34

17K 2K 258
                                    

Votem e comentem!

Cecília

– Filhinha, precisa dormir!

Melina estava difícil de se lidar, não se desgrudava de mim para nada, não me deixava fazer os deveres dentro de casa quando sentia que não estava perto chorava como se estivesse apanhando ou sendo maltratada.

Sei que negligenciei muito minha filha durante o treinamento e talvez na sua mente infantil pensou que iria ser abandonada, perder alguém é doloroso e apenas entendemos isso quando perdemos quem amamos, por isso entendo o que minha pequena sente.

Havia noites que não dormia, sonhando com Tomás e a vida que vivemos ou chorando por não tê-lo perto de mim, perdê-lo deixo dentro de mim um grande vazio. Parece que Deus me odiava, todos à quem um dia demonstrei amor e afeto eram tirados da minha vida como se estar perto de mim fosse uma maldição.

Primeiro foi minha mãe que me abandono, depois Dário que deu ordens para que fosse jogada em um prostibulo depois Tomás que morreu deixando esse vazio dentro do meu peito, sozinha com uma criança pequena refletia em como a felicidade e amor são sentimentos que jamais poderiam ser meus.

Olhando Melina com os pequenos olhos claros observando meus gestos enquanto tento fazê-la dormir vejo como não queria aquela mesma maldição para ela.

– Bebê, você será feliz, amada, querida e nunca será abandonada como eu fui, mamãe não vai nunca mais negligenciar você, essa é uma promessa, meu anjinho!

Melina pegou uma mecha do meu cabelo passando entre seus pequenos dedos infantis. Seus olhos foram se fechando a medida que o sono ia vencendo seu corpinho ou talvez a promessa de que não seria abandonada tranquilizou seu coração e a fez dormir.

A coloquei em seu berço dando o habitual beijo de boa noite, desde da morte de Tomás não consegui voltar para nossa cama pois sabia que as lembranças do que formos estariam lá para atormentar minha mente por isso quis ficar no quarto de Melina em uma cama de solteira que Sérgio havia trago pra mim.

Fechei meus olhos suspirando pedindo ao mesmo Deus que tinha um jeito estranho de dar e tirar tudo que amava que pudesse apenas me dar à chance de amar e cuidar da minha filha.

Estava na mansão de Dário Albertini, usava um vestido branco longo ouvia gritos vindo de dentro da mansão tive medo de entrar mas algo puxava meu corpo para ver o monstro em ação. Dário parecia uma espécie de vampiro coberto dos pés à cabeça de sangue sorrindo daquela maneira sombria que particularmente nunca gostei. Seu sorriso morreu ao me ver, ele gritou como um louco indo até mim com o corpo coberto de sangue mas da mesma maneira que fui puxada para dentro daquela mansão fui afastada do demônio que Dário era.

– Não vá embora, fique comigo, meu brinquedo, preciso de você ao meu lado!

Apenas balancei a cabeça em negação, Dário era um monstro! Monstros não mudam, ficam piores e mais cruéis. De repente sem que tivesse nenhum tipo de ferimento em meu corpo começo a sangrar pelo meu peito sujando o vestido que usava, Dário sangrava também mas não era da atrocidade que havia cometido antes que entrasse na mansão mas sim seu peito minava sangue como o meu, tentei estacar o sangue mas quando mais tentava notei que o sangue não parava de sair como acontecia com Dário. Nunca havia visto ele chorar, mas no meio daquele desespero de não poder segurar seu sangue ou me  ajudar, seu rosto estava coberto por grossas lágrimas.

– Perdão, meu brinquedo, por favor, me perdoa por todo mal que lhe fiz.

Mas não conseguia perdoá-lo ou dizer algo, quando mais em silêncio ficava mais sangue saia de mim, como se não perdoar Dário fosse o motivo de tanto sangue, ele conseguiu se aproximar de mim mas quando tentou tocar meu rosto vi seu corpo sendo coberto por uma nuvem negra. Naquele momento tentei salvá-lo sem entender o porque mas infelizmente ele sumiu me deixando sozinha em meio ao meu sangue e sofrimento.

Cecília - Entre o amor e a dor (Concluído)Onde as histórias ganham vida. Descobre agora