Dezoito: Sentimentos

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— Encontrei vocês! — exclamou dona Socorro da entrada da varanda. — Não devia ter te apresentado a Sarah, Josué. Vocês dois não se largam mais.

— Oh, minha tia, nunca foi minha intenção roubar sua menina de ouro — Josué zombou e aproveitou a oportunidade para me dar uma cotovelada de leve na barriga.

Após o término da aula de Defesa Pessoal, meu instrutor e eu tiramos algum tempo para relaxar separadamente e depois voltamos a nos encontrar para conversar sentados na cadeira de balanço aconchegante da varanda e comer melancia na companhia ilustre de Mabel.

— Estamos só conversando e sendo  lambuzados pelas mãos dessa ovelhinha — informei e dei risada quando Maria esmagou a fruta e ergueu o bracinho para tentar colocar a mão babada na boca do Coelho, que a segurava em seu colo.

— Tudo bem, fiquem á vontade. Eu só  fiquei curiosa para saber se estavam bem e também lembrá-los do culto ás oito horas da noite — sondou a senhorinha. — Os irmãos da igreja vão se reunir aqui essa noite.

— Ainda temos... — Josué olhou em seu celular. — Cinco horas e vinte e três minutos.

— Seus irmãos virão? — dona Sô questionou. — Estou com saudade dos meninos.

— Possivelmente. Se minha mãe conseguir convencer meu pai a colocar gasolina na Giringonça, então eles vêm sim — informou Coelho e dona Sô se mostrou alegre pela notícia.

— Certo, vou ligar pra Esperança e assim confirmo. Com licença! — A senhorinha se afastou e em seguida saiu da varanda, nos deixando sozinhos outra vez.

Josué, então cruzou os braços e me olhou fixamente, deixando claro ainda estar esperando a resposta de sua pergunta anteriormente feita.

— Pare de me olhar assim. Eu não vou correr o risco de contar e ver você ir fofocar para o seu melhor amigo — declarei e mordi meu pedaço de melancia.

— Então, vou entender isso como um sim — Ele ergueu as sobrancelhas freneticamente. — Você daria uma chance ao Victor sim, sua sapequinha.

Revirei os olhos, tentando não rir da careta dele me analisando. — Eu não disse isso.

— É, mas um passarinho me contou sobre o quanto os dois estavam próximos semana passada quando Vic tomou aqueles socos e você precisou fazer curativos nele — Coelho me encarou com um olhar desconfiado. — É, Rodrigues, eu sei de tudo.

— Karen é uma linguaruda — reclamei, mas não fiquei irritada. — Aliás, qual o seu problema? Por que quer tanto me ver com o Victor?

— Ora, porque eu amo bolos de casamento e não como um desde quando Joabe se casou com a Ritinha, ano retrasado. — reclamou e eu dei risada. — É sério! Fico orando pra essas meninas desse instituto arrumarem marido, mas devo estar com pouca fé.

— E agora eu preciso te aguentar me enchendo a paciência pra casar com o Victor? Por que você não se casa e come o bolo do seu próprio casamento? Hein? — questionei e ele fez uma careta.

— Eu até quero e oro muito, mas o Senhor é quem sabe onde está minha amada a quem comparo com as éguas das carroças de Faraó — ele citou com toda pompa e eu caí na gargalhada.

— Agora entendi porque você está solteirão — zombei e peguei Mabel no colo. — Seu tio Josué vai ficar solteiro pra sempre, não é, meu amor? É, se ele chamar a amada dele de égua, vai morrer solteiro sim!

Quando olhei para o lado, notei Josué apontando a câmera do meu celular na direção da bebê sorridente em meu colo. Eu o mandei parar, mas ele persistiu e eu continuei brincando com Mabel.

Ensina-me amarOnde as histórias ganham vida. Descobre agora