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Aviso de gatilho para estrupo. O ato não é concretizado, mas pode trazer transtornos. Ocorrerá do meio para o fim do capítulo.

Descobri uma coisa que me estressa. Jason é o tipo de pessoa que realmente pensa, analisa, tudo o que irá falar. Todo seu raciocínio leva um tempo considerável que, quase, me faz desistir de ouvir algo ou acreditar que não está disposto a falar.

-Jason, se pudesse começar agora, seria animador. -Fiz um voz de criança, a mesma que uso com cachorrinhos. Bem me lembro que, Camila, disse ser uma coisa bem irritante.

-Vou te dizer o porquê de eu estar aqui e você vai ficar calada, sem fazer questionamentos! -Ordena, pois para mim não pareceu ser uma sugestão. -Eu tenho uma família e, se você reparou, não tem nada lá, é um lugar simples e minha família consegue ser mais simples ainda. Não é justificativa, mas o que fez entrar nisso é o mesmo motivo que o seu. O desespero, o medo, incertezas sobre o futuro. Eu só queria que minha família tivesse condições melhores... -Minha boca se matinha aberta em espanto e pude ver os olhos azuis brilharem pela primeira vez, mostrando que há sentimentos ali. -Parecia a melhor solução para mim, entrar na equipe. Foi Louis quem me integrou a equipe, então não sei o motivo de ele estar lá. Parece ser um negócio de família.

-Ah... E sua família sabe? -Recebi um olhar em repreensão após minha pergunta, já havia me esquecido de suas condições impostas. -Não interromper, Ok!

-Demorou um pouco, mas minha mãe passou a desconfiar quando cheguei em casa com um celular, roupas que nunca conseguiríamos comprar e com várias sacolas de compras de supermercado. -Ele respirou fundo antes de continuar. Parece até ser um peso para ele, demostrando que há mesmo muito sentimentos ali. -Ela quis me matar. Quase conseguiu... Meus irmãos é o que fizeram ela parar e pensar. No fim ela não aceitou, não aceita até hoje. Dá pra ver a tristeza dela em ter que aceitar alguma ajuda minha, mas aceita pelo restante da família.

-E o Pathrick? -Recebi um olhar que dizia claramente um "desisto".

-O conheci no colégio, assim como o Louis. Ele já fazia parte da equipe, até hoje ele não me explica o porquê, mas ele deve ter seus motivos. -Suas mãos passavam constantemente sobre seus cabelos num ato de puro nervosismo. Ao menos consegui ouvir alguma coisa dele. Já é um começo... -Duvido que alguém entre nessa vida por puro amor.

-Não discordo de você. E como chegou a liderança? -Ele não se deu o trabalho em me lançar algum olhar, só balançava a cabeça em um gesto negativo.

-Isso eu não posso contar. Por hoje já deu, sabe mais do que o necessário. -Por instantes pensei em perguntar novamente sobre Tyler, mas não queria acabar o irritando e acabando com o clima de paz. -Preciso encerrar o assunto com a A2k. Não se esqueça que ela também é sua líder.

-Mas pode deixar de ser. Certo? -Bom momento para se abrir a boca. Parabéns.

-Eu não duvido da sua capacidade, só não sonhe tão alto. Eu levei anos para chegar a liderança, não será você a conseguir em dias. -Pareceu-me um desafio e com um sorriso nada discreto o aceitei sem que ele sequer soubesse. -Estar na equipe será bom o suficiente para você.

-Ainda diz que acredita em minha capacidade...

-Não duvide disso, caso contrário não estaria aqui.

Jason fecha a porta ao encerrar o assunto. Me mantenho parada no mesmo lugar, ainda refletindo em como chegar tão longe sem ter auxílio. Acredito ter ficado tanto tempo no mesmo lugar que quando sai da pequena sala já não havia mais ninguém ali. Teria que gastar o dinheiro que eu não tenho com passagens. Para ajudar também estou com fome...

