ℂ𝕒𝕡𝕚𝕥𝕦𝕝𝕠 1

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— 𝑆enhor...? Senhor...? – Ouvi a voz da enfermeira e abri os olhos.

— Sim. Sim. Desculpe. – Falei esfregando os olhos.

— A sua irmã acabou de fazer a transfusão de sangue e foi para o quarto. – A enfermeira Maggie, uma mulher baixinha, loira e de olhos verdes falou.

— Minha irmã está bem? Eu posso vê-la? – Eu disse e me levantei da cadeira desconfortável, em que estava sentado.

— Sim. Felizmente, ela está bem, senhor Evans. Ela tem algumas fraturas, machucados e a perna quebrada, porém agora está bem. Você pode ir vê-la. – Um sorriso genuíno brincou nos lábios dela, e eu teria retribuído esse sorriso, mas não podia.

— Graças a Deus! Muito obrigada, enfermeira. – Sorri em cortesia para a enfermeira e fiquei tentando a pegar o telefone dela, mas não o fiz, pois minha irmã era mais importante nesse momento do que o meu pau.

Adeus Barbie baixinha...

Bom... todo mundo tem uma família e eu não sou exceção. Eu tenho sim, uma família. Meu pai, Charles, morreu há cinco anos atrás, quando teve uma parada cardíaca no meio de um jantar em família, no natal. Desde, então, como você deve imaginar eu odeio natais. Ainda me lembro daquele jantar e tenho calafrios.

Minha mãe Amelia Rose, está com os seus não merecidos 51 anos. Aposentada, ou melhor, vivendo as custas de uma boa herança, que o meu querido pai, deixou para ela em seu testamento, mesmo, que ela tenha o largado para ficar com um cara muito jovem. Na época, em que minha mãe largou meu pai, eu tinha 15 anos. Apenas 15 anos. Sim. Sim. Não tenho uma boa relação com ela. E o pior dessa história dela ter abandonado o meu pai, é que o cara em questão, o ser dos infernos chamado Matt, apenas se aproveitou dela e a roubou. Acreditam, que ela ainda teve a audácia de tentar voltar com o meu pai? Acreditam? Sim, ela teve. Tentou de todas as maneiras, mas ele não aceitou. O meu pai se sentia traído e perdido. Desde aquela época, ele nunca mais foi o mesmo. Eu sabia muito bem, que no dia em que minha mãe o largou, ele também havia ido embora com ela. E isso, o matou aos poucos, até que, não sobrou mais nada dele. Quando minha mãe traiu o meu pai e nos largou, eu jurei que nunca trairia ninguém. Eu nunca seria igual a minha mãe.

A melhor mulher que eu conheço, é a minha irmã Christina, que é conhecida por mim como Cristal. Eu dei esse apelido para ela quando tinha 8 anos e ela uns 14. Minha irmã é o meu cristal. Na verdade, ela é como a minha consciência na maioria das vezes. Ela sempre foi bem mais do que uma irmã para mim, sempre foi minha melhor amiga. Não pense que nós somos aqueles irmãos que vivem se abraçando e dizendo eu te amo, pois não somos. Mas, confesso, que não viveria sem a minha irmã mais velha. A minha ruivinha. Ela me deu uma das coisas mais preciosas da minha vida. O meu sobrinho Devon. Eu já falei, que a minha irmã é uma guerreira? Sim. Ela é uma guerreira. Minha irmã ficou gravida aos 18 anos, de um cafajeste, que ela conheceu em uma festa. O desgraçado fugiu e nunca assumiu Devon. Ela trabalhou, fez faculdade de administração e cuidou do Devon. Completamente sozinha. É claro, que papai ajudava e eu também, mas minha irmã sempre foi muito independente. Ela é mãe solteira. A minha ruiva está quase com cabelos brancos, pois Devon está em uma fase um pouco ruim da adolescência. Aquela fase de rebeldia e a vontade incontrolável de beijar garotas e beber todas até parar no hospital. Às vezes ela diz, que a culpa é minha, pois quando eu tinha a idade dele eu era um capeta. Porém, ela tem feito um bom trabalho. Ele é um menino bom. Mesmo que ela sempre diga, que ele é bem parecido comigo. Acho que minha Cristal está ferrada se ele for assim, como o seu titio... Então, apenas tenho que desejar uma boa vodka, paciência e muita sorte, pois ela vai precisar.

Enquanto eu andava, lentamente, pisquei várias vezes, não aguentando aquela luz branca e as paredes de um verde musgo, que mais parecia vômito. O hospital New-Presbyterian Lower Manhattan, era muito bom e moderno, porém tinha um cheiro forte de dipirona, que me deixava muito enjoado. Eu estava a quase dois dias nesse hospital, estava horrível e faminto. E, depois do incidente com a maldita policial, eu saí de casa correndo e ainda estou aqui. Ver a minha irmãzinha aqui no hospital e por alguns segundos imaginar, que ela poderia morrer, quase me destrui-o.

A policial que roubou meu coração ✔️Onde histórias criam vida. Descubra agora