ℂ𝕒𝕡𝕚𝕥𝕦𝕝𝕠 27

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𝐷or é uma palavra simples e pequena. Uma palavra que não apavora ninguém, mas é um sentimento que pode te quebrar ao meio sem que você tenha um único arranhão. É inevitável sentir dor, os meros mortais sentem dor o tempo todo. Física e emocional. Na verdade, é bem frequente as dores serem mais emocionais do que físicas, pois um hematoma se cura, já a dor de um coração partido ou uma dor de saudade pode durar para sempre.

Como em todos os anos, o meu aniversário chegou. Mais um ano de vida e mais um ano perto das portas da morte, e talvez, do inverno. Mais e mais um ano que meu pai não está comigo para jogar bolo, literalmente, na minha cara e rir escandalosamente pela casa, enquanto, eu... Um homem bravo e todo sujo, corro atrás dele. A voz dele, para mim, pelo menos agora está diferente. Não consigo me lembrar claramente e nem do cheiro dele. Mas, me lembro muito bem que, o meu aniversário e o da minha irmã nunca passavam em branco. Os nossos aniversários eram sempre os melhores dias para ele, os dias mais importantes da vida dele. Dias para rir e se empanturrar de bolo, até nossa barriga gritar de desespero e parecermos homens grávidos. Era assim. Era muito bom.

Mal tive tempo de abrir os olhos. Eu já sentia o cheiro de bolo de frutas saindo do forno. Depois a minha porta abrindo devagar e alguém, uma linda policial vindo até mim, lentamente. O meu anjo de olhos castanhos. Abri os olhos e pisquei. Era cedo, eu ainda estava caindo de sono, porém sorri ao olhar para ela.

Linda como uma policial prestes a prender um bandido e jogar a chave fora. A sua jaqueta de couro, suas botas, camisa branca e calça jeans. E o toque final, o colar de pérola que eu dei de presente para ela, e que agora, ela não tirava mais do pescoço. Pouca maquiagem, como sempre e os cabelos soltos e hoje um pouco mais cacheados do que o normal.

— Parabéns para você... – Taylor disse com um sorriso no rosto. Ela estava segurando um muffin de chocolate coberto de chantilly e confeitos cor de rosa, com uma bela vela acessa em cima. — Parabéns...

Me sentei na cama esfregando os olhos. Taylor cantou para mim. Ela estava me fitando com os seus olhos castanhos e gentis. Fiquei completamente abismado, e eu confesso, tive vontade de chorar. Ela se lembrava de algum modo. Estava ali na minha frente. Era a primeira a me dar os parabéns e eu não me importaria se fosse a única, pois ela era a principal.

— Faça um pedido! – Ordenou com os olhos arregalados.

Quero que você fique comigo para sempre!

Soprei a vela.

— Hum... O que você pediu? – Perguntou.

— Senhorita curiosa, se eu disser o meu pedido não se realiza. Mas, muito obrigada. Eu nem sabia que você sabia... Bom, que hoje é meu aniversário. – Falei.

Ela sentou na cama perto de mim.

— Ah, sabe como é, né? Li a sua ficha na delegacia. – A policial disse e piscou.

— Quando eu fui preso? – Gritei quase rindo. Ela assentiu. — Por incrível que pareça, isso não me surpreende!

— Bobo! – Disse ela colocando o muffin na mesinha da minha cabeceira.

Antes que eu pudesse fazer um discurso sobre ela não poder me xingar no meu aniversário, Taylor me calou com um abraço apertado. Um abraço bom, um dos melhores que ela já me deu, bem capaz de quebrar minhas costelas. Apertei ela contra mim e ri.

A policial que roubou meu coração ✔️Onde histórias criam vida. Descubra agora