ℂapitulo 16

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As pessoas que tem sorte nunca dão valor. As pessoas que tem pouco sempre querem mais. E as pessoas que são ordinárias vão morrer no fogo do inferno. Sei que estarei no inferno um dia e vou esperar por Diogo, pois o que ele fez com Taylor não poderá ser pago apenas com a morte dele.

Taylor chorou, chorou de novo, soluçou, fungou e xingou. Fiquei ao lado dela a cada lágrima e soluço, deixando que ela se limpasse da dor, que colocasse tudo para fora. Ela podia gritar, chorar e bater no travesseiro, que eu estava ali caso ela precisava bater ou chorar em meu ombro. Um nó se formou na minha garganta e o meu coração doeu por ela, pela dor que ela sentia. Porém, uma parte de mim sabia, que ela tinha que sentir cada choque de dor para no outro dia levantar e erguer a cabeça. A dor e a raiva não passariam como mágica, mas ela era forte, eu tinha certeza, que Diogo não conseguiria vencer a minha policial. Nada poderia vencê-la.

Limpando as lágrimas com a blusa preta de moletom, ela olhou no fundo dos meus olhos e começou a falar.
— Não sei por onde começar. Não sei. Só sei que queria esquecer do mundo. Esquecer que o mundo é cruel... – Ela murmurou. — Primeiramente não aceitei o pedido de casamento dele, que foi há três meses atrás. Eu achava cedo demais, nós estamos há apenas dois anos juntos e se nos casássemos eu teria que sair da delegacia. Pois sabia, que como ele queria ser muito o capitão nas férias do Castilles. Ele me pediria, ou melhor, exigiria que eu saísse do meu emprego por causa dele. E eu saíra. Eu sairia. – Ela riu sem humor algum. — Eu deixaria o cargo de capitão para ele, para o ego dele. Aquele canalha! Traidor! Eu... – As lágrimas saíram e ela não as limpou, apenas olhou para as próprias mãos, que se fecharam em punhos e me olhou novamente. — Deixaria que ele recebesse a porra da glória por tudo que eu faço. Pelo meu próprio trabalho! Quando eu não aceitei o pedido dele, ele ficou tão furioso que quase me agrediu. Nós brigamos feio. E dias depois, ele me pediu desculpas.

Desgraçado! Desgraçado! Ele quase bateu nela?

Fechei as minhas mãos em punhos e continuei quieto olhando para Taylor e a ouvindo falar.
— Há dois meses atrás, eu fui no apartamento dele e encontrei uma mulher loira, que ele disse que era prima dele. Eu deveria ter percebido que não era. Que não poderia ser. Mas, eu me sentia tão culpada por não ter aceitado o pedido dele, que simplesmente, não me importei. Simplesmente deixei passar, disse para mim mesma, que era apenas uma prima que ele tratava como se fosse uma irmã. Diogo me deixou de lado pela prima. Ele não ia dormir comigo em meu apartamento, como sempre vazia. Ele não me mandava mensagens toda hora ou me ligava como um cachorro querendo garantir o seu território. E... eu estava ocupada com meu trabalho. Tão ocupada. As semanas passaram. Nós nos tornamos praticamente estranhos um para o outro. Eu me sentia culpada, pois não sentia falta dele. Não sentia falta de nada. Eu não queria dormir com ele, não queria nada. Eu me sentia culpada, pois quando estávamos no trabalho, ele sempre sorria e dizia, que estava muito ocupado, mas estava sentindo muito a minha falta. Eu mentia. Eu dizia que estava louca de saudades. Achava que ele era tão bom, me sentia culpada por tudo. Me sentia mal, pois achava que ele fosse bom demais para ser real, que ele era bom demais para mim. Ele me manipulava para eu pensar assim... – Ela suspirou e tossiu.

— Taylor...? – Ela olhou para mim. — Você não precisa continuar se não quiser. Você pode me contar amanhã. Você precisa descansar... – Taylor balançou a cabeça em negação.

— Então, ele me pediu para usar aquele vestido vermelho, me pediu para encontrá-lo no restaurante ter uma noite romântica. Aquilo era mentira. Eu sentia vergonha de mim mesma. Vergonha. Eu só queria fugir. Peguei o caminho mais longo para o restaurante, vi o carro da sua irmã. Ajudei ela e vi uma saída. Vim até o seu apartamento e então, o fato de que não estava mais apaixonada por Diogo praticamente gritou na minha cara. Odiei você. Odiei você por ter me beijado e eu não querer te rejeitar, pois não me sentia comprometida. Nós nos encontramos de novo e de novo. E ali estava. Eu ainda não me sentia comprometida com Diogo. Não havia nada, mas ao mesmo tempo havia tudo. Eu e você nos entramos naquela blitz e para mim foi a gota d'água. Prendi você por culpa, porque... Porque sentia mais atração por um estranho do que pelo meu próprio namorado. No outro dia quando Diogo nos encontrou, e você me disse aquelas coisas... Meu Deus! fiquei com tanta raiva, porque... Porque, que a verdade seja dita eu não queria ter apenas beijado você. Quando você foi embora percebi, que você tinha me salvado, pelas suas palavras Diogo não me culpou por nada. De novo... eu tentei me reaproximar de Diogo e me senti culpada. Me sentia encurrala por ele, pelas palavras dele, não sabendo como terminar aquele relacionamento. E ao mesmo tempo querendo que desse certo... Não aguentando ele... Com... – Ela respirou fundo e fechou os olhos por um momento. — Ele fazendo declarações e me prendendo naquilo. Jogando coisas na minha cara. Fazendo eu me sentir culpada, me sentir culpada por ter olhado para você.

A policial que roubou meu coração ✔️Opowieści tętniące życiem. Odkryj je teraz