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—Por que isso te interessa? -Já esperava ouvir esse tipo de resposta. Não posso sequer definir um motivo, só me despertou curiosidade. Sei que esta não é uma resposta plausível e aceitável para ele.

—Não me parece ser algum segredo. Tem problemas com isso? Assumir uma relação para terceiros. -Sua risada mais uma vez ecoou pelo quarto. Jason sabe deixar bem claro quando não está interessado ou ao menos cogita dar uma resposta. —Entendo. Não sabe lidar com os sentimentos.

—Não fale merda. -Praticamente rosna para mim, chego a conclusão de que ele não me assusta, não muito, mais. —Se fosse algo sério, você veria um anel enorme brilhando na mão dela.

—Isso não faz seu tipo. -A resposta saiu sem que eu perceba, não mais que a verdade.

—Meu tipo? -O sarcasmo se tornou novamente evidente em suas palavras, deixando-me mais curiosa. —Você não sabe nada sobre mim!

—Voltamos ao ponto principal da conversa. -Afirmei e ganhei um olhar furioso em repreensão. —Me conte mais sobre você.

—Seja esforçada e descubra sozinha. -Sem deixar que eu debatesse sobre o assunto, saiu do quarto de uma forma bem dramática, caso não fosse Jason o sujeito, diria até ensaiada.

Mais uma vez sozinha. Como manter um diálogo saudável com alguém que não gosta de ser questionado? A curiosidade é o meu ponto fraco e Jason parece odiar isso, não que eu realmente me importe. Custo a acreditar que, talvez, minha curiosidade seja a culpada de estar onde estou agora. Cada dia um nível a menos.

—Eu preciso de um banho. -Jason voltou ao quarto me dando um leve susto, a resposta estava na ponta da língua, pronta para testar a paciência dele mas, hoje, não parece ser um bom dia.

—As toalhas ficam em um armário no canto do banheiro, fique à vontade. -Nem um obrigado ou qualquer outra coisa. Só tive certeza de que ele estava no banho quando ouvi o barulho da água cair. Foi um banho bem demorado, não que eu tenho contado o tempo.

(...)

—Você não dorme nunca? -Me deparei mais uma vez com o Jason dentro do quarto, com muito custo quase já conseguia dormir. —Se apagar essa luz ficará mais fácil. -Ele já tinha a mão sobre o disjuntor quando o grito agudo saiu da minha boca. —Ok, você tem medo de escuro...

Isso poderia ser motivo de vergonha, mas não é. Não é uma questão de medo e sim se sentir segurança, a noite já me assombra e perturba, em companhia do escuro se torna enlouquecedora.

—Prefiro não falar sobre isso. -Puxei o cobertor sobre o meu corpo a ponto de quase cobrir o meu rosto, deixando o suficiente para encará-lo.

—Ela não é minha namorada, é quase isso. -A resposta da pergunta de um bom tempo atrás para mim já era óbvia. Se não me contassem, nunca diria que entre os dois a um relacionamento, exite um amor. Faz-me até lembrar dos romances dos filmes, onde fingem namorar e escondem o sentimento até o momento em que não aguentam e explodem de amor um pelo outro. Isso sim se em caixa em Jason.

—Mas você gosta dela? -Ele ergueu uma das sombrancelhas de forma sugestiva, dando a imaginar o que se passa por sua cabeça. —Não tenho interesse algum em você. -Deixo claro e ele mantém a mesma expressão de descrença.

—Você não entenderia, mas é mais ou menos isso aí. Gostar... -As respostas de Jason às vezes são sinceras, já em outras vezes meias verdades. Isso é ruim, não muito fácil de se confiar. —Vou ficar aqui até você dormir. -Quase sorri com o gesto que, acreditava ser fofo. —Não adianta me olhar assim, preciso de você bem, você parada é perca de tempo e dinheiro.

—Eu também gosto de você, Jason. -Eu não conseguiria mais do que isso dele, também não desejava.

O silêncio corrompeu o quarto. Senti segundos depois o outro lado da cama se afundar. Deixei meus olhos pesarem com o sono acumulado de tantas outras noites, mal pude perceber quando o dia amanheceu.

♥♥♥

Acho que uma das melhores sensações é acordar e ver alguém dormindo ao seu lado. Parece íntimo, um momento simples e, ainda sim, diferente. Dizer que Jason se assemelha a um anjo pode ser um tanto contraditório mas, no momento, não consigo achar outra coisa que deduza a feição relaxada, um rosto de traços marcantes e a mão que descansa sobre minha barriga. Seria assustador se eu não estivesse gostando do gesto, mesmo que inconsciente.

—Não é nada legal ficar encarando as pessoas enquanto elas dormem.

Levei a mão ao peito ao mesmo tempo em que quase caio da cama, por sorte fui puxada antes que algo ocorresse. Seus olhos permaneciam fechados, a mesma expressão relaxada no rosto. Estaria, ele, fingindo por todo esse tempo? Torço internamente para que não.

—Feio é estar em minha casa e fingir estar dormindo, me causando tamanho constrangimento. -A minha respiração descompassada entrega que a situação não me é nada favorável.

—Podemos conversar depois? -As palavras saíram lentas, roucas e baixas. A famosa voz de sono, bonita. Chega ser superficial, não consigo acordar tão bem e com tal voz.

Meu cabelo sempre acorda como se eu estivesse numa guerra durante à noite, minha roupa amassada e fora do lugar, dizer um bom dia é o total fracasso, então o meu sonho de acordar e dar um beijasso de novela está morto há anos. Hoje foi um dia de sorte, não babar e sem remelas no canto dos olhos, já é grande vitória.

Lucas sempre deixou claro que minha imagem é assustadora pela manhã.

—Alysson, eu consigo sentir o seu olhar queimar sobre mim. Para, tá bom?! -Ele não estava irritado ou algo do tipo, só aparentemente incomodado por estar sendo analisado. —Já sei, quanto mais eu pedir para que não faça, mais irá me olhar. Meu irmão também é assim...

—Você tem um irmão! -Constatei o óbvio.

—Sim, também tenho uma mãe! -Zombeteiro e um tanto arrogante, chegando até revirar os olhos.

—Hum... E o que mais?! -Irritado ou não, certo é aproveitar a boa vontade dele em falar sobre ele.

—Vou te falar só mais uma coisa. Já te disse que não namoro e tenho uma irmã. -Aceno em confirmação para que dê continuidade, de um em um, alguma hora saberei muito sobre ele. —Eu moro com minha mãe.

O riso forçado saiu da minha boca em descrença. Jason não é o tipo de pessoa que vive em baixo das asas da mãe, olhando para ele nem diria que ele se importa com uma família.

Julgar é tão fácil... Parabéns, Maria.

—Não estou brincando. -Ele fica de pé em segundos e pega o celular que vibra no bolso dele. —Agora eu estou livre de você.

Fui deixada sozinha sem nem entender o que ele queria dizer. Só minutos depois Kathielem e Pathrick entraram animados com algumas sacolas em mãos.

—Você é um gênio! -Ri da afirmação de Pathrick, ainda mais que ele se dirigia a mim. —Advinha quem vai nos ajudar a entrar no hospital em que o Alemão está internado... -Olhei em expectativa, já disse que a curiosidade é o meu maior problema. —É você, pequena. Sim, é você!

♥♥♥

Prontos para conhecer mais sobre os membros da equipe? Nem machucada a Aly tem paz kkk

O que falar sobre Jason... É só um amor incondicional kkk

Até o próximo capítulo!

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