Ir embora a pé e usar o dinheiro para comer poderia ser uma boa opção se eu não morasse tão longe, é como a distância entre o céu é o inferno. Digo isso pois o galpão se encontra bem localizado.

-Pra onde vai? -Levei a mão ao coração em susto. Sem que esperasse uma resposta minha, o homem veio a minha frente me fazendo recuar alguns passos. -Vai falar ou precisa de um incentivo. -Apesar do nervosismo encarei o homem e cheguei a conclusão que diante do mesmo, Montanha é lindo.

-Estou indo embora. -Não poderia haver outra resposta, já ele não se agradou nem um pouco da mesma.

-Alguns meses fora e qualidade do serviço caiu tanto. Se escondeu achando que ia conseguir fugir? -Nem mesmo entendia o que queria dizer, só sabia que precisava sair dali. -Vou te levar pra sua jaula.

Meus braços foram agarrados com força e, por mais que eu me debatesse, não conseguia me soltar dele. Tentei gritar mas minha voz parecia ter sumido. Com muito custo consegui livrar um dos braços de seu aperto e agradeçi por ter aprendido a lição e começado a andar armada.

Alcancei a arma na minha cintura com facilidade, porém, não fazia ideia do que fazer com ela. Fiquei com a mão pousada sobre a arma ainda na minha cintura, pensando sobre o que fazer, como reagir sem ter que matar alguém.

Notei não estarmos sozinhos. Numa parte afastada, um bom número de pessoas trabalhavam com algo que dê onde eu estava parecia ser drogas e outras coisas que desconhecia.

-Tira a roupa. Logo seu chefe chegará aqui e eu quero aproveitar um pouco. -Meu corpo foi jogado em direção a uma parede e logo reconheci aonde estava. O mesmo lugar onde levam as pessoas para interrogar, até mesmo matar! -Quer ajuda? -Só então me dei conta de que o homem brincava com uma pequena faca em mãos, deixando me com mais certeza de que precisaria fazer algo.

-Não, o senhor deve estar confuso. Eu preciso ir embora agora! -Recebi uma negativa e lamentei por não conseguir nada da melhor forma possível.

-Cadê a garota, Alemão? -A porta foi aberta e Montanha me encara sem entender o que acontecia ali.

Não tive outra reação senão correr até ele e passar meus braços por sua cintura, me escondendo atrás dele. Ele até que tentou me afastar, mas desistiu quando viu que eu não estava disposta a fazê-lo tão cedo.

-Você não lembra dela, Alysson? -Fui puxada para diante de Montanha, mas ainda assim, agarrada a ele. Dei uma negativa como resposta. -É o cara que nós fomos buscar no hospital. -Só então deixei meu olhar cair sobre o homem por alguns segundos.

-Te chamei aqui para buscar a prostituta, não para falar da minha vida. -Ríspido, sem o mínimo de humor, diz e vem andando em minha direção.

-Ela não é uma prostituta... -A voz de Jason surgiu alta e me passou a certeza de que tudo acabaria bem. -Já pode largar o Louis, Alysson. -Me dei conta de que ainda o abraçava e, se Jason não chegasse ali, não o largaria mesmo. -Alysson está na minha equipe, toque nela novamente e terá que lidar com às consequências.

Minha mão foi segurada por Jason e fui puxada para fora da sala. Minha respiração estava ainda descontrolada e minhas mãos suavam.

-Não é melhor soltar essa arma? -Se Jason não o dissesse, jamais notaria estar segurando tão firme uma arma em minhas mãos. O medo era tanto que não me dei conta de minhas ações.

-Por que... Por que aquele homem achou que eu era uma prostituta? Ou você me explica o que acontece naquele lugar, ou eu juro que dou um jeito de me afastar disso tudo.

♥♥♥

Finalmente até o quarenta 😃

Até o próximo capítulo. Deixem seus comentários e votos se gostaram. Ainda está semana volto com outro capítulo!

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