04: dance with me

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P A R K  J I M I N

Quando eu tinha 12 anos, eu percebi que não gostava de garotas.

Quer dizer, eu as via como amigas mas não conseguia me interessar romanticamente por nenhuma delas.

Mas foi quando eu tive a minha primeira paixonite por um garoto que eu me senti muito perdido, e várias perguntas começaram a surgir na minha cabeça.

Eu gostava de garotos? Por quê?

Eu era uma aberração?

Eu era estranho?

Eu estava doente?

Lembro-me que chorei por dias e dias, estava muito triste, com medo de ser rejeitado por meus pais e pelas pessoas à minha volta. Até que um dia meu pai veio conversar comigo, pois havia notado a minha tristeza.

— Filho? — Ele me chamou, assim que cheguei da escola. Mamãe estava trabalhando, então era apenas eu e ele. — Podemos conversar?

— Oi pai, sim entra ai. — Sorri.

Meu pai entrou em meu quarto e puxou a cadeira da escrivaninha, se sentou à minha frente e deu um sorriso carinhoso. Se tem uma coisa que me acalmava mais que tudo era aquele sorriso do meu pai, ele fazia com que eu perdesse o medo de qualquer coisa, me apoiava e me dava muita coragem.

Eu sentia tanta saudade disso.

— Eu percebi você bem triste esses dias filho, tem alguma coisa acontecendo na escola? Fizeram algum mal para você?

Meu pai falando desse jeito comigo foi o suficiente para eu desabar em um choro alto, ele se sentou ao meu lado e me abraçou, não falou nada até eu me acalmar. E quando eu finalmente parei de chorar, tomei coragem de dizer aquilo que estava me deixando tão triste.

— P-Pai eu sou diferente… Não sei se o senhor ou a mamãe vão continuar me amando.

— Como assim? Você é o nosso filho, claro que a gente vai te amar, independente do que for.

— Mas é errado, eu vi na televisão e pesquisei nas revistas. É errado. — Continuei falando em meio ao choro. — Eu sou um erro, vou decepcionar vocês.

— Filho, não diz isso por favor. — Ele me olhou. — Não repita isso, você é o nosso maior orgulho. O que te faz pensar essas besteiras?

— E-Eu… — Olhei para ele, estava totalmente envergonhado e me sentindo a pior pessoa do mundo. — E-Eu gosto de homens… No s-sentido romântico.  — Chorei mais, e os soluços fizeram com que as frases saíssem meio estranhas. — E-Eu s-sou homo-homossexual.

Silêncio.

Meu pai ficou em silêncio, talvez tentando digerir tudo o que eu havia dito. Naquela hora eu nunca senti tanto medo, eu sentia que o que eu estava pensando sobre mim mesmo era a mais pura verdade. Eu sentia que era um erro, que estava decepcionando ele, eu me sentia repugnante e outras coisas bem ruins.

— E o que te faz pensar que é um erro ser homossexual?

— Eu vi na TV, pai. Eu pesquisei em revistas também, queria saber realmente o que eu estava sentindo. — Funguei. — Eu juro que queria ser normal. 

— A TV e essas revistas que você viu só contam mentiras, não existe nada de errado em você ser homossexual. — Eu o olhei, totalmente surpreso com a sua fala. — Filho você não está fazendo mal a ninguém, então não tem problema algum, eu vou continuar te amando de todas as formas.

— E a mamãe?

— Ela te ama muito também, e se quiser, podemos contar para ela juntos. — Eu apenas neguei com a cabeça. — Tudo bem, mas algum dia a gente vai ter que contar, viu? — Ele me abraçou.

Summer In Love [jjk + pjm]Onde histórias criam vida. Descubra agora