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A única certeza de que às coisas não dariam erradas era o objeto que, mesmo apoiado, pesava em minhas mãos. Depender de algo que sempre odiei é o que mais me aflige no momento, não é nem a possibilidade de que o cara reaja com facilidade e eu me torne a vítima.

—Não tem coragem para isso. -Disse e instintivamente passei a pressionar seu rosto sobre o chão. —Você não é um deles, não é como eles e no fim acabará morta por um deles. -Como se dissesse uma profecia, ri e se debate sobre o chão, numa tentativa de se livrar do peso sobre o corpo. —Me solta e eu te ajudo!

—Não, você não é confiável. Na verdade, aparentemente, ninguém nessa cidade é. Seria o que, uma doença? Uma compulsão por mortes, mentiras, roubos? Acredito ser contagioso. Diga-me que já inventaram o antídoto! -De alguma forma, esperava que fosse um sim a resposta.

—Eu disse que ela era um dos nossos! -Jason apareceu um tanto distante, vindo a passos rápidos com Montanha, Katharine, Katherine e Kathielem. Não entendo essa fixação por um mesmo modelo de nome, até mesmo apelido.

—Isso até meu irmãozinho faria. -Kathielem se aproxima e diz como se, eu estar me matando para não deixar o homem fugir, fosse algo idiota. —Já pode levantar daí, Harley, ou está gostando da sensação de ter um homem sob seus domínios?

—Ignore elas, princesa. -Mesmo em um nível baixo de consciência, Pathrick se levantou em busca de me defender e isso não pareceu animador para Kathielem. —Eu sabia que você iria conseguir!

—É, deveria ter me dito antes, assim não estaria quase tendo um enfarte. -Deixei omitir o fato de não sair de cima do homem por não me aguentar de pé e tentei me jogar no chão, quem sabe me arrastar até ter como apoio a parede. —Aaaah! -Não esperava, o homem se mexeu enquanto me arrastava, nem era como se ele tentasse fugir mas, por conta do meu medo, o aceitei com firmeza na cabeça.

—Agora sim, você apagou o cara! -Jason comemorava junto de Pathrick e os outros só faziam não se importar, Montanha até parece ter se importado mas, acredito ter sido algo passageiro.

—Alguém pode me tirar daqui?! -Desisti de tentar sair com minhas próprias forças e pedir por ajuda. Sem delicadeza alguma fui erguida e colocada sentada numa cadeira que sequer havia notado antes. De forma silencioso, agradeci o gesto de Montanha, sim, foi dele o feito...

—Levem esse daqui para a Central, eu mesma darei conta dele, já que a princesinha não consegue dar conta do serviço sozinha. -A2k, Katharine ou qualquer coisa, debocha sem nem se importar com minha presença e tem como auxílio a irmã. Apesar de gêmeas são tão diferentes que se torna fácil diferencia-las.

—Não querendo te confrontar, mas já fazendo. Se não fosse a Alysson esse lugar não teria pedra sobre pedra e eu provavelmente já estaria morto. -Saindo em minha defesa, Montanha acaba atraindo a atenção das garotas para ele e um olhar suspeito de todos os outros, inclusive o meu. —O que? Eu estou vivo e meu negócio a salvo, meus pais me matariam caso algo desse errado. -Justifica me trazendo o conforto de saber que a "gratidão" foi por puro interesse. —Eu não morro de amores pela menina, porém, é óbvio que ela é uma boa, senão a melhor opção.

—Isso não é assunto para se discutir aqui, muito menos na frente dela.

Já fui antes tratada de forma inferior, só que Katharine consegue me olhar como se eu fosse um bichinho de rua e nem esse merece tal olhar. Não entendo o que fiz de errado, tão pouco gosto dela e nem por isso trago a indiferença quando em sua presença.

—Agora é melhor que todos saiam daqui e deixem para os garotos o serviço de se livrarem dos corpos.

Pude então perceber a movimentação na o pista e pessoas sendo carregadas para fora da boate como se nada fossem! Até que ponto uma vida se torna algo tão descartável? Fazem até que se tornem substituíveis. Não só os que disseram ser inimigos foram ao chão. Alguns homens de preto, os seguranças da boate, também se encontravam caídos e em estados deploráveis. Tive que desviar meu olhar da cena e sair pelos fundos, está seria mais uma madrugada em que eu não dormiria e, caso o fizesse, teria inúmeros pesadelos.

—Você foi muito bem hoje, obrigado por ter nos ajudado. Agora me conte como descobriu o que eles iriam fazer! -Jason saiu me acompanhando, devido tamanha curiosidade e se ofereceu para me deixar em casa, contando que eu lhe contasse toda história durante o percurso.

(...)

—E mesmo ele tendo te contado você não pensou em fugir?! -Essa sem dúvidas é a primeira vez em que não me sinto constrangida, acuada ou algo semelhante diante a presença de Jason, até parecíamos amigos.

—Não tive muito tempo de pensar nisso, por sorte Montanha estava por perto e me segurou antes que eu subisse em busca de ajuda. Descobri que não somos uma boa dupla, mas também nem tão ruim assim. -Ele riu, deixando em evidência covinhas que nunca havia notado, até diria que ele realmente é bonito.

—Fico feliz que você tenha se encaixado na nossa equipe, desde o primeiro dia vi potencial em você.

—Não me pareceu, do dia em que me conheceu só me ignora e me vigia... -Uma careta bem sínica é o que tenho em resposta, Jason nem se importa em defender-se das acusações.

—Nem era algo contra você, você só era um pouco sonsa demais, nada que eu odeie mais que isso, mas a questão realmente não era só você. -Diferente de Jason, deixo transparecer em meu rosto toda minha indignação com suas palavras. Eu não sou tão sonsa assim! —Eu acabei tendo uns problemas com Tyler, ele fez uma merda bem grande e incorrigível, mesmo sendo um amigo não pude fazer muito por ele. -Só de ouvir o nome de Tyler o meu coração se acelerou e minhas mãos pareceram suar em total espectativa.

—Você sabe o que aconteceu com ele? -Esperançosa, ansiosa, com medo e todos uns outros mistos de emoções me assolaram em meio ao silêncio perturbador de Jason. —Pelo amor de Deus Jason, se você sabe de alguma coisa, me fale! -Aumentei gradativamente o meu tom de voz, o silêncio do carro se tornou preenchido com os meus batimentos acelerados e minha respiração descompassada. Instintivamente passei a segurar o cordão, precisamente o pingente de estrela, carregando-o comigo com fonte de proteção e esperança. O cordão era o que me fazia acreditar que ainda não era o fim e que alguém sem ser Lucas também gostava de mim, hoje tenho Pathrick, mas são amores diferentes e em outras intensidades. —Jason... Para o bem da minha sanidade mental e emocional, levando em conta que de tão acelerado tenho a impressão que meu coração está quase parando, me diga algo!

♥♥♥

A dúvida do que aconteceu com Tyler não pode morrer tão fácil né kkk afinal ela gosta dele.

Gostaram do capítulo? Se sim, vão amar a resposta de Jason 🤣🤣

*Não posso dar spoiler?! Kkk não, né!

Até o próximo capítulo, se possível deixem seus votos e comentários para ajudar uma escritora que só está começando.

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