A discussão com Victor me deixou muito abalada e fiz o máximo para disfarçar meus sentimentos quando retornei ao instituto e encontrei as meninas se aprontando e colocando suas coisas na van para saírem.
— Onde está minha filha? — perguntei repentina e dei um susto em Luana que estava distraída, juntando os brinquedos do pequeno Arthur do pátio numa mochila.
— Meu Deus, Sarah, assim você me mata, mulher! — Ela colocou a mão no peito e sorriu um pouco. — E então como foi o encontro com o...
— Foi terrível, mas eu não quero falar sobre isso, Lu — interrompi e só de lembrar dos momentos anteriores um nó se formou em minha garganta. — Já estamos saindo?
— Sim. Nós vamos até a igreja para nos encontrar com alguns irmãos e partir para a chácara em seguida — informou, mas não omitiu seu olhar preocupado. — Sarah, você não parece bem. Quer conversar?
Neguei com a cabeça e precisei respirar fundo, do contrário cairia no choro ali mesmo. — Quero apenas esquecer a existência daquele idiota, só isso.
Lu, em uma tentativa de me passar algum conforto, acariciou meu braço. — Não se preocupe. Vamos ocupar nossas mentes com outra coisa agora. Passaremos ótimos momentos desfrutando da comunhão dos irmãos, ouvindo a palavra de Deus e relaxando um pouquinho.
Esbocei um meio sorriso. — É tudo o que eu preciso para ficar bem outra vez.
— Ótimo! Então vá pegar seus pertences — incentivou já me empurrando em direção a porta da sala. — Ah! A Mabelzinha está com a dona Socorro. Ela sujou a fralda e precisou de um bom banho.
— Ok. Obrigada por tomar conta dela, Lu — agradeci desanimada e pedindo licença fui até o quarto.
Chegando ao cômodo, abri a porta e meu coração se encheu de alegria por encontrar minha senhorinha favorita cantando uma canção alegre para a bebê semi-vestida enquanto esta ria sem parar.
— Já voltou, Sarinha — constatou dona Sô enquanto terminava de colocar um lindo vestido azul em Mabel. — Eu estava arrumando essa princesinha, pois um acidente marrom aconteceu. — Ela deu risada, mas eu não prestei muita atenção nas palavras dela. — Qual o problema? Você parece triste.
— Estou ótima. Aliás, não reconheço esse vestido. É novo? — desconversei, me aproximando e sentando na cama perto da bebê.
— Bem, você havia dito algo sobre essa lindinha estar fazendo sete meses hoje e eu não quis deixar passar em branco — explicou toda contente. — Gostou? Amandinha me ajudou a escolher.
— Sim, ficou perfeito — declarei monótona e peguei Mabel no colo quando ela ergueu os bracinhos em minha direção.
Dona Socorro ficou em silêncio me analisando por alguns segundos. — Deixei-me adivinhar, a conversa com o doutor Victor, não foi nada boa, não é querida?
Depois de passar tanto tempo com aquela senhorinha perspicaz, ficava cada vez mais complicado esconder qualquer coisa dela. — Como a senhora sabe?
— Está estampado no seu rosto, querida — esclareceu e deu leve batidinhas em minha cabeça.
— Não sei o que eu estava esperando, dona Socorro. Nossas conversas nunca dão certo! Sinceramente, como pude namorar aquele, aquele... Ah! Eu não o suporto! — grunhi com raiva e abracei minha bebezinha cheirosa para tentar amenizar a carga dos meus sentimentos.
— Bem, você o deixou falar dessa vez? — questionou dona Sô com uma sobrancelha erguida.
— Sim, eu ouvi cada palavra. Victor falou sobre o seu pai e como foi sua conversão e tudo estava indo perfeitamente bem até eu ser acusada de ter traído ele! — expliquei com raiva e levantando com a bebê deitada em mim, comecei a separar as roupas para serem levadas na viagem para chácara.
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Ensina-me amar
SpiritualSarah Rodrigues era uma bela e jovem garota criada sobre a dura disciplina de seu pai e rígida supervisão de seus irmãos mais velhos. Sua vida com Deus resumia-se a hipocrisia e um falso e exagerado sentimentalismo usado para impressionar seus amigo...