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Cecília

– Mama, eu e Valentim queremos dormir aqui com a senhora!

Melina claramente puxou a lado do pai de conseguir o que quer de uma maneira inevitável de se negar, segurando a mãozinha do irmão com o olhar meigo, seria bem difícil resistir mas o olhar meigo, ela puxou de mim com certeza.

– Mas é claro, meu amor, podem vir ficar com a mamãe!

Eles correram até a cama se deitando ao meu lado, Melina à direita e Valentim do lado esquerdo, cada um se agarrando à mim como forma de estar mais perto.

– Mama, Valentim falou que agora é meu irmão!

– Sim, minha linda! Você gostou?

Eles seguravam as mãos entre mim, a ligação deles é tão linda e especial que não consigo entender como os dois se deram tão certo nesse curto período de tempo. Nunca se viram antes e já são unidos desse jeito, é realmente impressionante.

– Gostei mas não entendi uma coisa, mama, o papa dele também vai ser meu papa?

– Filhinha, gostaria de ter ele como seu papa?

Melina continuou segurando a mão do seu irmão enquanto ele sorria para ela entendia que não poderia obrigar minha filha a ver Dário como pai e nem sei se está na hora dela saber da sua real origem por isso vou dar à ela oportunidade de escolha.

– Não, mama! Já conversei com Valentim sobre isso e ele entendeu, não é, irmão?

– Mama, Melina quer conhecer meu papa mas já avisei que entre ele e a senhora, eu prefiro a senhora!

Dário fez com que Valentim acreditasse que sou sua mãe e foi mais além pois além de dizer que ele é meu filho contou histórias do tempo que convivemos, é nítido que mesmo sem sequer saber se o pai falava a verdade, Valentim me idolatra.

– Meu menino, seu papa tem partes ruins e partes boas como todas as pessoas, a mama também tem defeito, precisa dar uma chance para o seu pai, meu amor!

– Não, mama! Papa não vai mudar, a senhora fugiu dele porque ele é mau, eu só vou nessa viagem porque você e a Melina vão.

Não podia tirar a razão dele, afinal de contas, fugi de Dário por causa do homem horrível que ele é mas não imaginei que Valentim fosse tão esperto e iria ligar as coisas, achei melhor mudar o assunto antes que entre em algo que o deixe confuso.

– Já que meus pequenos vão dormir comigo, que tal a mamãe contar uma historinha para vocês?

– Eba, mama! Conta da princesa do cabelo grande, aquela que morava no castelo.

Valentim sabia de muitas história pois assim que comecei a contar a história de Rapunzel, ele logo começou a mencionar sobre outras histórias também, algumas que eu particularmente gostava fiquei bem surpreendida quando ele contou com riqueza de detalhes sobre livros e histórias que gostava.

– Filho, como sabe de tantas histórias assim?

– Foi meu papa que contou para mim, quando tinha tempo para ficar comigo, ele me contava histórias mas agora ele não tem tempo! Tia Mari às vezes conta histórias para mim mas só na hora de dormir, é bom mas sinto falta do meu papa quando contava para mim.

Apesar de sentir que Valentim tem uma mágoa do pai, sei que ele sente falta dele e de sua presença como é natural para uma criança sentir.

– Filhinho, seu papa o ama muito mas tem dificuldade para expressar o que sente precisa ter paciência com ele e mostrar que o ama seria um bom começo! Sei que ele tem um amor muito grande por você apenas não sabe demostrar isso, entende?

Cecília - Entre o amor e a dor (Concluído)Where stories live. Discover now