Quarenta e Um: Casamento

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Não haviam palavras boas o bastante para descrever a emoção do meu coração ao perceber tantas bênção do Senhor sendo derramadas em minha vida.

Eu não merecia nada, tinha certeza disso. Passei longos e terríveis meses lidando com tudo segundo o meu próprio juízo, como se fosse independente, inabalável e forte, agindo como se a vida estivesse sobre o meu controle. Isso até Deus me mostrar sua misericórdia, revelando o quanto eu era pobre e necessitada de Sua presença santa. Ele também abriu meus olhos, me fazendo enxergar toda a miséria da minha alma e a soberba no agir de modo tão terrível contra meu Salvador. Assim fui encontrada e transformada pelo poder regenerador do evangelho. Cristo não só estava completando sua obra em mim, tornando-me uma cristã mais firme e temente a Ele, como também demonstrava sua graça, restaurando e me concedendo muito mais do que eu merecia.

Com o coração cheio de júbilo, eu não só ganhei uma nova vida, como também uma nova chance de proceder de acordo com os preceitos bíblicos, principalmente no meu relacionamento com Victor.

Foi um privilégio sem tamanho ser a noiva dele, compartilhar momentos de comunhão, sendo acompanhados por meu pai, sem precipitar tudo com os desejos inflamados da carne. Apesar de completamente apaixonados, tomamos o cuidado de sermos muito diligentes até o grande dia, evitando qualquer contato íntimo, mesmo aqueles supostamente inocentes, que pudessem despertar algo em nós antes da hora. Afinal, nosso desejo era agradar ao Senhor.

Quando o casamento chegou, eu fui ainda mais abençoada, ganhando a chance de ter uma cerimônia e festa, ainda que simples, muito especial.

Quem poderia imaginar que mesmo depois de errar tantas vezes, o Senhor me daria a oportunidade de entrar na igreja usando um lindo vestido branco, acompanhada pelo meu pai, a quem tanto feri? Quem diria que depois de tanto me precipitar, eu seria entregue, no tempo certo, ao meu noivo diante do altar de Deus onde nos comprometeríamos a amar, honrar, respeitar, na saúde e na doença, na riqueza e na pobreza até a morte? E ainda, como se não fosse o bastante, depois do "sim", poderia desfrutar de momentos incomparáveis de comunhão e alegria ao lado de pessoas que nunca deixaram de me amar?

Deus foi absolutamente maravilhoso e surpreendente em todas as suas obras em minha vida! Somente um Senhor soberano sobre todas as coisas é poderia transformar todo mal causado por mim em bem, todo o meu pecado e condenação em perdão e vida abundante! Este era o meu Deus a quem eu serviria para sempre!

— Eu imaginei que te encontraria aqui, meu amor — ouvi aquela voz grave e sonolenta soando da entrada da varanda.

Eu sorri e estendi a mão para Victor convidando-o se sentar ao meu lado naquele banco de madeira branco. Sem pensar duas vezes, ele aproximou-se e tomou um lugar, aconchegando-me em seus braços.

— Bom dia, minha linda. — Ele me beijou algumas vezes. — Acordou cedo outra vez.

— Vim orar e agradecer a Deus pelo marido lindo que me deu. — Abri um largo sorriso, sem conter toda a felicidade em meu peito e retribuí seus beijos. — Não sabe o quanto sou grata pela sua vida.

— Eu também não me canso de agradecer pela mulher linda a quem tenho a honra de chamar de minha esposa. — Ele me encarou com graça. — Ainda está certa da sua decisão, não é? Três dias não te fizeram repensar, não é?

— Claro que não, seu bobo. Veja como acordei feliz nessa manhã ensolarada. — Dei uma risadinha, segurei a mão dele e cruzei nossos dedos. — E se quer saber, eu tinha até o "você aceite esse homem como seu legítimo esposo?" para repensar, agora estou ligada com você até morrer — declarei com muita convicção e, com certo drama, deixei meus ombros caírem. — Agora vou precisar aceitar que me casei com metade homem, metade britadeira.

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