivesse visto um fantasma.

—É fácil, façam uma votação! -Sugeri sem pensar, nem sequer fazia ideia do que planejavam. Ninguém ali se opôs e ainda em silêncio me olhavam. —Quem quer ir hoje? -O número de pessoas levantaram as mãos foi suficiente para saber que os que não queriam era maioria. —Tudo resolvido. Já posso sair agora?

—Pode. -Fiquei feliz, nada mais me prendia ali. —Mas quero você aqui amanhã. -Já de costas aceno em confirmação.

—Você está dando muita liberdade para essa garota. -Ao quase fechar a porta ainda pude ouvir Katherine resmungar e pela fresta passei a observar.

—Não é liberdade, ela tem capacidade de fazer muito melhor do que vocês. -A voz de Jason saiu abafada, sorri por saber que ele não me atacaria pelas costas.

—Continue elogiando ela é verá, quero ver se na... -O som de algo se quebrando fez com que, Katherine, não a líder e sim a namorada do Jason se calasse.

—Aposto que na cama ela deve ser muito melhor também, melhor que você. -Mesmo com pouca visibilidade, pude ver o momento em que a mão de Katherine foi em direção ao rosto de Jason.

Eu não fazia noção do que aconteceria a partir dali, mas tinha certeza de que as coisas ficariam muito feias. Katherine não mexeu um músculo, ninguém na sala o fez. Jason por sua vez riu, não era um riso bonito, ele me fazia ter a certeza que era bom fugir dali. O pouco que ele se aproximou de Katherine, foi o suficiente por me fazer tremer e temer por ela.

♥♥♥

Curiosos para o próximo capítulo? As coisas vão esquentar. Não esqueçam de votar e comentar, é muito importante para mim!

Até o próximo capítulo!

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