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Nenhuma palavra é dita por ele, isso é ainda pior. Meu corpo dói, meus olhos ardem, não posso me permitir chorar. Adam já o faz, encolhido em meus braços.

—Não conta para o papai, ele nunca me perdoaria. -Suas palavras saem abafadas, ele se aperta ainda mais em mim. Pathrick me olha tanto perdido quanto eu, mas algo me diz que ele sabe o que está acontecendo.

—Então me diz o que está acontecendo! -Ordeno, preciso saber pois nada faz sentido.

—Eu estou devendo uma grana para eles, um carro também. Eu não tenho dinheiro para pagar, meus pais não podem nem sonhar com isso! -Adam está em desespero, no lugar dele eu também estaria.

—Nós daremos um jeito, só respira e fica calmo. -Falo para ele tais palavras que servem para mim. —Quantos?

—trezentos mil. -Demoro para assimilar suas palavras, isso é...

—Eu não tenho dinheiro para comprar uma bala! Onde vamos arrumar trezentos mil!? -Isso é impossível.

—Ele me deu uma semana para arrumar o dinheiro. -Adam diz aumentando o meu desespero.

—Temos um jeito, mas isso vai depender de você, Alysson.

°°°

Caminho firme em meio ao aglomerado de pessoas. Há motos para todos os lados, mas uma me chama atenção. É diferente, muito linda. Nunca havia visto uma assim. Nunca vi uma de perto na minha vida!

—Anda Alysson! -Pathrick me puxa. —Se cumprir com os seus objetivos, pode ter várias dessas, até mudar seu nome para Harley.

—É um nome bonito... -Ele não liga para minhas palavras, só deixa de me arrastar quando entramos numa sala. Há uma mesa enorme nela, várias cadeiras e quase todas ocupadas. Só há três vazias.

—Seja bem vinda a equipe, Alysson! -Jason está numa das pontas, sorri abertamente para mim e bate palmas. —Essa é a quadrilha um de assaltantes 4x4.

Me seguro para não perguntar se existem outras. Pathrick me guia até uma das cadeiras, me sento ao lado dele um tanto perdida.

—Na ponta está o Jason, seu líder. Na outra está a A2k, também sua líder. Você e todas aquelas pessoas que estão numa outra sala irão tentar uma vaga na equipe. Te desejamos uma boa sorte. -Kathielem se pronuncia e Pathrick me chama para fora da sala, me levando para outra.

Encarando os concorrentes, tenho plena certeza que isso será impossível. São maiores, mais velhos, mais fortes.

—Fora uma vaga na equipe, você poderá desafiar a A2k no fim do desafio, tem dois dias para se preparar. A Katharine não joga limpo, tome cuidado com ela e com todas essas outras pessoas.

Se o objetivo era me assustar, o Pathrick conseguiu. Estou começando a achar que a melhor ideia é desistir. Eu não sirvo para isso, ninguém deveria servir!

—Mas, se quiser, pode começar essa noite. -Nego e ele sai me deixando no meio daquelas pessoas.

Tem uns vinte homens e comigo são duas meninas! Isso é estranho, porque Jason me chamaria sabendo que eu nunca iria conseguir.

—Está muito distraída, Harley. -Sua voz soou grave, a menção ao nome me fez lembrar do que o Path disse. —Se você for realmente boa, te darei a moto como prêmio.

—Ela é sua?! Eu posso tocar? Deixa! -Só depois de ditas as palavras é que tomo ciência da vergonha que estou passando.

—É minha e mais do que tocar, pode dar uma volta nela, comigo. -Um convite tentador, mas Jason não é nada confiável. —Eu não mordo. Só se você quiser. -Sussurra baixo contra minha pele.

Isso sim é pecado. Atentar os outros, fazer com que nossa cabeça de um nó e que o errado nos pareça tão certo.

—Eu preciso ir embora! -Digo e saio em busca do Pathrick, mas acabo esbarrando numa montanha de músculos enormes.

—É cega garota?! -Meu corpo treme e dou dois passos para trás. —É surda também? -Nego e o homem passa por mim me empurrando.

Esse é louco...

—Vejo que já conheceu o Montanha! -Pathrick chega por trás de mim, me dando um susto. —Calma, princesa. O perigo está ali! -Aponta para a Katharine, ou A2k, nada mais faz sentido agora. —Ela não vai querer te ver perto dele e você não vai querer descobrir no que ela se transforma caso isso aconteça.

—Mas eu nem falei com ele! -Digo indignada. —Ele é feio, loiro e estranho! E também mal educado, sem um pingo de humildade...

—É só uma dica, Princesa. Melhor irmos para a escola. -Melhor ideia que já ouvi hoje.

No caminho para casa ele ouviu umas músicas bem "pesadas", a batida era até contagiante, mas a letra me deu arrepios.

—Chegamos. -Ele para em frente à porta do meu dormitório. —Qualquer coisa me procura.

Ele não me dá tempo para despedidas. Fico encarando à porta por um tempo, acabo indo para o dormitório ao lado. A porta está aberta, não há ninguém dentro dele.

Eu não consigo!

Saio deixando as lágrimas lavarem meu rosto. Minha surpresa foi encontrar Leonard no corredor. Ele sorri em meio ao meu desespero. Tento passar reto por ele, mas antes que o faça, ele me puxa.

—O que aconteceu? -Ele soa preocupado, o que é estranho. —É difícil para você? Isso ainda não é nada!

°°°

Gostou? Comente e deixe sua estrelinha aí! Beijos e até o próximo capítulo.

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