capítulo 31

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Marina ✨

Era até cedo quando o André pisou dentro de casa, mas eu fingi que tava dormindo nesse horário por que não sou obrigada a nada. Ele até que tentou me chamar pra pedir ou falar alguma coisa, continuei imóvel ali e nem senti ele deitar na cama, e sim a porta abrir e ele sair do quarto.

Respirei fundo passando a mão no rosto e virei pro lado, eu precisava tanto conversar com alguém. Sei lá, tirar todo esse peso de cima de mim, nos tempos que eu tava fazendo a visita o Th me pediu pra não comentar com ninguém, nem com a minha mãe, muito menos com a minha irmã, mas pra Jéssica acabei contando.

Fiz o que ele pediu e permaneci calada pro resto, mas com tudo que vem acontecendo tá sendo muita pressão olhar pra ele nesses últimos dias e ter a noção de que em pouco tempo isso não vai mais acontecer, caralho, por que ele tinha que se envolver nessa merda? A gente podia viver de um jeito normal, separados porém amigos por uma criança que une a gente.

Mas não, além de tudo isso é difícil ter a noção de que ele vai morrer por que eu abri meu bico e tentar ficar calma com isso. Pra mim tá sendo quase a mesma coisa que matar alguém, só de olhar pro rostinho do meu filho eu sinto uma puta vontade de chorar, as vezes consigo me segurar mas nem toda vez.

Após um bom tempo de sumiço dele eu como não sou nada curiosa levantei mesmo e saí do quarto indo direto pra cozinha, pra não dar na cara peguei um copo de água, ele tava do lado de fora na lavanderia, mas eu conseguia escutar quase perfeitamente. Pelo jeito de falar parecia ser com alguém que tava preso, por que ele dizia muita cosia que dava na cara ser isso.

Eu tinha pegado tudo no final então não deu pra entender quase nada. Ele entrou dentro de casa fechando a porta e me olhou colocar o copo na pia.

Ds: Acordada a muito tempo? - Neguei.- não quis sair pra curtir comigo até voltei mais cedo.

Mari: Não tava muito no clima, minha mãe também não tá muito bem então eu tô evitando de deixar o Davi muito com ela, é da creche pra casa! - Falei andando pro quarto.

Ds: É foda...- Murmurou, deitando na cama, e eu fiz o mesmo virando pro outro lado.

Mari: Apaga a luz, por favor.

Ds: Tava afim de sair contigo amanhã a noite, tipo uma parada a três, família tá ligada, eu, tu e o Davi.

Mari: Pode ser..- Falei baixo sentindo um nó na minha garganta.- não vai passar na tua casa nenhum dia? Desde que tu chegou ainda não foi lá.

Ds: Vou ir lá amanhã, o que tu acha de voltar pra lá? Não curto ficar separado de tu não, e lá é maior, tem muito mais espaço pra três pessoas.

Mari: Não, corri muito atrás pra conseguir e não pretendo sair mais, pra mim tá ótimo.- Falei normal, ajeitando minha cabeça no travesseiro.

Ds: Tu é cabeça dura demais, mas eu nem brigo. Fica por isso mesmo, uma hora nós resolve, tempo é o que mais tem.

Um tempo depois ele apagou a luz, eu observei a claridade do celular dele enquanto o mesmo olhava, e depois fiquei ali quieta, ele desejou "boa noite, neguinha" mas eu nem cheguei a responder, de tão cansada e também a minha cabeça tava cheia demais pra fingir que nada tava acontecendo.

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Mente Criminosa Where stories live. Discover now